«O caminho de Cristo é a única coisa que torna possível a nossa sobrevivência» | Martin Scorsese | Andrea Monda In L’Osservatore Romano


Martin Scorsese e o Papa Francisco. Que diálogo. Leiam-no.
Entre os dois começou um diálogo tão simples quanto profundo, que depressa aportou ao nome de Dostoiévski, comum paixão de ambos, que com os seus romances faz de pano de fundo à obra do cineasta de “Os cavaleiros do asfalto” e “Silêncio”. E é precisamente do grande escritor russo que pretendo partir para retomar aquela conversa, ligando-me a “The irishman” e ao protagonista, Frank Sheeran (interpretado magistralmente por Robert De Niro), que surge como o único sobrevivente que, por isso, pode e deve falar, o único vivo que manda «notícias de uma casa de mortos». Não por acaso para todos os outros personagens, que fugazmente comparecem em cena, uma referência detém a imagem e indica-nos a data e a maneira, sempre violenta, da morte. Frank está vivo e fala, melhor, confessa-se, olhando fixamente para a câmara, nos olhos do espetador.
[…]
“Retenho que o caminho de Cristo é a única coisa que torna possível a nossa sobrevivência. É o único caminho que entrevejo para que a humanidade – todo o grande organismo da humanidade – possa efetivamente mudar e evoluir, distanciando-se do aniquilamento. Entendo isto não em sentido cultural, mas espiritual. O facto é que há o ir à igreja é há o caminho de Cristo. Não se trata necessariamente da mesma coisa, como todos sabemos. E creio que a confissão é um dos instrumentos espirituais mais poderosos de que a Igreja dispõe. É um exame autêntico daquilo que és, de todas as tuas dúvidas, os teus medos e as tuas transgressões, e o próprio ato da confissão abre a porta a tentar de novo, a ter uma outra possibilidade. Mesmo se não recebes a absolvição, abriste a porta.”

Quando a 21 de outubro passado se voltaram a encontrar, Martin Scorsese e o papa Francisco retomaram uma conversa como a que podem ter dois velhos amigos que se entendem sem esforço, ainda que a última vez que se tinham encontrado ocorreu praticamente um ano antes, a 23 de outunro de 2018, em Roma, por ocasião do encontro de jovens e idosos com o papa da apresentação do livro “A sabedoria do tempo”. O papa, depois de lhe ter perguntado pela esposa, quis saber informações sobre o seu novo filme, “The irishman”, e o realizador italo-americano explicou que se trata de uma película sobre o tempo e a mortalidade, a amizade e a traição, o remorso e o arrependimento pelo passado.

Entre os dois começou um diálogo tão simples quanto profundo, que depressa aportou ao nome de Dostoiévski, comum paixão de ambos, que com os seus romances faz de pano…

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