Longo mas edificante ensaio de BERNARDO LINS BRANDÃO.
Na Vida de Plotino, Porfírio afirmou que seu mestre escrevia sem nunca revisar o seu texto e que estava mais preocupado com o pensamento e a verdade que com a eloquência. Uma análise mais cuidadosa de passagens das Enéadas, no entanto, mostra-nos outro cenário: uma notável habilidade em dizer o indizível, imagens poderosas, discursos passionais, em suma, um refinado uso da linguagem de modo a conduzir o texto filosófico para além da mera argumentação racional.
É certo que Plotino escreveu tratados áridos dedicados a questões técnicas. Mas a leitura atenta de textos como a Enéada I, 6 ou a Enéada VI, 9 nos revela um grande mestre da diatribe – essa forma de pregação moral pagã, mistura de texto filosófico e discurso retórico que, começando com uma questão teórica, conclui em um tom lírico, próprio para convencer e comover. Os textos de Plotino não se constituíam apenas como…
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