Fundamentos da liberdade (3) – Russell Kirk

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Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem decaiu por conta da desobediência, e o pecado original cometido tornou o que naturalmente é bom em um ser humano falho. Adão o provou, Eva idem; nós os seguimos, pois somos “filhos de Adão e filhas de Eva”. Não há, pois, país perfeito porque não há governante perfeito, em decorrência não há aliado perfeito.  João Camilo de Oliveira Torres: “o governante – seja qual for o regime político e o sistema de governo – está sujeito a erros e enganos de toda sorte”. Afinal, pela doutrina cristã do pecado original, todos estamos sujeitos a enganos e erros de toda sorte e por conta do pecado é que foi inventado o “regime legal”

Continue lendo, via Fundamentos da liberdade (3) – Jornal Opção

O livro de Kirk traduzido por Alex Catharino é uma boa introdução ao pensamento do conservador norte-americano e um diálogo entre Kirk e o poeta T.S. Eliot

Conservadores – o que nos une?

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Livros, a lista 2015

ESTE ANO como há muitos outros...
Eis a lista, que de resto serve a muito pouco. 2 ou 3 comentários e lixo!
O que importa é que se algum moço ou moça pelo Brasil afora tomar essa lista e procurar ler um livro por mês no ano que se segue, o blogueiro terá cumprido sua missão.
Separei este ano apenas 12 livros – nem todos dados como lidos, concluídos – pois que alguns são livros de consulta e de estudo.
A tônica de 2015 foi mesmo a de que estivemos diante de um bom ano para os conservadores. Muitos bons livros que não constam da lista – pela rigidez que me impus do número 12 atestariam essa afirmação. O catálogo de editoras como a É Realizações, Resistência Cultural e outras “alternativas” – como Concreta; o vigor de uma revista como “Nabuco” e um certo destemor na expressão de setores do pensamento nacional que pareciam sufocados pela política editorial-educacional do governo no poder são outras evidências objetivas disto.

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Livros novos ou antigos – o conservador ganhou espaço nas estantes das livrarias e editoras.

2015 – deve (e para mim foi) lembrado como o ano do Cinquentenário do livro 1 da lista – “Sonetos”, de Augusto Frederico Schmidt e da morte do autor. Este blog tem uma boa memória sobre o assunto, pois com Caminhos Livraria e Editora produzimos um livreto sobre a efeméride.
O livro 2 – é “Esquecidos & Superestimados” de Rodrigo Gurgel, o professor que realizou o prodígio de nos fazer  voltar a ler boa crítica literária em português do Brasil – no dizer de Bruno Garschagen, agradecimento feito na “orelha” do livro e que endosso, quando mais não fosse pelos ensaios sobre Euclides da Cunha e Coelho Neto.
3 – A Beleza Salvará o Mundo (Gregory Wolfe) – um estilo próprio para dizer o que precisamos em meio ao ruído ideológico das guerrilhas, elevando o debate e marcando estilo próprio. Não, não é um pastiche de Bloom como este não o foi de Mortimer Adler…Escritor, professor e editor, Wolfe é um dos pioneiros do ressurgimento do interesse na relação arte e religião.
4 – A Poeira da Glória – Um Martin Vasques da Cunha para ser estudado. Livro de referência. Como anda na contra-mão da crítica tupiniquim, há de desagradar a muitos. O curriculum do autor e a qualidade do texto devem enriquecer meu 2016.
5 – Bruno Garschagen – fez-me sedimentar uma intuição. O que eu já imaginava – que “governo nos olhos dos outros é refresco” – se confirma; foi por isso que acompanhei com prazer a leitura de “Pare de Acreditar no Governo”.
6 – JÚLIO MESQUITA e seu tempo – de Jorge Caldeira, vol. 1 – o Jornal de prelo locomotores e República; seguido de outros 3 volumes. Do primeiro posso dizer que há sim interesse por um catatau sobre a história do criador de O Estado de São Paulo, porque o que se conhece não é apenas o jornal (do qual sou leitor e assinante) mas o país do período retratado e este assino deste pequenininho – como nacionalista não eufórico.
7 – G.K. Chesterton – “Contos de fadas e Outros Escritos” – outro exemplo de retomada da obra de um conservador na mão de uma editora alternativa, publicação via crowdfunding – sem dinheiro de governos e bancado pelos leitores, como este blogueiro.
8 – Javier Marías – “Assim começa o mal” – Uma ficção de valor que é para a vida se movimentar em pura imaginação. Neste caso pecaminosa e soberbamente bem escrita. O desejo é o pano de fundo da história, tal como “é um dos motores mais poderosos da vida”. Uma outra Beatriz que não move o poeta mas um ficcionista de valor – um dos que dominam plenamente sua arte.
9 – O diário sentimental de uma viagem ao Chile será sempre lembrado pelos bons livros que de lá trouxe. Em minha viagem, relatada aqui e no jornal Opção, cito este e outros livros. O Antologista Erwin Díaz nos prova com “Poesia chilena de hoy” que o pequeno país costeiro tem, além de dois prêmios Nobel, uma rica poesia, além e apesar do icônico Pablo Neruda.
10 – Dona Adélia – Poesia Reunida. A paixão do verso e a postura civica me fazem amar esta cidadã. “Lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo” – tenho que concordar em como Drummond colocou-a em verso definida.
11 – “A vida intelectual” – Há muitos anos recebi um arquivo pdf com este texto que agora a É Realizações traz a lume. O padre e educador A.D.Sertillanges é para ser lido, relido, estudado e tido à cabeceira. Evoé, editores, por este “livro dedicado a todos aqueles que desejam uma vida pleana…” Eu me senti incluído e feliz com a edição.
12 – Olavo de Carvalho – “A  dialética simbólica”. Sim, não se assuste amigo de formação e prática política. É muito bom esse livro, apesar de ser uma seleta de artigos, anotações de aulas e que ficariam dispersos não fosse o esforço do pensador e do editor de reuni-los em livro “de grossa lombada”. Mesmo que considerados “escritos menores” esses textos trazem a marca de “um dos mais originais e audaciosos pensadores do Brasil”. Eu sou muito grato ao professor Olavo por ter acompanhado seu (dele) COF – não a tosse! – mas o Curso Online de Filosofia e com ele aprendi muito. Se você conseguir passar por sobre a camada de verniz que o nome recebeu – como os móveis antigos de bom Carvalho devem receber – perder o preconceito, há de descobrir um pensador original e um provocador que nada tem de sisudo mas que pode e deve ser levado a sério para pensarmos o país.

De resto, Boas Leituras a você e um 2016 de reencontro com a Essência.
Abraço fraterno

Beto Queiroz

Poesia Falada também é Poesia…É o declamador que vai acordar os poemas prisioneiros das páginas dos livros antigos (e nem tanto…).

É hoje a homenagem ao poeta Augusto Frederico Schmidt

Schmidt & Ortega Y Gasset

Schmidt & Ortega Y Gasset

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Cartas do cotidiano-Sobre Bernanos e os teólogos da corte…

Caderno de notas do cotidiano

EU e o JORNAL DIÁRIO: uma carta publicada no jornal local de Goiânia (GO), Brasil.

Carta ao Popular, Goiânia

Adalberto Queiroz a’O Pop, Goiânia.

Georges BERNANOS sempre atual
BERNANOS e os sacerdotes da Igreja!

Donissan e Cénabre: exemplo e contra-exemplo da conduta cristã.

Sobre Bernanos e a prática dos sacerdotes hoje…
Carta a’O Popular (Goiânia-GO).

Ideologia de Gênero e a destruição da família

Um alerta que o Papa Francisco já havia feito sobre o tema:

Agência ZENIT:

A ideologia de “gênero” prega, em matéria sexual, a “liberdade” e a “igualdade”. A “liberdade”, porém, é entendida como o direito de praticar os atos mais abomináveis. E a “igualdade” é vista como a massificação do ser humano, de modo a nivelar todas as diferenças naturais que existem entre o homem e a mulher.

A origem da ideologia de gênero é marxista. Para Marx, o motor da história é a luta de classes. E a primeira luta ocorre no seio da família. Em seu livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), Engels escreveu:

Em um velho manuscrito não publicado, escrito por Marx e por mim em 1846, encontro as palavras: ‘A primeira divisão de trabalho é aquela entre homem e mulher para a propagação dos filhos’. E hoje posso acrescentar: A primeira oposição de classe que aparece na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher unidos em matrimônio monogâmico, e a primeira opressão de classe coincide com a do sexo feminino pelo sexo masculino[1].

Dentro da família, há uma segunda opressão – a dos filhos pelos pais – que Marx e Engels, no Manifesto Comunista (1848), pretendem abolir: “Censurai-nos por querer abolir a exploração das crianças por seus próprios pais? Confessamos esse crime”[2].

Fiel à sua raiz marxista, a ideologia de gênero pretende que, em educação, os pais não tenham nenhum controle sobre os filhos. Nas escolas, as crianças aprenderão que não há uma identidade masculina nem uma feminina, que homem e mulher não são complementares, que não há uma vocação própria para cada um dos sexos e, finalmente, que tudo é permitido em termos de prática sexual.

Note-se que a doutrina marxista não se contenta com melhorias para a classe proletária. Ela considera injusta a simples existência de classes. Após a revolução proletária não haverá mais o “proletário” nem o “burguês”. A felicidade virá em uma sociedade sem classes – o comunismo – onde tudo será de todos.

De modo análogo, a feminista radical Shulamith Firestone (1945-2012), em seu livro A dialética do sexo (1970), não se contenta em acabar com os privilégios dos homens em relação às mulheres, mas com a própria distinção entre os sexos. O fato de haver “homens” e “mulheres” é, por si só, inadmissível.

Como a meta da revolução socialista foi não somente a eliminação do privilégio da classe econômica, mas a eliminação da própria classe econômica, assim a meta da revolução feminista deve ser não apenas a eliminação do privilégio masculino, mas a eliminação da própria distinção de sexo; as diferenças genitais entre seres humanos não importariam mais culturalmente[3].

Se os sexos estão destinados a desaparecer, deverão desaparecer também todas as proibições sexuais, como a do incesto e a da pedofilia. Diz Firestone:

O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a família; então, se nós acabarmos com a família, na verdade acabaremos com as repressões que moldam a sexualidade em formas específicas[4].

Os tabus do sexo entre adulto/criança e do sexo homossexual desapareceriam, assim como as amizades não sexuais […] Todos os relacionamentos estreitos incluiriam o físico[5].

Por motivos estratégicos, por enquanto os ideólogos de gênero não falam em defender o incesto e a pedofilia, que Firestone defende com tanta crueza. Concentram-se em exaltar o homossexualismo.

Ora, não é preciso uma inteligência extraordinária para perceber que os atos de homossexualismo são antinaturais. Nas diversas espécies, o sexo se caracteriza por três notas: a dualidade, a complementaridade e a fecundidade.
Continue lendo os números citados estão na matéria original de Zenit (*) ou siga para o Blog abaixo:

*** ASSINE A PETIÇÃO CONTRA A IDEOLOGIA DE GÊNERO:

 http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.

Presidente do Pró-Vida de Anápolis.

Ideologia de Gênero e a destruição da família.

T.S.Eliot (ii), 1959, Paris Review

Aos interessados na figura e na pessoa do poeta Thomas Stearns Elioteliot-na-velhice, há hoje um grande acervo para estudo da vida, das idéias e da vida diária do poeta. Muito se escreveu a respeito de T.S. Eliot (1888-1965). A entrevista linkada abaixo, conduzida por Donald Hall, na edição Spring-Summer da Paris Review de 1959 pode ser um bom guia para começar a conhecer Eliot, incluindo até seu senso-de-humor.
Eu próprio já fiz um postzinho bem datado sobre o poeta de “Four Quartets”.
Paris Review – The Art of Poetry No. 1, T. S. Eliot.
(em inglês).

Mas a melhor introdução à vida, às idéias e às obras do poeta norte-americano Capa de TSEliot_Russell Kirk
estão mesmo no livro do conservador Russel Kirk (1918-1994): “A Era de T.S.Eliot: A Imaginação Moral do Século XX”(*).
Este livro pode ser considerado a obra-prima de Russel Kirk, diz o Alex Catharino na apresentação da edição brasileira do livro. Autor do clássico “The Conservative Mind”, Kirk representa para os EUA o que Edmund Burke foi para o conservadorismo na Inglaterra.

A apresentação do livro é uma pequena jóia sobre a obra e a vida de Russel Kirk – “A Vida e a Imaginação de Russel Kirk” – e faz o leitor ficar interessado em um livro referência – a autobiografia de Russel Kirk “The Sword of Imagination” (1965); ousaria dizer mesmo que a apresentação de Catharino é um pequeno grande livro dentro de outro. Um bônus para quem gosta da obra de Eliot e aprecia o autor Russel Kirk e de quem pouco sabíamos até então,  além do clássico citado acima.

O desafio de traduzir a obra de Russel Kirk para a língua de Camões é contado por Márcia de Brito, em nota inicial (p.105/6), principalmente, no que respeita às citações de passagens das obras de Eliot (poesia, teatro, ensaios etc.).

Eliot By Ivan JunqueiraCom muita propriedade, Márcia lança mão de traduções anteriores já consagradas e trazidas para o nosso idioma
por gente do peso de Ivan Junqueira, o poeta que nos deu
T.S. Eliot, Obra Completa – vol. 1: Poesia;
bem como lança mão da tradução de outro poeta –
Ivo Barroso – para o vol. 2 da Obra Completa: Teatro. /School

Ao denunciar o vazio de traduções dos ensaios e textos de Eliot, Márcia conseguiu o feito de arrancar da “É Realizações” a promessa de que os amantes de Eliot teremos traduções de “Notes Towards the Definition of Culture”, “The Idea of a Christian Society” e tambem de “The Use of Poetry and the use of Criticism”.  Soube pelo César Miranda que as notas sobre Cultura foi lançado. De fato, vale a pena acompanhar o cumprimento do restante das promessas do Editor da “É Realizações”. Thumbs up

Por ora, deixo-vos com essa pequena introdução, prometendo voltar com Notas sobre “A Era de T.S.Eliot”. Estou de acordo com o sr. Alex Catharino e espero que esta nota leve o leitor a procurar o livro que entusiasticamente recomendo:

Eliot Meia_IdadeA Editora É, ao iniciar a publicação dos livros de Russel Kirk no Brasil com o lançamento (deste) “A Era de T.S.Eliot…”, mais uma vez disponibiliza aos leitores de língua portuguesa uma obra fundamental que recorda as verdades do ‘contrato primitivo da sociedade eterna’. (…) este excelente trabalho editorial, feito por Edson Manoel de Oliveira Filho, reconhece Catharino o faz “patrono das coisas permanentes” por “ter reunido vários remanescentes em uma importante cruzada na tentativa de reverter o processo de ‘desagregação normativa’ no Brasil, o que o torna, de certo modo, companheiro da mesma batalha intelectual de T.S. Eliot e de Russel Kirk…”

++++
(*)Paris Review-59Fontes: KIRK, Russell. “A Era de T.S.Eliot: A Imaginação Moral do Séc. XX”. São Paulo, É Realizações Editora, 2011.
Website da “Paris Review”, acervo, 1959.
Au revoir, chers amis!Note

Des(Ordem)

O Brasil está se desencontrando, novamente… Uma revolução (dita de Vinagre) nos leva ao vinagre . Queimamos etapas, como sempre. Alguém manipula com esperteza os jovens insatisfeitos e os “maduros” sem conteúdo para compreender a manipulação. Os protestos em todo o canto do país nos dão a dimensão da falta de ordem interior, da massa sem liderança… solta ao sabor dos instintos “de massa”. Muito pacífico, muito ordeiro, tudo … no Brasil. E a Goebells News traduziu tudo como um país que Sérgio B. Hollanda sonhou – o país do brasileiro cordial… será?! Confiram. E agora, a polícia é a vilã, porque usa “balas de borracha”… e os marginais são os “heróis”… Come on, brasileiros. Eu não tenho nenhum orgulho de ser brasileiro no meio dessa baderna. Eu gosto da Ordem. E Ninguém se lembra do nosso pavilhão nacional: Ordem e Progresso (nada tão irreal no país)!

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/protestos/2013/cobertura/

Excertos de uma palestra irreal

Tese 2 e caminhos (2.3)
O universo das palavras – eis a chave!
O mundo dos negócios se subordina a este universo.
O ambiente de negócios é a realidade que se constrói como um ecossistema através das ideias e das palavras.
As portas se abrem ou se fecham pelo poder das palavras (resgatar a frase de Balzac que eu próprio não me lembro…rs!)
A sintese balzaquiana (resgatada por minha mulher): “As palavras são a roupa da personalidade”.

Portanto, parece que o sucesso é uma função de como você usa suas palavras. Que me perdoem os mudos, mas pelo menos a palavra parece ser uma das mais importantes variáveis do êxito em muitas profissões, sobretudo no comércio.

Portanto, parece que a palavra é uma das importantes variáveis para o sucesso.

Palavra ao pensador tcheco-brasileiro Vilém Flussén:

“O intelecto ´sensu stricto` é uma tecelagem que usa palavras como fios…”

O intelecto ´sensu lato´ tem uma ante-sala na qual funcionam uma fiação que transforma algodão bruto (dados dos sentidos) em fios (palavras). A maioria da matéria-prima, porém, já vem em forma de fios.
Seus “vocábulos da realidade” virão de resgatar “seus fios de algodão tecidos na mente”

(Fonte: aqui mesmo  no Blog do Beto – http://bit.ly/sPKFgw).


Seus “vocábulos da realidade” virão, pois, resgatar
seus fios de algodão tecidos na mente

(V. Flussén http://bit.ly/sPKFgw).

POSSO com certeza, como o personagem Piscine do filme “As Aventuras de PI”, afirmar que se sobrevivo até aqui é porque a Divina Misericórdia e as palavras foram generosos com um menino órfão e pobre que se fez o empresário de (relativo) sucesso e um profissional respeitado, que – principal e essencialmente – fez muitos amigos ao longo desses 56 anos de vida.

A minha vida, de todo modo, tem sido a confirmação de que a ideia move o mundo (o meu pequeno mundo), como desde a compreensão da cosmogonia judaico-cristã – na qual creio profundamente! Cremos que assim sucede as coisas: a ideia veio ao Criador para depois ‘ver que era Bom’ e assim também que era Bom – o Bom e o Verdadeiro que eram desde o princípio.

No início, desde o Gênesis, sabemos que Deus deu sentido à “face do Abismo”. Sabemos ainda que a Sabedoria vagava sobre a superfície das águas. Nós também precisamos investir contra a falta de tempo e a inércia para pensar com sabedoria sobre a vida e mesmo assim quando somos apenas pequenos comerciantes num mundo de grandes (big) empresários…

Meu desejo sempre foi abrir uma palestra (virtual) como esta com versos da poetisa norte-americana Emily Dickinson que agora projeto na tela (em letras grandes)

“Uma palavra morre
Quando é dita –
Dir-se-ia –
Pois eu digo
Que ela nasce Nesse dia.”

(Emily Dickinson)”

Além desta citação (entre tantas que vocês vão ser reféns no próximo quarto de hora). |TRAGO comigo essas duas para iniciar minha alocução hoje.

A linguagem é “morada do ser”,

como a nomeia Heidegger.

COM frases de uma poetisa e de um pensador, lembro que não estarei delirando em tentar (ensaio = tentar) essa aproximação porque desde tempos memoriais o mundo dos negócios é fundamentado na palavra.

Antes que existessem os advogados e os escritórios especializados em direito comercial, as pessoas firmavam seus negócios com a palavra. Daí, pois, o surgimento das expressões:

– Eu te dou minha Palavra!
– Palavra de Honra!
– E o elogio maior a quem firmava um contrato “com um fio do bigode” e, ao cumprir o trato, era dado como Um Homem de Palavra.

E, ainda me apoiando em outro pensador – o tcheco-brasileiro Vilém Flusser – a quem retornaria outras vezes nesses próximos 15 minutos:
“Se definirmos ´realidade´ como ´conjunto dos dados´, podemos dizer que vivemos em realidade dupla: na realidade das palavras e na realidade dos dados ´brutos´ ou ´imediatos´. Como os dados ´brutos´alcançam o intelecto propriamente dito em forma de palavras, podemos ainda dizer que a realidade consiste de palavras e de palavras  ´in statu nascendi´.” (Vilem Flusser, Língua e Realidade (1963).

Meu desejo, pois, caros ouvintes, nesta palestra que seria feita (ou será um dia) no TED-x PUC/GO é refletir sobre realidade dos negócios e o mundo das palavras (salvação de todo uma mesmice que pode ser o comércio per si).

O que é negócio e como podemos de forma tranquila fazer a defesa da livre iniciativa no Brasil, num momento em que isso parece indefensável. Que estigma o Brasil lançou sobre o mudo do comércio e sobre os homens de negócios que faz os jovens preferirem carreiras públicas, concursos públicos à aventura e o risco da iniciativa privada ? Curiosamente, porque ao contrário daqui, na India e na China milhares de jovens se lançam ao empreendedorismo com ânimo e talento – ocupando postos de destaque nas maiores escolas de comércio de todo o mundo ? (ex. Nitin Nohria, indiano e presidente da Harvard Business School no seu ano do Centenário)! [Dados…de alunos estrangeiros em escolas de comércio ‘ditas de Ponta”]
Pra mim, Negócio pode ser arte!

Logo, Negócio-arte pode tirar-nos do sombrio, do ‘marginal’ em que nos querem colocar, sob efeito deste estigma do empreendedor no Brasil.
Ex. a pergunta da repórter (bem informada, by the way) do Globo News a Nitin Nohria (o primeiro presidente indiano da Harvard Business School).
Como o universo das palavras pode criar pra todos nós um cosmo que nos afaste dos dados ‘brutos’ da realidade e a ela dar dimensão inovadora?

Etimologia da palavra negócio – negocium… anti-ócio!
Queria trazer uma nota séria e outra bem-humorada… Lembro-me apenas da séria!! Mas não sou candidato ao CQC, então… ei-la:
“Tratando Francisco Vitoria da questão de se é permitido no comércio
vender algo mais caro do que se comprou, citando Santo Tomás, diz,
primeiramente, que o comércio não é, em si mesmo, ilícito, embora o
comércio de comutação de dinheiro por dinheiro ou de bens por dinheiro,
para além das necessidades da vida, enquanto visa o lucro, é reprovada com
justiça, porque de si mesma, fomenta a cobiça do lucro, que não conhece
limite, mas tende ao infinito, o que possui algo em si mesmo vergonhoso, pois
não visa nenhum bem honesto ou necessário. Mas deve-se observar que são
as ações viciosas dos homens que tornam injusta a prática do comércio. O
lucro ordenado e justo não é ilícito se ordenado ao que é necessário e honesto…”
(Revista Aquinate, n.4, 2006) Em resumo, LUCRO não é pecado.
Empresa que não tem lucro é empresa falida.
Empresa que tem lucro DEVE retornar à sociedade o lucro com resultados de desenvolvimento.

César Miranda http://protensao.apostos.com/?s=neg%C3%B3cio
(À suivre…)

Cada vez mais, creio mais nisso

Nos nossos dias, muitas vezes, o efeito extraordinário está em descobrir uma luz nas coisas mais simples, pois a verdadeira revolução em nossas vidas está em descobrir as pequenas coisas intensas e absolutas no que mais próximo está de nós, no menos inovador, às vezes, mesmo o mais tradicional.