GALICISMOS D´ALMA
Poema de Bruno TOLENTINO.
I
Camus foi meu pior entusiasmo,
Claudel minha melhor desilusão,
Rimbaud a minha própria confusão
e Baudelaire o meu primeiro orgasmo.
Mallarmé me deixava um tanto pasmo,
mas fiz minha primeira comunhão
com Bernanos, achando Gide um asno,
Proust o gênio perverso da emoção
E Sartre um ressentido. Mauriac
me dava sustos, mas foi Julien Green
quem me tirou do sério e pôs o spleen
do inefável em mim: tive um ataque
quando li Mont Cinère e Leviathan,
minhas flores do mal para amanhã…
II
A graça é uma promessa exasperante
se a desgraça não vem; foi Green, coitado,
quem, colocando as duas lado a lado
para que as visse bem, deu-me a constante,
o Leitmotiv de uma vida errante,
ávida de promessas: fui amado
por causa disso, e temos conversado!
Sem ele eu não teria sido o amante
Sempre absurdamente idolatrado
e cheio da saudade delirante
de ser outro, o que fora batizado,
crismado e colocado ali diante
da Santa Eucaristia e do pecado.
Disse-lho e ele apertou-me a mão durante
meia hora dizendo-me obrigado!
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Fonte: “O Mundo Como Idéia”, pág. 282, S. Paulo, Ed. Globo, 2002.
Veja no link uma homenagem de Olavo de Carvalho ao recém-falecido poeta (e para sempre imortal) B. Tolentino.
Maravilha! Eu também amo Julien Green. Já leu O Visionário? É simplesmente perfeito.
Obrigada, querido Beto!
Beijos!
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Norma, que bom vê-la na minha caixa de comentários.
Eu adorei o seu texto sobre os perfumes e sons e cores de França (deu-me saudades de Vichy, de Paris, da Provence…).
Ainda não conheço este livro, mas já encomendei o Mont Cinère a uma dileta amiga francesa.
Vou procurar o Visionário…
Amitiés,
Beto.
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Beto, ainda não entrei em contato com os nossos amigos designers, mas vou querer conversar com eles sobre como poderíamos fazer uma parceria para fazer da Sillencio uma editora respeitável.
Um abraço fraterno.
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Espero que sim, Rafael.
Espero também fazer parte deste projeto, de alguma forma.
Amitiés,
Beto.
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