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É hora de sondar o mistério intrincadíssimo do Tempo… “O mistério do tempo não equivale a um interdito que pesa sobre a linguagem; ele suscita sobretudo a exigência de pensar mais e de dizer de outro modo” – dizia Paul Ricoeur.
Aos diletos amigos da coluna “Destarte” e aos que a fizeram tornar-se realidade, gostaria de deixar meu muito obrigado e prometer-lhes novas aventuras no ano que se segue. Chego a pensar como Robin Hood numa balada, celebrando a festa do Dia de Maio: “Quantos meses felizes há no ano? / Há treze, eu diria.[i]”
Mas como hoje em dia só há doze meses felizes, destes meses e dos dias precisamos retirar toda a essência do tempo. Os camponeses europeus que, durante mais de um milênio depois da adoção do calendário juliano, tiveram o gosto de 13 meses, 364 dias exatamente divisíveis por 28, veneravam as estações do ano de modo ritual como o fazemos, em menor escala neste século XXI num Ocidente ainda majoritariamente cristão.
Eis-nos, pois, às vésperas da passagem do ano, ainda comandados pela lua, mas negando-nos o comando das mulheres e daquilo que o poeta Robert Graves chamava de o mando da deusa-mãe ou a “Deusa Branca”.
O poeta de Gales insiste em sua erudição que há lições que devemos aprender para entendermos completamente os ritos de hoje. O fato é que o cristão do século XXI deve manter toda sua fé para conseguir continuar lendo os Evangelhos e o poeta galês.
“A educação poética inglesa não deveria, na verdade, começar pelos “Contos de Canterbury”, nem pelo épico “A Odisseia”, nem mesmo pelo “Livro do Gênesis” [Bíblia], mas sim, com “A canção de Amergin”, um antigo calendário alfabético celta encontrado em inúmeras variantes irlandesas e galenses propositadamente deturpadas, que resume sucintamente o mito poético primordial.”
Naturalmente, o cristão há de continuar a verificar sempre sua versão do Gênesis 1, com sua cosmogonia, sua teodiceia judaico-cristã. Pois então, nesse final de 2018, insisto com Santo Agostinho e seus comentários ao Gênesis, que reputo mais fiéis que os do incensado poeta galês em sua tradução da lenda galesa e do entendimento do tempo.
Ao longo das páginas dos XVI volumes do Diário (1941-1993) tem Miguel Torga (1907-1995) espalhado um Cancioneiro de Natal. Não livro temático deliberado, mas poemas/apontamentos reflexivos e sentimentais sobre a data e o seu significado pessoal. Se em muitos poemas é a memória e o sentir próprio que se reflectem, noutros é a leitura social do significado da crença, o que encontramos.
Destes vinte e tal poemas explicitamente assinalados, e espalhados ao longo dos últimos cinquenta anos da vida do poeta (do Natal de 1940 ao Natal de 1991), transcrevo a seguir cinco. Se o consolo da fé não surge evocado, a esperança que a mitologia da data encerra nas suas múltiplas possibilidades, está sempre presente, à mistura com a amargura de que o mundo não seja o lugar de paz e harmonia que a cada nascimento se promete.
Loa
É nesta mesma lareira, E aquecido ao mesmo lume, Que…
Um vasto painel da literatura mundial no século XX é o desafio proposto ao leitor por Charles Moeller (1912-1986), sacerdote, teólogo, crítico literário e professor emérito de Teologia da Universidade de Lovaina, na Bélgica. Neste primeiro volume que ora tenho sobre a mesa, “O silêncio de Deus”, Moeller propõe uma releitura cristã de grandes autores do século, dando-nos lições de teologia, mesclando a crítica literária ao testemunho da fé cristã.
Para ler mais, clique no link da coluna “Destarte”, em Jornal Opção Cultural. Destarte.
Abade Charles Moeller (1912-1986). Foto: Reprodução
Numa altura em que a palavra “Descobrimentos’” dá origem a algumas discussões acesas, e que, para alguns, será politicamente incorrecto usar, Onésimo Teotónio Almeida, em conversa com o PÚBLICO, disse que “descobrir não significa criar, inventar. Quando a Polícia descobre o criminoso, não o inventa. Os portugueses descobriram ilhas que não tinham ninguém nem estavam sequer mapeadas. Descobriram o caminho marítimo para a Índia, ninguém diz que os portugueses descobriram a Índia. Do resto são ‘Descobrimentos’ do ponto de vista europeu. Haja um pouco de senso. O papel do historiador não é condenar a História, é narrar os factos, e explicar. Na narrativa, lidamos com factos e com argumentos, não cabe absolver nem condenar a História.” (Onésimo Teotónio Almeida).
O livro O Século dos Prodígios — uma colecção de ensaios sobre a história da ciência no período da Expansão — acaba de ser publicado e distinguido com um prémio pela Fundação Calouste Gulbenkian. Onésimo Teotónio Almeida, o autor, falou com o PÚBLICO da nova mentalidade científica que surgiu em Lisboa no século XV.
Onésimo Teotónio Almeida (São Miguel, 1946) é professor catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros na Universidade de Brown, em Providence, nos Estados Unidos da América. O Século dos Prodígios (edição Quetzal) é o seu mais recente livro — que acaba de ser distinguido com o Prémio de História da Presença de Portugal no Mundo, da Fundação Calouste Gulbenkian — uma colecção de ensaios sobre a história da ciência no período da Expansão europeia, o dos Descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI.
Numa altura em que a palavra “Descobrimentos’” dá origem a algumas discussões acesas, e que, para…
Este é o artigo de hoje na coluna Destarte, no Jornal Opção (Goiânia, GO).
Senti-me um tantinho envergonhado quando me dei conta de que o título dessa série é o mesmo da obra em português de um gigante do pensamento, o economista e filósofo austríaco Sr. Friedrich August Hayek.
Deslize de um cronista de província que não teve o cuidado de examinar todas as fontes antes de nomear seus próprios textos, mas que não se arrepende do que fez e o mantém nesta segunda crônica, isto sim por ter descortinado possibilidades outras de evoluir com esta série sobre o Conservadorismo. Confira no link:Fundamentos da liberdade (2) – Jornal Opção