…Inteligentes e bem apanhadas pelo professor-Doutor Ademir Luiz, da UEG, colaborador do Jornal Opção (Goiânia).
Fica o convite para que meus seis leitores leiam a entrevista – clique no link para ler.
“Por meio da obra de Karleno Bocarro, é possível compreender os males da crença no coletivismo e da muleta do escapismo”
“Na obra, o centro do mal não decorre da ação política do protagonista
ou das demais personagens, mas sim provém de dentro da alma destes.”Confira no link abaixo (clique na figura para ler o artigo em Opção Cultural, ed.2162)
(*) Para adquirir o livro, clique no link da editora É Realizações.
“Na literatura há também montanhas e brisas. Os livros que encontramos são, na maior parte, como as correntes de ar; e sua leitura tem a brevidade e o enfado de uma gripe. Leu-se, sofreu-se, acabou-se…”
(G. Corção)
Pensando nisso (como um Twitt estendido), ao lembrar o dia em que fechei a leitura deste autor admirável e um livro doloroso (un tissu pas legère), que me deixam a pensar na frase do Corção e em muito mais, sofrimento que persiste. Léon Bloy é, certamente, mais do que uma corrente de ar.
3 Alqueires + 1 vaca.
Essa fórmula romântica de um distributivista de direita tem mais dicas de vida e ficção do que de economia.
Convenhamos, há que se considerar como verdade absoluta que “o leitor desejado pelo escritor é o que recebe o livro como carta que esperasse há muito tempo“.
É claro que um livro nem sempre “traz a força de uma resposta” – como pretende Corção.
Partindo da frase de Stevenson de que “o livro é uma carta particular aos amigos do escritor… e o público é apenas o generoso patrocinador das despesas postais“, Corção elabora sobre os segredos da escrita…
O leitor desejado pelo escritor é, pois, o que recebe o livro como uma carta pessoal, que esperasse há muito tempo… Então, quando isso acontece (eu o digo como testemunha desse evento, não só com este livro, mas principalmente “A Descoberta do Outro“), “uma profunda reorganização se opera em nossa vida“.
Então, é o momento que o leitor termina a leitura saboreando a frase inaudita: “eis o livro que eu queria ter escrito”. Ou, frase ainda mais generosa e grata: “este é o livro que foi escrito PARA MIM…”
Há ainda, nas obras ditas por Corção ( e válidas para todos nós ainda hoje ) como GENUÍNAS uma espécie de REFRAÇÃO, quando nós leitores autênticos vemos no que lemos um reflexo dos livros que já temos como LIDOS e ASSIMILADOS.
O fato final, diz GC, é que “na cultura universal corre uma seiva comum, tornando as obras comunicantes e comunicadas“.
No entanto, este livro lido e amado continua decisivo e interessante porque situado como todo livro deveria ser “um objeto situado no mundo espírito” . Corção sempre viveu na contra-corrente e afirmar que obras de arte formam uma “trama orgânica”, citando obras díspares e autores de espectros políticos diversos mostra a generosidade e capacidade crítica de GC, juntando no mesmo pack da obra de Otávio Faria (tão esquecido!): Homero, Tertuliano, Santo Agostinho, Erasmo e Pascal, Verlaine e Proust…
Essa a essência do capítulo “Há uma carta em cada livro”. Essa a essência da leitura em todos os livros essenciais.
Por tudo isso e muito mais para quem achar e ler esse opúsculo, esse livro foi escrito pra mim… nascido 2 anos depois de sua edição (53) e lido bem recentemente, com muita emoção. Como quem repetisse o bordão: esse livro foi escrito para mim!
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Fonte: CORÇÃO, Gustavo. “Três Alqueires e Uma Vaca”. Ed. Agir, RJ, 1953. pág. 26 e ss.