Revista Banzeiro destaca “A MÍSTICA POÉTICA DE ADALBERTO DE QUEIROZ”

Caríssimos,

HOJE tive daquelas pequenas alegrias que marcam o dia como um sorriso escrito numa nuvem.

O professor e poeta Francisco Perna Filho, editor da Revista Banzeiro fez uma edição de Seleta de Poemas de minha autoria.

Aos leitores, espero que tenham prazer na leitura.

IlustracaoBanzeiro

A chave que abre a porta da alegria foi verificar a sensibilidade do editor em ler, entender e encontrar a adequada ilustração para os poemas selecionados. Deixo ao professor-poeta Editor gravado meu mais sincero agradecimento.

CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA LER OS POEMAS EM
“REVISTA BANZEIRO”.

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Último pio do poetinha “Vargas”

DO ARTIGO DO amigo e parceiro do poeta Pio Vargas, hoje presidindo a Ube/Go, meu caro escritor e advogado Edival Lourenço em Colunistas Revista Bula.

Edival Lourenço em “Colunistas – Revista Bula”, 19-AGO-2015. “Até ho­je mui­tas pes­so­as di­zem que fui uma es­pé­cie de pai li­te­rá­rio de Pio Var­gas, que fui seu ori­en­ta­dor, a pes­soa que o co­nec­tou com a po­e­sia con­si­de­ra­da de boa qua­li­da­de. Eu mes­mo che­guei a ali­men­tar es­sa ilu­são por al­gum tem­po. Mas olhan­do ago­ra de lon­ge, pe­la pers­pec­ti­va que o tem­po nos dá, acre­di­to que há um equí­vo­co em tu­do is­so. Na ver­da­de, se há um pai li­te­rá­rio nes­sa re­la­ção, eu é que sou fi­lho de Pio Var­gas.” (E.L.)

DESPERTÁCULO
*Último poema de PIO VARGAS (1964-1991)

Es­tou pron­to
pa­ra a guer­ra que en­con­tro
quan­do acor­do:

bo­tei vi­gia nos sen­ti­dos
e ilu­di com com­pri­mi­dos
ou­tros se­res a meu bor­do.
Aban­do­nei o ví­cio
de es­tar sem­pre
a so­le­trar ru­í­nas,
dei li­ber­da­de a meus de­ten­tos
mi­nha pres­sa di­lu­iu nos pas­sos len­tos
e ras­guei
meu ca­len­dá­rio de ro­ti­nas.

In­ver­ti a or­dem.

Já não saio por aí
a de­vo­rar com­pro­mis­sos,
to­mei pos­se no go­ver­no de mi mes­mo
e der­ro­tei os meus omis­sos.

Ven­ci a ba­ta­lhas
de ter que es­tar sem­pre por per­to,
às ve­zes voo pa­ra den­tro
do meu so­nho a céu aber­to.

Es­tou pron­to:

eu já con­cor­do
com a guer­ra que en­con­tro
quan­do acor­do.
********************

(*) Dentro da cooperação e fraternidade literária surgida entre o “pai” e o “filho” (que se revezavam na amizade literária), havia sólida cumplicidade. Com o desaparecimento precoce do poeta, Edival recebeu da esposa de Pio um envelope e relata o que continha e o que ocorreu na noite anterior à morte:

<<“Na­que­la noi­te ele ain­da dei­xou com a Edi­le­ne Na­ves, sua mu­lher, um en­ve­lo­pe la­cra­do pa­ra ser en­tre­gue a mim. Den­tro con­ti­nha um li­vro de tí­tu­lo sin­to­má­ti­co: “Tu­do Que é Só­li­do Des­man­cha no Ar” (do americano Mars­hall Berman) e um po­e­ma pa­ra eu com­ple­men­tar. Com sua mor­te no dia se­guin­te, con­cluí que o po­e­ma es­ta­va pron­to. Por­tan­to nun­ca o com­ple­men­tei, e nun­ca vou com­ple­men­tá-lo. É a pri­mei­ra vez que mos­tro es­se po­e­ma, que tem um tí­tu­lo su­ges­ti­vo: “Despertáculo”.>>

LEIA MAIS poemas do Pio Vargas em seleta de Salomão Sousa, no website de Antonio Miranda.

SoundCloud mas pode chamar de “São Cláudio” que goyanos e mineiros entendemos ‘mió’

Poesia falada

Experimentando novas formas de expressão e resenhas.
Bem-vindo(a) ao meu Sound Cloud Poesia Falada.

José Décio Filho: novo percurso de Poemas & Elegias (II)

“Na verdade, nem chegamos a saber quem ele foi: pássaro, criança, lobo solitário ou habitante de um mundo que vive no futuro do homem e só é pressentido no sonho dos poetas”.
(Haroldo de britto Guimarães sobre josé décio filho).

José Décio em foto publicada na 2a. edição s/edit., Goiânia, 1979

José Décio Filho

Ei-lo, Zé Décio redivivo.
62 anos do lançamento de Poemas e Elegias – em sua primeira edição; 35 Anos depois da publicação da 2a. edição de seus “Poemas e Elegias”.
Para mim, nunca estiveste ausente.
Quando o meu amigo Ailso Braz Corrêa – hoje também como Tu, encantado e encantando o paraíso – me presentou com o livrinho de capa marrom com os teus poemas, sabia a partir da capa (assinada por Trindade e Ailso) que iria amar o que havia dentro.
Mas surpreendeste-me, José, com sua poesia toda essência, diferente de tudo que lera antes em minha terra. Afonso Félix de Sousa, Antonio José De Moura me surpreenderam antes, poetando em minha terra com a força do universal, também Ieda Schmaltz e Gilberto com sua Fábula de Fogo e sua (dele) “Arte de Armar” e sua história da literatura – onde humildemente rende a ti a maior homenagem, admitindo-te a Mestria:

“A sua obra poética é a mais perfeitamente coesa e homogênea em Goiás, constituindo-se numa peça inteiriça os vários poemas que compõem o livro Poemas e Elegias. E de tal maneira esses poemas se completam, se identificam nas suas estruturas e vivências, que os sentimos harmonizados numa única mensagem, altamente humana, marcada entretanto por um vínculo profundo de tristeza e intensa amargura pessoal.”
José Décio, em A Poesia em Goiás (GMT, 1983)

José Décio e outros em A Poesia em Goiás

José Décio em foto publicada n’A Poesia em Goiás (GMT), 1983.

Tinha eu 24 anos de idade quando li pela vez primeira os teus versos. Que grande susto me causaste. Hei de ser sempre teu leitor, pensei. O livro marrom com os teus poemas foi para a estante de minha casa, mas a emoção de tua Poesia ficou adormecendo calada em meu coração e minha mente.

Agora, vieram os jovens (moços) de uma nova editora (Caminhos) e me reacenderam como um clarão na (tua) página adormecida.

Ei-los, os teus poemas, de novo à mercê dos que são capazes de sonhar, das crianças, dos lobos e dos que ainda sonhadores ocupam os bancos das praças (reais e virtuais). Outros Haroldos hão de te saudar na novíssima geração, para a qual não mais designamos “Moços” e sim Jovens – até saberem que te diriges ao “mundo sem idade”! Outros Oscar Sabinos haverão de te enaltecer a obra – porque capazes de ler em teus versos a beleza universal da poesia que não tem como pátria senão o idioma e como arma os afetos e a sensibilidade.

Muitos ainda haverão de dizer teus poemas nas horas mais solitárias, quando “penetrados” pelas “ondas, as músicas mais simples/os longes, íntimas palpitações/de um mundo sem idade”.

“As coisas só me penetram
quando sou livre e humilde,
As ondas, as músicas mais simples,
os longes, íntimas palpitações
de um mundo sem idade,
vêm aninhar-se no meu peito
como asas fluídicas da vida.
Depois vou-me embora,
leve e corajoso.”

Foste tu o lobo, Zé Décio, mas nunca em pele de cordeiro:

Ó lobo, companheiro de solitude!
irmão de São Francisco.
Também meu irmão das selvas,
portador de estranhas gentilezas.
Trouxeste-me o sabor dos campos,
as distâncias dos gerais imensos,
o cheiro da terra virgem
dos brejos de buritis perdidos,
o canto nostálgico da graúna
nos pantanais de minha terra.

E tal qual teu personagem, de nós foste arrancado tão rápido, que teu companheiro Haroldo de ti dissera o que vai na epígrafe desta louvação.
Sim, eu te saúdo, companheiro de amável presença (mesmo nunca real sempre soprada pelos versos); presença que, às vezes, é digna de ter o mesmo tom de um ‘Epitáfio’ como este que erigiste ao lobo.

E foi tão curta a tua presença amável
ao meu lado, tão frágil
tua vida sensível e vibrante!

Foi o que soube de ti, pela notícia dos teus parentes e pela boca da professora Cláudia Balduíno, não sem dizer que tua nobreza, poeta, a todos inundava com um certo mistério, composto de silêncio e sensibilidade – como no Epitáfio teu lobo possui “ternura espinhosa e tirânica”.

José, Zé Décio, todos os que amamos a tua poesia, lembramo-nos do mergulho vertical que em ti mesmo teve a economia da graça de doar-nos algo que nunca estará de todo perdido, mesmo quando o Poeta insiste com:

Quanto trabalho perdido,
quanto tempo dissipado!
Mas de tudo que ajunte
na mais lírica desordem,
alguma coisa houve de ficar,
alguma coisa que às vezes
se resolve em minha poesia ou em silêncio.

Tu, o grilo Zé Décio que nos vai alertando das armadilhas, das insônias que a vida apressada das urbes repletas nos impõe a todos – sobretudo aos que “de alma bravia e torturada” – como Tu sentem “os dedos da agonia” (os que experimetam/ram/rão a mesma esquizofrenia que te exauriu, Poeta!) e às vezes sucumbem n’A Longa Espera:

A cidade me ensinou a esperar.
Pelos dedos da agonia
o tempo se escoa. Para sempre.
Sobre o vício, o crime e a tristeza…
(…)
Ó alma bravia e torturada,
até onde se estenderão teus domínios?
Muito conheço de ti, e nada sei.
Dos teus profundos desmaios
voltas sempre mais forte e mais estranha,
como se teus recados em cifra
não encontrassem eco
neste ser atônito e frágil.”

E deuses permitiram – os da poesia, os da pena solta quando tua alma se libertava – que um Deus te burilasse o talento e te permitisse reinventar um estilo elegíaco, mesmo nas agruras da insônia te permitiu um Alumbramento:

Bem sei que a noite já ficou velha,
mas tenho um medo atroz de ir me deitar,
porque o fantasma da insônia
está me esperando sob o travesseiro.

(…)

Foi assim. Sim, foi, Poeta

Momento inédito, alvorada de ouro,
parêntese luminoso no meu cotidiano,
fogueira de são-joão dentro da minha alma,
que me queimou todos os pensamentos tristes,
que fez de mim um sujeito diferente,
parecendo até um camarada feliz!

Queria escrever sobre Ti, como dissera Jorge Lima em outra louvação ao poeta (ficcionista) – o Georges Bernanos – e terminei escrevendo a Ti.
Aqui, José Décio, poeta amado, o tio José de dona Cláudia, o tio-avô de meu amigo-Moço-Jovem Chal, o Zé Décio das pescarias com os amigos Haroldo e outro Zé…Receba minha homenagem e minha louvação, ao lado de tio Paulo, também chamado Bispo Tomás, que espero há-de ter em seu (dele) mais sagrado contentamento (J’éspère!).

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Fonte: todas as citações em negrito e entre aspas são de “Poemas e Elegias”, José Décio Filho, exceto a de Gilberto Mendonça Teles, que tirei de “A Poesia em Goiás”, donde retirei também a foto do José Décio – com Bernardo Élis e Domingos Félix de Sousa. No link abaixo, ouçam Antonio Victor declamando o Poema Vertical de José Décio Filho, do liv. cit. 

 

 

 

“Caminhos” descortina novo percurso para “Poesias e Elegias”, de José Décio Filho

JOSÉ DÉCIO FILHO (1918-1976) – recebe, 35 anos depois, a devida reedição e homenagem Da Editora Caminhos.

O poeta relembrado é um poeta essencial para a literatura feita em Goiás?
– Respondem sim a esta pergunta os editores da Caminho, os antigos e novos leitores, respondo eu.

O poeta José Décio Filho visto por Mariosan, O Popular, 2015.

Zé Décio na pena do cartunista Mariosan, de O Popular, Goiânia,

Zé Décio por Trindade e Corrêa

Ilustração de Trindade e layout de Ailso Braz Corrêa, 1979 na 2a.ed. de Poemas e Elegias.

I | Goiânia, 26.02.2015 – O lançamento do livro do Zé Décio (como carinhosamente referido por seus amigos, como Haroldo de Britto Guimarães), com a destacada presença de familiares do poeta, foi uma bela homenagem mais do que merecida ao poeta José Décio Filho.

Testemunhei os lances da contida emoção desta iniciativa editorial durante o coquetel da noite da última quinta-feira, 26, na União Brasileira de Escritores (UBE) de Goiás, entidade que o poeta presidiu na década de ‘60.
José Décio Filho_Livros

As duas edições agora se alinham em minha estante – a segunda de 1979, patrocinada pela Caixego – com capa elaborada por meu saudoso amigo Ailso Braz Corrêa, publicitário e, sobretudo artista plástico; e esta, a terceira e bela edição da editora goiana “Caminhos”, lançada sob a batuta de Mário Zeidler Filho.

A 1a.edição obra de José Décio Filho – hoje livro raro – é de 1953.

A iniciativa da editora Caminhos é merecedora do aplauso dos amantes da boa poesia.  De fato, “transcorridos 35 anos desde a publicação da 2a. edição de “Poemas e Elegias”, é mais do que hora de “corrigir uma grave falha de nossa memória literária, e recolocar em circulação esta poesia que continua tão natural e atual agora como antes”.

O poeta Zé Décio, redator da Imprensa Oficial de Goiás e da revista "Oeste".

O então redator da Imprensa Oficial e seus poemas na revista “Oeste”, em julho de 1943.

Os jovens editores da “Caminhos” -que montam com maestria um belo catálogo em pleno Brasil Central, informam que desejam em breve lançar uma “Obra reunida de José Décio Filho”, que deverá contar com a fortuna crítica da obra do poeta, o que incluirá, por certo ensaios e variações de Oscar Sabino Jr., dona Amália Hermano Teixeira, Bernardo Élis e Haroldo de Britto Guimarães, além de textos do mestre da crítica literária em Goiás, o acadêmico Gilberto Mendonça Teles.

Fico feliz em saber que a Revista Oeste tenha servido aos editores como fonte da maior importância para estabelecer o texto desta edição, pois foi uma honra para a Caixa Econômica Federal (CEF – Filial de Goiás), sob a direção e liderança de Alfredo Talarico Filho, patrocinar o projeto de reedição dessa fonte, em 1983 em comemoração ao Cinquentenário do Batismo Cultural de Goiânia – ação esta da qual tive eu a subida honra de participar ao lado do professor José Mendonça Teles.

Não é sobejo falar sobre José Décio quando mais não fosse pelo silêncio que como véu sobre sua bela obra desceu durante esses 35 anos…

Gilberto resumiu como crítico de forma lapidar:
“A sua obra poética é a mais perfeitamente coesa e homogênea em Goiás, constituindo-se numa peça inteiriça os vários poemas que compõem o livro Poemas e Elegias. E de tal maneira esses poemas se completam, se identificam nas suas estruturas e vivências, que os sentimos harmonizados numa única mensagem, altamente humana, marcada entretanto por um vínculo profundo de tristeza e intensa amargura pessoal.”

José Décio Filho

Anotação de leitura de 1979 que fiz do clássico de GMT, durante a leitura dos poemas de J.Décio, guardada junto com o meu exemplar da 2a. edição.

A emoção da sobrinha de José Décio no evento, ao contar a estória do poema “O Peixe”, confirma e nos chama a prestar atenção especial a esse caráter humano da obra de J.Décio. O poema que foi mostrado pelo poeta à professora Cláudia Balduíno, então uma menina de 14 anos, tem a força da poesia como remembrances  – experimentos anamnéticos Voegelianos -, e assim retornam com a força da memória afetiva; agora na mente da “intelectual da família Balduíno” voltam os pensamentos da menina e assim se mostram através da doce lembrança do tio que a motiva e a conduz à emoção constante da leitora Cláudia, rememorando a nobreza do poeta e da poesia.

– Eis porque testemunhamos todos “Uma noite de emoção, em que o poeta José Décio foi revivido através da Poesia“.

Ouça, prezado leitor(a): a professora Cláudia Balduíno sobre J Décio.
∼|∼
II
Não teria sido ela, apenas, a sobrinha do poeta a emocionar-se com o Peixe.
Bernardo Élis, amigo do poeta – exemplificando o que a professora Cláudia Balduíno dissera naquela noite, por conhecer o poeta de sua poesia fazia leitura ainda mais profunda:

Como derradeira visão, conservo dele [José Décio Filho] a leitura que me fez de um poema – “O Peixe”, há coisa de quatro meses, no fórum de Goiânia. Era um peixe tão feroz na sua solidão, navegando e navegando ainda nos abismos noturnos do mar oceano em busca de alimento ou de amor, indiferente às tormentas ou às bonanças, como quem cumpre um fadário. Era estranho, másculo, terrível como sempre fora José Décio.

Já o amigo e escritor Haroldo de Britto Guimarães dissera na p.80 da 2a. edição do livro em referência:
“Zé Décio, José Décio Filho. Ele se foi sem que tivéssemos feito todo o esforço possível para entender sua natureza esquiva e sem lhe revelar nossa alegria pela promessa de plenitude trazida às nossas vidas por sua poesia.
“Na verdade, nem chegamos a saber quem ele foi: pássaro, criança, lobo solitário ou habitante de um mundo que vive no futuro do homem e só é pressentido no sonho dos poetas”. 

Foi o mesmo Haroldo de Britto quem deu o depoimento mais inusitado sobre a pessoa do poeta – de quem a sobrinha professora Cláudia Balduíno nos convidava a conhecê-lo mais para melhor entendê-lo:

"Uma vez ... pescando, notamos que o poeta tinha há muito tempo o anzol dentro d'água, sem que qualquer peixe o beliscasse. Sugerimos-lhe que botasse outra isca, pois aquela já devia ter sido comida, mas - com um riso irônico, José Déio explicou: "Eu sei disso, mas não estou querendo pescar nada. Eu desejo apenas fazer parte da natureza. Sento aqui e em pouco tempo sou como um tronco de árvore ou como essas águas que passam" (Notícias de José Décio Filho, 2a.ed. de Poemas e Elegias, p.81).

E um episódio assim, transforma-nos quando vira uma "Grave Elegia":
"Enquanto os pescadores atentos
colhem peixe das águas,
estou pescando mistérios
para meu repasto." 
(da 3a. edição, p.56).

E para os que não tiveram a oportunidade de viver o momento de “remembrances” de José Décio, deixo essa transcrição do Poema “O Peixe”, esperando vê-lo(a) como leitor da bela poesia Deciana, que merece sim percorrer longos e novos Caminhos. Não sem antes dizer-lhes, repetindo o crítico e amigo do poeta (Oscar Sabino Jr.): “A poesia parecia a ele [J.Décio], como também pareceu a Rainer Maria Rilke (o canto é a existência) um processo da existência em ação e, por isso, distante do pensamento participante…  Para ele, como para Rilke, a poesia era uma escolha de destino exigente dos maiores sacrifícios.”

O Peixe, poema de J. Décio Filho

O PEIXE, poema que se pode ler às pág. 99/100 da 3a.ed. de “Poemas e Elegias”, editora Caminhos, Goiânia, 2014.

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Fonte principal deste artigo: livro “Poemas e elegias”. Editora Caminhos, Goiânia, 2014. (c) Família José Décio / editora Caminhos.
Autor: José Décio Filho
Acabamento: Brochura
Formato: 13×18 cm
​Páginas: 128
ISBN: 978-85-68071-02-1
∼|∼

Grave elegia

As coisas só me penetram

quando estou livre e humilde.

As ondas, as músicas mais simples,

os longes,íntimas palpitações

de um mundo sem idade,

vêm aninhar-se no meu peito

como asas fluídicas da vida.

Depois vou-me embora,

leve e corajoso.”

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Fonte: DÉCIO Filho, José. (1918 — 1976) – “Poemas e Elegias“, Editora Lastri/Premio Caixego, 1979, pág. 29. Mais sobre o autor.