O mundo dos negócios impõe uma disciplina muito grande e toma quase todo o tempo de quem vive “as agruras do comércio”. Provavelmente, os grandes empresários já se viram livres dessa prisão e caíram noutra: já não ter prazer com o Universo das Palavras. Bom lembrar que este é hierarquicamente superior ao mundo dos negócios. Pena que a maioria de nós, comerciante, não nos lembramos sempre disso…
É por isso – e porque o feriadão permite – que retomo minhas leituras e publicações para manter vivo o meu vínculo com o Universo das Artes, onde as Palavras são para mim as privilegiadas, bem antes das imagens e similares – leia-se
“minha impaciência com a 7a. arte” – o cinema; o Teatro, este eu o coloco no Universo das Palavras.
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“Ai de mim!”, geme a alma, “que me muero
porque no muero!”* Ai corpo, ai meu atraso,
meu alguidar sombrio como um vaso
vazio, ai girassol no escuro, ai erro
da coisa separada por acaso,
desolação do barro no desterro
da ânfora partida! Ai desespero
de não acabar mais, como um ocaso
longo, cheio de sombras! Teus vazios,
diz a alma a esse corpo renitente,
“simbiose dos meus, são como os rios
frios, intermináveis, e as correntes
que nos acorrentaram concebi-as
eu mesma, ai! ai de mim, somos idênticos…”
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Fonte: TOLENTINO, Bruno. “As horas de Katharina”, ed. Record, 2010, p.181.
(*)“que me muero porque no muero” Citação do poema “Aspiraciones de vida eterna”, conhecido como Glosa de Santa Teresa:
“Vivo sin vir en mi,
y tan alta vida espero,
que me muero porque no muero!”
(in Obras Completas, p.956, cit. nas notas de Juliana P. Perez e Jessé de Almeida Primo na edição citada).
Palavras…. vou fechar os olhos e degustar o que elas provocam…..adorei
Vilma
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Republicou isso em Leveza & Esperançae comentado:
Bem antes que o sarau cibernético-virtual se tornasse viral…2012
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