Terça-feira, Agosto 3
As aflições do Poeta
Autor: Adalberto de Queiroz.
Para Marcos Caiado, com minha Amizade.*
Ah, , Que Nossa Senhora te proteja
E São José te livre de pronto
Dessa estranha mão que apedreja:
– Será de Amor, este teu pranto?
(Pela vida afora…sofres, sofremos).
E assim: perguntar carece
De que esfera esta sombra
Que agora te enlouquece?
– “É preciso estancar a dor que grita“
Sinto a dor tal qual padeces.
Ouço o grito que te agita.
(Pela vida afora…sofres, sofremos).
Eis aqui uma palavra,
Sem a rima exata
Desta pobre lavra.
Sem cadência inata.
Tu choras essa ferida aberta
E em meio ao teu clamor
Só resta nesta hora certa
Receitar bálsamo do Amor.
(Mas, ai que por ele,
pela vida afora…
sofres, sofremos).
Eis, que ouso repor a questão
Sobre a sombra crua, que seja;
– Donde, o poeta espera perdão,
Se é sombra que o apedreja?
Se escreves como o mestre
Não na areia, só Ele o fez;
Mas feito o vate a domar a lira
À sua própria maneira: outra tez.
Pelo inferno cambiante,
Recebe-te moderno Virgílio
O estro em sombra se fez.
É certo, a dor de graça chegara
Ao bardo que o Amor pressentia
Também uma vida nova sonhara
Quando este à paixão cedia.
É longa e árdua, a caminhada.
Falar da dor que pesaroso sente.
Sofres, sofremos na longa estrada
– Poesia sem dor, nos desmente!
Certo, não há conselho possível
Nesta arena desprovida de astros
Pela vida afora…sofres, sofremos
Não há conselho feito emplastro.
Nada resta à citação
E só me sobra um sinal
Evitar esta palavra fácil:
Apor vírgula, ponto final.
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Goiânia, 12/07/2004. *Copyright © 2004.
Escrito por Adalberto Queiroz em 3.8.04.