E me faz pensar. Foram sempre assim o laços estabelecidos com este jovem pensador Martim Vasques, em vários meios, incluindo este. Ele quase sempre quer desconstruir o Outro pra colocar o (seu) novo pensamento em lugar do antigo. É um conflito mais velho que o mundo: uma geração sucede à outra e a destrói (ou tenta).
Não faz muito tempo, li um texto de uma atéia americana que discutia a percepção dos ateus pelos não-ateus e aproveitava para falar de alguns argumentos usados a favor da crença em Deus, detendo-se particularmente no I feel it in my heart, que eu poderia traduzir como “é o que percebo em meu coração”. Ela dizia que esse argumento era ridículo. Sob muitos aspectos, é mesmo. Mas ele merece um exame maior.
Acreditamos em certas coisas – quaisquer coisas – por uma mistura de, digamos, raciocínio e paixão. Buscamos uma verdade que esteja acima de nossas predisposições e inclinações pessoais, mas continuamos vivendo segundo essas predisposições e inclinações. Aliás, a própria vida cotidiana nos obriga a vivê-la automaticamente; não é a todo momento que repetimos os mesmos atos de consciência que levaram à percepção de uma determinada verdade, e essa verdade também é transformada em regra semi-consciente.