Amigo(a)s,
Transcrevo com alegria trechos deste belo ensaio de Martin Vasques da Cunha sobre o livo “As Horas de Katharina“, (B.Toletino). Meus seis leitores sabem da minha descoberta apaixonada da poesia de Bruno.
Um excerto para te dar vontade de ler mais (link ao final):“(…) Tolentino não é Katharina; ele se incorpora nela, para que o leitor saiba que a experiência da conversão ocorre com todos os que se deixam converter pelo divino. Entretanto, o poeta não quer apenas brincar de mero artífice com relação a essa experiência; seu desejo é agarrá-la em sua essência e, por isso, utiliza um personagem feminino. A razão é simples: ele sabe das ressonâncias profundas que a figura da mulher tem no drama da salvação.
“Ortega y Gasset escreveu em seus Estudos sobre o amor que, enquanto o homem precisa realizar a sua história no mundo através de atos exteriores que são uma extensão de sua personalidade, a mulher não precisa agir de forma alguma porque ela simplesmente é[5]. Sua mera presença torna-se suficiente para a lapidação dos valores, das virtudes e dos ideais humanos, até que estes tenham a exata medida, o equilíbrio correto na ação de cada homem que cria não só sua própria história, mas também a história da humanidade. Ela incentiva o aperfeiçoamento do espírito apenas com uma palavra ou uma pequena escolha – e muitas vezes são estes detalhes que mudam a figura do drama da salvação.“O exemplo mais concreto é o de Maria, mãe de Jesus, figura recorrente em “As horas” e uma presença constante em toda a obra de Tolentino. Mas Katharina também se aproveita da estratégia do poeta, usando diversas outras “máscaras” de personalidades femininas, como Maria Madalena, Salomé e Medéia, num instigante jogo de “bonecas russas” inter-textuais, com a intenção de separar suas emoções, suas certezas e, principalmente, suas dúvidas. Nenhuma dessas “máscaras” se compara, porém, ao uso que a noviça faz da Virgem Maria.
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