à Helenir Queiroz.
Nada importa menos ao nosso amor
que a ingênua rima em flor – rosa nomeada.
Pouco importa, ainda que um soneto –
pouco importa a forma exata, a rima
ao nosso amor pouco importa.
Nada importa, amor, se lhe dou forma
no leito, em lugar e fora de hora
se cedo ou tarde, não importa,
se madrugada clara ou à nona hora.
Nada importa menos ao nosso amor
o tempo que sem cessar conforma
o outro ao desalento, ao desamor –
ao nosso amor pouco importa.
Ao nosso amor nada importa
menos. Pois, sem cessar, ele se conforma
ao leito como o rio ao que a chuva forma.
Ao nosso amor pouco importa o som
dos outros, a balbúrdia, bailado ou alaúde
pois a todos ele contorna: ao amor, à paz
volta-se; ao aconchego sem alarido; e amiúde
nosso amor pouco se importa
com o que se passa lá fora…
Nada em nosso amor seja triste
pois que à lágrima opor-se-á o vento –
no silêncio de nossas madrugadas estelares.
Só nós dois, amor, resistimos sob a chuva
ao frio e ao calor – entrelaçados, sim;
não importa – nada – amor, nem goteiras
de um telhado antigo e sob a chuva;
um pistilo se anunciando calmo,
um que duas estalactites soam:
plânctons, íons, átomos de um só.
Pouco importa ao nosso amor a morte.
./.
Goiânia, 31/5/17.
Republicou isso em Literatura Goyaze comentado:
Ao nosso amor, poema de Beto Queiroz
CurtirCurtir
J’ai eu la larme à l’oeil en lisant “à notre amour”. Que de sensibilité poétique!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Merci, M.L.R.Gingonzac…
CurtirCurtir
Lindo demais o amor de vocês!!! Parabéns!!! Beijoss
CurtirCurtido por 1 pessoa