Da série Queres Ler o quê? (v) – “Sangue Sábio”

SANGUE SÁBIO (WISE BLOOD)*

POR MUITO TEMPO ouvi falar de Flannery O’Connor nos meios católicos do Brasil, sem nunca ter encontrado um livro dela traduzido para o português. Li trechos de obras, algumas amostras em inglês, mas nada que me levasse (ou trouxesse) um romance ou um livro de contos às mãos.

Em Maceió, passeando pelos sebos – na verdade, uma corrida, pois era próximo da hora do fechamento e os livreiros têm medo de permanecerem abertos muito após 17h30, quando proliferam os  assaltos na região; pois bem, lá na capital das Alagoas encontro por uma pechincha este “Sangue Sábio” que arrematei (por ótimo preço) junto a outros dois livros que me interessavam (um A.J. Cronin e uma antiga edição portuguesa das Confissões, de Agostinho, em bom estado de conservação).

Bem, eis-me, finalmente, diante da Sra. O’Connor.

flannery-oconnor_perfil

A noção da liberdade não pode ser percebida facilmente. Trata-se de um mistério, o qual um romance, mesmo cômico, deve necessariamente explorar” (Flanney O’Connor).

Seguindo um conselho do professor Olavo de Carvalho, coloco o livro de lado, para voltar com um comentário mais denso depois. Nem por isso, não estou ainda vivendo com os personagens, rindo das suas peripécias, das trapaças e pensando muito nos personagens – sobretudo nesse menino Hazel Motes e em seus (também da autora, por certo!) conflitos existenciais, suas dúvidas atrozes entre o sentido da vida prática (o que o tradutor chama de “vida secular” e o “sentido religioso” da vida – que eu prefiro chamar de Destino.

Pois é justamente sobre o Destino que o professor Rodrigo Gurgel lembrou-nos em pequena nota sobre Flannery que:
“A Graça é o acontecimento perante o qual o homem entende o seu destino, o seu verdadeiro destino”

Originária do Sul dos EUA, como Thomas Wolfe e Faulkner para só citar dois sulistas, a sra. Flannery O’Connor é a menos prestigiada pelos nossos tradutores – enquanto os citados por O’Shea (incluindo Clemens, Porter, McCullers, Welty e Caldwell) têm vários livros traduzidos e até mais de uma versão no Brasil ou Portugal.”É deveras surpreendente que, até a publicação de “Sangue Sábio”, nenhum escrito de Flannery O’Connor houvesse sido publicado em português.Tal vazio é inexpicável…” – arremata J.R. O’Shea para justificar seu trabalho.

O vácuo preenchido representa parte da tese de doutoramento de J.R. O’Shea que é Ph.D. em literatura anglo-americana pela Universidade da Carolina do Norte (EUA). De 2002 p’ra cá, as editoras parecem ter redescoberto Flannery O’Connor que teve outros livros traduzidos no Brasil.

Fiquem por ora, com essa pequena nota, enquanto eu reuniria reflexões para confirmar minha tese: uma católica escritora que vale a pena ser lida – seu nome Flannery O’Connor.
Livros de O’Connor em Português na EstanteVirtual.

http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/352/literatura-e-cultura

O que ainda espero ler:

Sobre o primeiro, edição da Cosac Naify, tem posfácio de Cristovão Tezza e traz a seguinte ficha biográfica:Flannery O’Connor (1925-1964)  – É considerada uma das maiores escritoras norte-americanas do século XX. Nascida na Geórgia, Sul dos Estados Unidos, onde passou toda a sua breve existência – interrompida pelo lúpus aos 39 anos de idade -, sua obra consiste em dois romances e nestes 31 contos traduzidos por Leonardo Fróes, oitavo título da coleção Mulheres Modernistas, que a Cosac Naify lança agora em sua primeira edição integral no Brasil. Os contos de O’Connor, gênero em que adquiriu maestria, abordam, essencialmente, a religião (ela era católica numa região predominantemente protestante), o racismo (ela era branca e filha de proprietários de terra) e a violência, sempre numa atmosfera de extremo realismo. Como observa o escritor Cristovão Tezza, no posfácio escrito especialmente para a edição, “ela é curiosamente mais moderna que Faulkner (…) não é a dimensão divina que é seu objeto de literatura, mas o homem que pensa sobre ela”. O volume inclui fotos da autora, indicações de leitura e bibliografia.

++++
Fonte: O’CONNOR, Flannery. Sangue Sábio. Trad. José Roberto O’Shea. – S. Paulo : Arx, 2002. 227 páginas.

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“Destino Palavra” em Goiânia

Diletos amigos do meu blog:

A presença de vocês me deixará ainda mais feliz!
Venha participar do coquetel. Estarei autografando a partir das 19h30.
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O livro tem posfácio do mestre (doutorando) Francisco Perna Filho.
Capa e projeto gráfico – Mário Zeidler Filho.
Revisão – Sérgio Marinho.
Edição – Beto Queiroz Livros , 88 p.
logobeto

Os Salmos e a insônia

Refletindo sobre os Salmos, em companhia de Sergio de Souza e seus amigos.
Leia no Blog O CamponêsJanela_Solidão

Para ler na Quaresma

Dreamstime3cruzes (2)  Por vezes penso em Ti
Ou: Tua dor assim sentida

Ao pensar no Teu Sacrifício
repito: não há suplício igual a
essa dor – símile, impingida.
HḠentanto, uma alegria
em tamanha dor sentida.

 

Mesmo o pagão, incréu,
reconhece a paga recebida.
Se as escamas dos olhos
caem; se do cavalo é descido.

Incompreensão é um lenço
embebido em vinagre, sabem:
os que o Cordeiro mutilaram.
Longe e calmo o Verbo ouvia.

O clamor na Cruz emitido.
O Filho de Deus a tudo tolera
para que ao fim o homem viva.

Morte e vida; céus rasgados
de alto a baixo feito seda.
O silêncio do sepulcro aberto
foi a coda de tal infâmia finda.

Ressuscitou! Disseram mulheres
e o mundo as seguiu, em páscoa –
Eia que imensa luz assumida!

Do cordeiro ao homem unindo, a
dor reata Deus e criatura decaída
Há na dor uma contrapartida:
Tu e Eu atados em fio de Vida.

****
Literatura Goyaz / Adalberto de Queiroz (org.). – Goiânia: Edit. Livres Pensadores, 2015, p.19.

No mínimo…#28

o espaço*Espaço_Poema2016

*Adalberto de Queiroz,  Cadernos de Sizenando, vol. II, 2016.

Imortal Jorge de Lima, apesar de a Academia achar que não!

LEIA-SE, dizia Manuel Anselmo em 1939, no Ensaio de Interpretação Crítica sobre A Poesia de Jorge de Lima:

Poema “Acendedor de Lampiões”, do livro XIV Alexandrinos (1907)
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
****************************************
Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à lua
Quando a sobra da noite enegrece o poente.

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!

—–
“LEIA-SE, com atenção, esse seu [dele, Jorge] célebre soneto “O Acendedor de Lampiões”, que consta hoje de várias antologias brasileiras…Aqui está, afinal, uma atitude de solidariedade humana que não destoa daqueloutra que consta dos seus poemas negros, por exemplo, “Pai João”, e se continua, com intensidade, nas páginas do seu romance “Calunga”. Além disso, esse soneto acusa uma facilidade verbal que não é, aliás, irmã dos esforços deslumbrados desses ourives florentinos que foram os parnasianos. Erradamente se apelidou, pois, de parnasiana, uma experiência que foi, afinal, clássica e tradicional.”

(*) Transcrito de Jorge de Lima, Poesia Completa, vol. I, p.37/8.

Assim foi a “1a. Noite Cultural Acieg/Ube-GO – Homenagem a Augusto Frederico Schmidt

AMIGOS da Acieg e da Ube; diletos associados e escritores – recebam meu mais sincero “Muito Obrigado!” pela acolhida e o carinho que demonstraram participando da organização e da celebração da 1a. Noite Cultural – “Homenagem a Augusto Frederico Schmidt”.

À Fundação Yedda & Augusto, meu muito obrigado por repercutir.
Aos parceiros do evento, um super-Obrigado, em especial a Mário Zeidler Filho e Editora Livraria Caminhos.

Homenagem a Augusto Frederico Schmidt (pág.1)

Homenagem a Augusto Frederico Schmidt (pág.1). Editora Caminhos.Acieg/Ube.Org.  Adalberto de Queiroz.

Que venham outras noitadas de poesia na Acieg.
Saiba como foi o evento no site da Acieg.
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Colagem Schmidt, Acieg

Colagem de momentos da Homenagem a Augusto Frederico Schmidt, Acieg, Goiânia, 21/MAI/2015.


**Obs.: Sobre o Poema Falado do vídeo –

Trechos de Soneto sobre a Luz (e não ‘Luz do Mar’, como os técnicos fizeram constar sobre o vídeo).

Poema Falado – vídeo.

São Bernardo de Clairvaux (i)

ESTUDANDO a vida e a obra de São Bernardo de Clairvaux (Claraval, Fr)…. +++++++++Encontramo-nos com a força da FÉ e da persistência. O Amor a Deus que se transforma em ação tranformadora ++++++++++++++++++++++++

No domingo de Páscoa de 1113 uma grande comoção toma conta de uma multidão à porta do Mosteiro de Burundy… Um pequeno ‘exército’ de jovens nobres não procuravam o mosteiro para resolver uma disputa de terras (o que era comum naquele tempo), mas para apôr

seus nomes entre aqueles que gostariam de se juntar a Bernardo numa vida consagrada no Mosteiro.

ELES eram 30 companheiros que começaram a ordem dos Cistercenses. Monges que, apenas 40 anos, multiplicaram-se e se transformaram em milhares, vivendo uma vida consagrada em mais de 340 mosteiros em 1153, quando o “Santo Difícil” – como foi alcunhado Bernard de Clairvaux, faleceu.

============ Grande força de persuasão, firme, assustador, às vezes super-influente – essas características de São Bernardo – fizeram-no receber o epíteto de “Difícil”. Conta as hagiografias que até as mães dele escondiam os filhos, temendo que à força do convencimento (não da imposição) Bernard os levasse ao convento ou à Cruzada. ______Foi a 2a.cruzada que o levou à depressão. Com a débacle da expedição em 1148, Bernard se recolhe para escrever, em importante e decisiva contemplação, seu principal tratado – “On Consideration” (circa 1148-53). Além de sermões, tratados (como este), deixou-nos o santo mais de 500 cartas.*****”Cântico dos Cânticos” é seu Sermão mais conhecido e divulgado – foi a inspiração dos anos de maior recolhimento e preparação para a morte, ocorrida em 1153. S.Bernard de Clairvaux, inspiração para dias difíceis e espírito inundado da presença de Deus.+++++ SEU homônimo, prof. Bernard McGinn, meu amado e respeitado professor na UNM Continuing Education é uma autoridade em doutores da Igreja e das notas de conferências e do livro “The Doctors of the Church” (Crossroad Book, 1999, p.107/111).

Ver CapaBernardMcGinnBernard-of-Clairvaux_Manuscritomais

lendo The Doctors of the Church: Thirty-Three Men and Women Who Shaped Christianity.SBernardo_CanticoDosCanticos Bernard-of-Clairvaux_Manuscrito SaoBernardo

Post ligeiros (3) – Georges Bernanos

…Mas o coração do mundo sempre está batendo.

O escritor católico-francês Georges Bernanos.

O escritor católico-francês Georges Bernanos.

A infância é esse coração. Não fosse o gentil escândalo da infância, a avareza e o ardil teriam, em um século ou dois, exaurido a terra.

Georges BERNANOS, em “Joana, Relapsa e Santa”, É Real.Editora, S.Paulo, 2013. Trad. por Pedro Sette-Câmara.

Segundo o release da É Real. Editora: “Em Joana, Relapsa e Santa, a exaltação de Joana d’Arc assume para Bernanos a figura de uma dupla meditação sobre a Igreja: Igreja de clérigos e Igreja de santos.

“No caso de Joana d’Arc, a Igreja pura e simplesmente condenou uma santa. Que Igreja? Bernanos aponta o dedo para a Igreja institucional, de que faz um retrato nada lisonjeiro. No entanto, não coloca a instituição de lado; ela, apesar de sofrível, é necessária. Porém, “o menor dos garotinhos de nossas catequeses sabe que a bênção de todos os homens do clero juntos somente levará a paz às almas já dispostas a recebê-la. Rito nenhum dispensa de amar”.
*******(Mais tarde, volto comentando como resumo de minha leitura. Por ora, a impressão que tenho é a de que estou diante de um pequeno grande livro – 48 páginas de um Bernanos que não deixa pedra-sobre-pedra do processo do pessoal da Igreja contra a santinha, os clérigos ‘bien-pensants’ contra a menina “relapsa e Santa…”).

Pâques des martyrs

Ce message chrétien, du miracle envers et contre la raison et les apparences, s’adresse me semble-t-il à tous les hommes par delà les frontières et les religions. Il n’a jamais peut-être été aussi vivant et indispensable qu’aujourd’hui.
PAZ, PEACE, PAIX, sans martyrs!

Maxime Tandonnet - Mon blog personnel

téléchargement (1)En ce jour de Pâques 2015, qui n’a rien de joyeux, toutes nos pensées sont tournées vers un seul horizon: celui des chrétiens martyrisés dans le monde. Depuis la proclamation de l’Etat islamique en irak, 600 000 chrétiens ont dû fuir leur maison, des milliers ont été massacrés, torturés, réduits en esclavage (Le Monde 21 juillet 2014). Le 2 avril 2015, 142 étudiants chrétiens sont exterminés par les Shebab sur le campus de Garissa au Kenya. Le 15 février, 21 coptes sont décapités sur une plage libyenne par Daesh. Le 4 novembre 2014, au Pakistan, un jeune couple de 24 et 26 ans est immolé dans des conditions d’une atrocité innommable. Le 24 octobre 2014, 31 chrétiens sont tués dans deux églises au Nigéria, etc. Au total, on estimait en 2013 que 100 000 chrétiens étaient assassinés chaque année pour leur foi (le Monde 28 mai 2013), des centaines d’églises…

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