Azul de Matisse
Oh! azul sem face
L´azur sem fado
Le grand bleu
Le plus profond.
Azul todo teto
Da pequena alma
No seu abandono
A garimpar calma.
Escafandro: céu azul profundo
Seu porão interior tão lasso
Bolor, fungo e todos os males:
Da memória do ser amado.
Azul de oceano de sargaços
– Seria a memória um fardo?
Esta a memória do desamor
Uma corrente que ata o bardo:
Preso ao cativeiro do náufrago
A um soneto desesperado?
Azul de Matisse falhado
Na manhã só e cálida
Um corpo nu ausente
Florindo no sexo pálido:
– Azul, oh, azul: mármore das horas
Só de lembrar da amada, deságua.
CINZAS (*)
[Magaly Magalhães]
Azul liquefeito, solar, salino
Ariscas gaivotas sobre a superfície espelhada
Adejar de asas em negros leques
Oponência de azuis profundos, infinitos
Recanto de soberbo encanto
Para a vida, para restos de vida.
Ar, água, sal, marulho, cinzas
Reintegração ao mundo calcáreo
Berço de novas vidas
Extremidades reatadas, refeitas, rarefeitas.
Vida / morte Morte / Vida
18 / 06 / 06
Rio de Janeiro
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Fonte: (c) Poemas do autor deste blog (na gaveta) para futuro (e não certo) livro em 2010.
[Por sugestão de um amigo, adicionei a figura do mestre Matisse.]
(*)Post-post: Meus caros amigos leitores. A gente publica coisas em blogs, p.ex. um poema assim tirado da gaveta, acompanhado de enorme insegurança para ser trazido. Então, pessoas do mais alto nível, bonitas e cheias de energia positiva passam por aqui. Eis uma especialíssima, que vem há muito tempo visitar-me: Magaly. O comentário que ela fez a esta minha garatuja vale o tempo e a insegurança do autor em publicá-la. E a emoção do conteúdo do que ela diz fala fundo ao coração deste cinquentão. Com muita honra, publico o poema da nossa MAG ao lado do meu.
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