Achados & perdidos (5)


Sexta-feira, Janeiro 16, 2004
Saudades do lar

Amigos,
Monsieur Gilberto K. Chesterton era um privilegiado súdito do império Britânico, num tempo em que as rainhas não se opunham aos matrimônios na família real.

Ele dizia que “a igreja católica é o lar natural do espírito humano“.

Depois de alguns dias na América do Norte – este imenso e generoso país que aprendi a admirir e a gostar, eu vos confesso: senti muitas saudade do meu lar, da casa e da Igreja do bairro.

Eu vivo em Goiânia mas fui criado em Anápolis (GO), e de certa maneira sou (ou fui) “um pobre diabo da Póvoa do Varzim, a minha Vila Jaiara (em Anápolis)”.

Meu mais importante ancestral – o sr. Eça de Queiroz ensina-nos a ser críticos, mas eu sou sempre condescendente e acrítico.
Ele foi acusado de ser crítico demais com o Portugal que amava e que amamos até hoje, por ter sido um cidadão do mundo.

Para mim, filho de Goyaz – le Brésil profonde – e um pequeno cidadão da França e da Carolina do Sul – eu originário do mais fundo Brasil que se possa imaginar, ser um filho do Abrigo Evangélico Goiano (entre outros 99 meninos e meninas que não conheceram seus progenitores), é algo que hoje é assimilável e que representa o mais fundo brasil de minha estória individual. Já foi difícil. Hoje é história.

Nâo me contento com o chamado (in)cômodo e estreito banquinho do presente, como designa Ruy Maia.
A diferença é que eu faço como um dos meus mestres: só me lembro do que eu realmente fiz, porque desejei fazer.
É pouco, mas sobrevivi. Queria ter escrito mais, pensado mais, ousado mais… mas não pude.

Não tive disciplina nem pré-disposição que me fizesse andar pra frente em literatura, mas tenho meu seis leitores, isso me basta.

Tenho muitos amigos e uma família maravilhosa que agora se amplia e quando encontro com moços de sobrenomes mais nobres, admiro suas conquistas, mas sempre imagino: pobres moços, não tiveram nenhum teste de sobrevivência diante dos leões selvagens.

Volto da América com os sentimentos apaziguados: a família Queiroz se amplia: somos eu e Sherazade, a pequena Cecília, Maíra e agora os in-laws : parte de uma nova família.

A Póvoa do Varzim abrange mais pessoas – belas pessoas da mais distante Pensilvânia.
Nosso coração se dilata. A gente fica mais doce por dentro.

Assistimos encantados, ao casamento de nossa filha Maíra. e tudo aquecia a alma, mesmo com toda a neve que salpicava as montanhas do Sullivan County (Endless Mountains) na Pensilvânia.

O lar que procuro na chegada diz Amém!
O coração anseia pela missa da paróquia de N.Sra. Aparecida e Sta. Edwiges no Jardim América, pelo pão e vinho da comunhão dos irmãos católicos do meu bairro.

O Amor afirma a persistência do que somos e está na raiz da decisão que fizemos por Amar alguém. A Deus que propiciou surgir os “Queiroz Foust (Craig e Maíra)” como uma família – peço que abençôe o novo casal. Rezo com o pensamento em Santa Teresa D´Avila.

Abraço fraterno do seu

BetoQ.
++++++
Post-Post: Para reler G.K. Chesterton.
publicado porAdalberto Queiroz 1/16/2004

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2 respostas em “Achados & perdidos (5)

  1. Companheiro, lendo estou “Merton na Intimidade” e por esta razão fui procurar algo que ele dizia sobre a grandíssima Emily D. e dei por mim aqui neste blog. Sou um professor de uma escola pública de um bairro periférico de uma cidade de Rondônia. Lá meio escondido e meio achado encontro Deus onde habita a dor e tantos desesperos. Eu que devoto da Mãe Aparecida, de Teresa D’Ávila a grande e da pequenina também sinto o coração aquecido quando encontro um irmão de fé com sentimentos parecidos com os meus. Não consegui resistir. Resolvi comentar… para dizer-te o grande poder que existe atrás das palavras. Senhor Adalberto, brotaram lágrimas de meus olhos ao ler seus textos. Forte abraço. In sinu Matris!

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