A defesa da fé e o amor: armas de São Bernardo contra as heresias de Abelardo

LEIA meu artigo-resenha sobre o livro “As heresias de Bedro Abelardo”, trad. Carlos Nougué e Renato Romano, É Realizações, Col. Medievalia, coord. Sidney Silveira.

Edição do livro do santo católico que viveu no século 12, na Alta Idade Média, representa, mais que uma mera publicação para especialistas e eruditos, um ato pedagógico.

Adalberto de Queiroz
Especial para o Jornal Opção

 

Em abril, foi lançado o livro “As Heresias de Pedro Abe­lardo” (É Realizações, 120 páginas, tradução de Carlos Nougué e Renato Romano), livro em edição bilíngue latim-português, de alto valor tanto para os fiéis e os estudiosos da obra de São Bernardo de Claraval, bem como para aqueles que mesmo não partilhando da fé católica, prezam a verdade e estão interessados nos pensadores da Idade Média. Depois de publicar Duns Scot, Clemente de Alexandria e Santo Tomás de Aquino, com títulos raros ou disponíveis apenas em edições portuguesas, a editora É Realizações, sob a coordenação do medievalista Sidney Silveira, presta um grande serviço ao leitor brasileiro interessado no pensamento dos filósofos e teólogos medievais. “Este lançamento representa um ato pedagógico”, resume Sidney Silveira.
Continue lendo no link Opção Cultural.

Neste link, leia o artigo completo, antes da edição pelo jornal.

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Gullariano, à inglesa: Ephemeral Invention

UM POEMA do escritor goiano EDIVAL LOURENÇO, vem de ser traduzido ao inglês por Eric M.B. Becker deve sair em Words Without Borders, revista da qual ele, Eric, é o editor.

EricMenorCreio ser um grande momento e uma chance  a mais de um talento poético das terras dos Goyazes mostrar sua força a um público amplo e diversificado. Lê-se muita poesia em língua inglesa. Os sites dedicados à poesia são muitos e interessantíssimos. Listo alguns que não se negam – como muitos brasileiros, a dispor os versos como devem ser dispostos, tratando-os com o respeito que a Poesia merece.

Alguns bons exemplos:
i. Poetry Foundation.
ii. Poets.org
iii. Eliot Society
iv. Notegraphy

Eis, portanto, uma janela que se abre à poesia feita em Goiás com a presença generosa do Eric em nossa terra.
Aqui, o tradutor originário de Minnesota (EUA) faz pesquisa de campo para a tradução do romance do Edival Lourenço – “Naqueles morros, depois da chuva”. Edit. Hedra (2011).
Ganhamos, de quebra, um poema do poeta-presidente Ube/Go (União Brasileira de Escritores, seção Goiás) na língua de Robert Frost (ou se preferir, de Eliot). Provocados por este blogueiro, Eric e Edival se dispuseram a antecipar a publicação, dizendo o poema no original e na tradução, durante oficina de tradução na Ube.

Edival Lourenço e EricBecker

Eric M.B.Becker e Edival Lourenço na 8a. Oficina Ube/GO, sobre tradução.

Aqui, você ouve o poema em inglês na voz do tradutor – Eric M.B.Becker.

E esta é a versão do poema falado por mim em português:

Abaixo, leia o poema no original – como publicado em “A caligrafia das heras (2012).
Gullariano_Poema do Edival
A nova versão do poema (ed. bilingüe).

Poema Bilingue

Oficinas Ube/GO

Muito interessado na oficina deste convidado aqui, ó!
Eric

Gil Vicente & Ivo Barroso

Do poeta-tradutor IVO BARROSO, sempre podemos esperar inovação e talento – que lhe é nato. Neste post, Ivo nos alerta sobre a atualização que fez ao texto de Gil Vicente, voltado ao leitor brasileiro de nossos dias:
*****”Cuidou-se ainda de evitar o tratamento vós, hoje praticamente à margem da língua falada e escrita no Brasil, substituindo-o por tu e às vezes mesmo por você. Essa variedade se encontra no próprio texto vicentino, em que, na estrofe 7, se diz:

“Embarca, ou embarcai”, deixando claro que o Diabo hesita em dar ao Fidalgo um tratamento (pelo menos lingüístico) superior.”

– Já o leitor recebe, sempre, por certo o melhor tratamento por parte do meticuloso tradutor, que ressalta: “Nosso intuito — ao fazer uma tradução interlingual deste Auto de Gil Vicente — foi apresentar ao leitor brasileiro uma réplica do texto vicentino como se redigido hoje em linguagem corrente do Brasil. Além disso, pensando em sua representação teatral, buscamos utilizar um vocabulário de imediata compreensão auditiva, sem quaisquer palavras que requeressem do ouvinte uma consulta ao dicionário. Contudo, foi necessário mantermos alguns vocábulos específicos, como termos jurídicos e de marinharia, cujo sentido vem esclarecido em notas oportunamente dispostas.”

“Com a preocupação maior de que este novo texto contivesse apenas palavras de utilização atual e de conhecimento amplo, tivemos, em muitas ocasiões, de sacrificar expressões lídimas da língua portuguesa, mas ausentes de nosso vocabulário hodierno.”(I.B.)

Gaveta do Ivo

AUTO DA BARCA DO INFERNO – GIL VICENTE 

Monumento a Gil Vicente Monumento a Gil Vicente

A Editora SESI-SP entrega este mês aos seus leitores o livro AUTO DA BARCA DO INFERNO, obra de estudo obrigatório nos cursos universitários de língua portuguesa. Escrito em 1517 pelo grande poeta clássico e dramaturgo português Gil Vicente (c. 1465-c.1536), o texto é um apólogo em versos de sete sílabas fartamente rimados visando à edificação moral dos leitores (ou ouvintes). Num porto inespecífico estão ancoradas duas barcas que se destinam a transportar os mortos em sua viagem final para o além. A barca mais enfeitada é a do Inferno e seu comandante, o Diabo; a mais singela, a do Paraíso, está sob a guarda de um Anjo à proa. Vários personagens (um fidalgo, um agiota, um simplório, um sapateiro, um frade, uma alcoviteira, um judeu, um corregedor, um procurador, um enforcado e quatro cavaleiros cristãos), que acabaram de…

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No mínimo…dia #8

PIERRE RONSARD (1524-1585), traduzido ao português por Mário Laranjeira.

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Pierre Ronsard

Da série de posts “No mínimo, um poema ao dia”  – Dia 8.

À Cassandre A Cassandra
Mignonne, allons voir si la rose Querida, vamos ver se a rosa
Qui ce matin avait déclose Que esta manhã abriu garbosa
Sa robe de pourpre au soleil Ao sol seu purpúreo vestido,
A point perdu cette vêprée Não perdeu, da tarde ao calor,
Les plis de sa robe pourprée, De sua roupa a rubra cor,
Et son teint au votre pareil. E o aspecto ao vosso parecido.
Las! Voyez comme em peu d’espace, Ah! Vede como em curto espaço,
Mignonne, elle a dessus la place, Querida, caiu em pedaços,
Las! Las! Ses beautés laissé choir! Ah! Ah! A beleza que tinha!
O vraiment marâtre Nature, Ó mesmo madrastra Natura,
Puis qu’une telle fleur ne dure Pois que uma flor assim não dura
Que du matin jusques au soir! Senão da manhã à tardinha!
Donc, si vous me croyez, mignonne, Então, se me dais fé, querida,
Tandis que votre âge fleuronne Enquanto a idade está florida
Em as plus verte nouvautée, Em seu mais viçoso verdor,
Cueillez, cueillez votre jeunesse: Colhei, colhei, a mocidade:
Comme à cette fleur, la vieillesse A velhice, como a esta flor,
Fera ternir votre beauté. Fará murchar vossa beldade.

Este poema de Ronsard é tão famoso que até versão para piano possui. Veja a partitura e o video no link abaixo:

Ronsard_Pianomignonne-allons-piano
 

Fonte: “Poetas Franceses da Renascença”, Seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira. S. Paulo: Martins Fontes Edit., 2004; p.72/73. Crédito da foto em destaque: ilustração tirada ao blog Blue Lantern, de  (c) Paul Serusier – Mignonne, allons voir si la rose, Fondation Bemberg, Toulouse. Leia Mais em Jane Librizzi.

NO MÍNIMO, UM POEMA AO DIA…#5

MAURICE SCÈVE*Scève+VirginiaEdu.jpg

DÉCIMAS de Maurice Scève (~1510-1564), traduzido ao português por Mário Laranjeira.

Dizains Décimas
   Dans son jardin Vénus se reposait    Em meio a seu jardim Vênus folgava
Avec Amour, sa douce nourriture, Com Amor, sua dulcíssima comida,
Lequel je vis, lorsqu’il se déduisait, A quem notei, enquanto ali brincava,
Et aperçus semblable à ma figure: Ter comigo a figura parecida:
Car il était de três basse stature, Pois era de estatura reduzida:
Moi très petit; luis pâle, moi transi. Eu bem pequeno; ele pálido, eu transido.
Puisque ne suis second dieu d’amitié? Por que não sou também um deus do                                                          [amor?
Las! Je n’ai pas l’arc et les traits aussi Ah! Eu não tenho flecha e arco tendido
Pour émouvoir ma maîtresse à pitié. Para piedade à minha amante impor.

 

MauriceSceve

Maurice Scève. (1510-64?)

131989_ampliada

Capa do livro do prof. Mário Laranjeira.


Fonte: “Poetas Franceses da Renascença”
, Seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira. S. Paulo: Martins Fontes Edit., 2004; p.26/7.
Saiba mais sobre Scève no link.

No mínimo um poema ao dia (dia #3)

No mínimo, um poema ao dia (3)  
Walt Whitman trad. Rodrigo Garcia Lopes
(1819-1892).

Song of Myself (trechos)

EU CELEBRO a mim mesmo,GravuraEmMetal_WhitmanBySamuelHollyer
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.
Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade . . . . observando uma lâmina de grama do verão.
Casas e quartos se enchem de perfumes . . . . as estantes estão entulhadas de perfumes,
Respiro o aroma eu mesmo, e gosto e o reconheço,
Sua destilação poderia me intoxicar também, mas não deixo.
A atmosfera não é nenhum perfume . . . . não tem gosto de destilação . . . . é inodoro,
É pra minha boca apenas e pra sempre . . . . estou apaixonado por ela,
Vou até a margem junto à mata sem disfarces e pelado,
Louco pra que ela faça contato comigo.
A fumaça de minha própria respiração,
Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros . . . . raiz de amaranto, fio de seda, forquilha e
Minha respiração minha inspiração . . . . a batida do meu coração . . . . passagem de
O aroma das folhas verdes e das folhas secas, da praia e das rochas marinhas de cores
videira,
sangue e ar por meus pulmões,
escuras, e do feno na tulha,
O som das palavras bafejadas por minha voz . . . . palavras disparadas nos
redemoinhos do vento,
Uns beijos de leve . . . . alguns agarros . . . . o afago dos braços,
Jogo de luz e sombra nas árvores enquanto oscilam seus galhos sutis,
Delícia de estar só ou no agito das ruas, ou pelos campos e encostas de colina,
Sensação de bem-estar . . . . apito do meio-dia . . . . a canção de mim mesmo se
erguendo da cama e cruzando com o sol.

***

Tradução de Rodrigo Garcia Lopes em “Folhas da Relva” (ed. Iluminuras); que, segundo IVO BARROSO, “no 150º aniversário da publicação de As Folhas de Relva, a Editora Iluminuras nos oferece os doze poemas iniciais (que compunham a primeira edição), traduzidos por Rodrigo Garcia Lopes, trabalho que embora ainda não ponha o leitor brasileiro diante da obra poética conjunta do bardo americano, pelo menos contribui com uma significativa amostragem dela, acrescida de longo estudo crítico sobre sua importância literária e a vida do autor, que dispensa navegações pela Internet.” (Ler mais poemas de Whitman, na trad. de Ivo N. B.)
Fronstispício da edicao de 1867 de Folhas da Relva_WhitmanLink para o poema no Original inglês.
******
Capa_Whitman_Rodrigo

No mínimo, um poema ao dia (2)

Dia 2 – LOUISE LABÉ (1525-1565).200px-louise_lab25c325a9
Tradução: Mário Laranjeira.*

SONNETS – I

SONETOS – I

O beaux yeux bruns, ô regards détournés, Ó belos olhos, brunos, desviados,
O chauds soupir, ô larmes épandues, Ó quentes ais, ó lágrimas vertidas,
O noires nuits vainement attendues, Ó negras noites a esperar perdidas,
O jours luisants vainement retournés! Ó dias claros sem razão tornados!
O tristes plaints, ô désirs obstinés, Ó tristes prantos, votos obstinados,
O temps perdu, ô peines dépendues, Ó penas gastas, horas despendidas,
O mille morts en mille rêts tendues, Ó mortes mil em mil redes tendidas
O pires maux contre moi destinés! Ó rudes males contra mim fadados!
O ris, ô fronts, cheveux, bras, mains et                                                           [doitgs! Ó risos, frontes, braços, mãos ardentes!
O luth plantif, viole, archet et voix! Ó alaúde, viola e voz plangentes!
Tant de flambeaux pour ardre une femelle! Tanto archote a abrasar uma mulher!
De toi me plains, que tant de feux portant, De te me queixo: tendo eu fogo tanto,
En tant d’endroits d’iceux mon coeur                                                                 [tâtant, Meu coração apalpas e, no entanto,
N’en est sur toi volé quelque étincelle. Sobre ti não voou chispa sequer.

*FONTE: untitledPoetas Franceses da Renascença“, seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira – S. Paulo, 131989_ampliadaMartins Fontes, 2004, p. 42/3.

 

No mínimo, um poema ao dia (I)

Chansons – Canções

De Clément MAROT (1497-1544). clément marot por corneille de lyon (c. 1537)
Tradução de Mário Laranjeira.*

De la rose Da rosa
   La belle Rose, à Venus consacrée,     A bela rosa, a Vênus consagrada,
L’oeil et le sens de grand plaisir pourvoir; Ao olho e olfato tanto prazer dá;
Si vous dirai, dame qui tant m’agrée. Assim direi, senhora que me agrada
Raison pourquoi de ruges on en voit. Por que razão tantas vermelhas há.
 
    Um jour Vénus son Adonis suivait     Vênus um dia acompanhava, à toa,
Parmi jardin plein d’épines et branches, Adônis, num jardim cheio de espinhos,
Les pieds sont nus et les deux bras sans                                                         [manches, De pés descalços, nus os dois bracinhos,
Dont d’un rosier l’épine lui méfait; E da roseira o espinho a magoa;
Or étaient lors toutes les roses blanches, Eram brancas então todas as rosas:
Mais de son sang de vermeilles en fait. Seu sangue as faz vermelhas, gloriosas.
    De cette rose ai jà fait mon profit     Desta rosa tirei o meu proveito
Vous étrennant, car plus qu’à autre chose, Por mais que tudo vos fazer ditosa,
Votre visage en douceur tout confit, Pois vosso rosto, de doçura feito,
Semble à la fraîche et vermeillette rose. Parece a fresca e vermelhinha rosa.

*FONTE: Poetas Franceses da Renascença, seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira – S. Paulo, Martins Fontes, 2004, p. 22/3.

Emily Dickinson: beleza imortal

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Artigo Beto_EmilyDickinsonOpcaoJan16