Ode I, 5 de Horácio* – revisitada em 4 versões.
Saiba porque WS supera-se, ao termo dessa viagem.*
Deixei em santa parede as úmidas
roupas ao deus.
Senhor dos mares.
I – A tradução (ou libérrima adaptação) de Haroldo de Campos.
Quem, Pirra
agora
se lava em rosas
(pluma e latex)
na rosicama do
teu duplex?
Quem,
onda a onda,
do teu cabelo
desfaz a trança
platino-blonda?
Pobre coitado
inocente inútil
vai lamentar-se
para toda a vida.
Um deus volúvel
mais do que a brisa
muda em mar negro
seu lago azul.
Pensava que eras
dócil-macia
toda ouro mel.
Não és. Varias
(Ah quem se fia
no fútil brilho
desse ouropel!)
Eu, por meu turno,
todo ex-aluno,
esta oferenda
ao deus Netuno
padripotente
no teu vestíbulo
deixo suspensa
(vide a legenda):
VMIDA AINDA
A TVNICA
(Tradução de Haroldo de Campos)
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Ode I, 5
II. Nelson Ascher
Que jovem grácil entre rosas
urge-te ungido de perfumes,
Pyrra, em teu antro?
Pra quem singelos ornas
louros cabelos?
Ele a fé
maldirá logo e instáveis deuses,
sofrendo, inábil,
mar bravo e negro vento,
pois áurea frui-te ingênuo como
se sempre livre, sempre amável
e ignora as auras
falazes. Pobres desses
que, intacta, ofuscas. Sacro muro
por painel votivo atesta
que alcei molhada
a veste ao deus do mar.
Tradução de Nelson Ascher
++++
ODE 1,5 duas versões do tradutor Wagner Schadeck.
III. Wagner Schadeck (versão 1)
Em muitas rosas, numa gruta amena,
Qual é o menino esbelto e perfumado
que ora te estreita, Pirra?
Para quem orna os teus cabelos loiros?
Quanto ele chorará por confiar
nos inconstantes deuses.
Inexperiente, há de assustar-se ao ver
O vendaval marítimo. Ao te fruir,
creditando teu louro,
Te espera sempre disponível, sempre
Adorável, embora desconheça
o quão falso é tal ouro.
Coitados dos ingênuos a quem brilhas.
Como tábua votiva, na parede
Sagrada, pendurei
Minhas úmidas roupas de naufrágio
Ao deus, senhor do mar.
Primeira versão, trad. Wagner Schadeck.01-08-2015
++++
Ode 1, 5
IV. Wagner Schadeck (versão 2 )
Em gruta amena, plena de rosa,
Que perfumado e gracioso moço,
Te estreita, Pirra?
A quem enfeita os
cabelos loiros? Quanto fiel
lamentará os instáveis deuses.
Inexperiente,
com a atra tormenta
Há de ter medo. E crendo em teu louro,
Te espera sempre disposta e amável
sem saber quanto
falso é tal ouro.
Pobre a quem brilhas. Como oferenda,
Deixei em santa parede as úmidas
Roupas ao deus.
Senhor dos mares.
./.
Segunda versão, trad. Wagner Schadeck. *Pirra, na mitologia grega, foi uma filha de Epimeteu e Pandora, e esposa de Deucalião. Ambos escaparam de um dilúvio após construírem um barco, aconselhados por Prometeu. Wikipédia
**Mais sobre Pirra e Deucalião.
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Horácio, Ode I,5 – traduções, com Wagner Schadeck e outros.
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