Salve, manhãs de maio plenas desse azul a causar ciúme a Matisse.
Salve, manhãs de maio em que o tamboril de meu jardim estica os braços desejoso de alcançar uma nesga desse doce algodão dos céus…
Salve as manhãs de maio em que o cerrado testemunha a glória de Deus.
Salve manhãs de maio em que a clara alba estende o tempo pascal.
Salve manhãs de maio sucessoras do aguaceiro de abril e anteriores.
Manhãs de maio eu vos amo, tocando meu coração, por entre braçadas de rosas e o silêncio ducal das orquídeas de nossas varandas…
Manhãs de maio que me trazem em francês arcaico a rima perfeita
Entre a rosa florida e a galanteria*.
Manhãs de maio em que todas as mulheres despertam sua beleza secreta:
– Sorriso de pão-de-queijo, riso de cassis, gesto maroto de alcaçuz…
Prefiro a paz dessas manhãs ao peso de mil barras d´ouro em banco.
Vinde manhãs de maio com sua água fria dando fim ao sono indesejado.
Eu sou filho herdeiro das manhãs de maio como Matias herdou seu ofício.
Vinde, manhãs de maio, e seja vossa benção:
– Inundai-me d´azul, les jours bleus, nutrindo-nos d´azur.
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(*)”L´autrier en mai, que rose est florie/Je l´alai coillir par grant druerie” [galanterie]
Maias uma vez de novo:) vc me estarrece, Beto. Tá lindo demais teu poema. Pra mim ese texto é um poema que vem escorrendo como água nas pedras dos rios. Marulhinhas, faíscas de sol e aquele canto…Lindo mesmo, Beto.
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Merci, mon amie!
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essa poesia e d+ . muito boa
nay
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adorei
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