Um verbete para entender o capítulo sobre Eric Voegelin em “The shipwrecked mind” (Mark Lilla), via Felipe Pimenta´s blog.
“O que significa “imanentizar o eschaton”? – pergunta e resposta por Felipe Pimenta.
“Seria a tentativa de antecipar o juízo final na Terra, controlando o fluxo da história para criar um reino terrestre onde os maus seriam punidos e os bons reinariam. O mundo seria renovado, e o juízo, que o Cristianismo reserva supostamente para outro mundo, seria trazido para o aqui e agora.
“Voegelin vai atribuir ao gnosticismo, que ele diz ter sido reavivado especialmente na era moderna, em movimentos como o nazismo e o comunismo, esta ideia de antecipar o Juízo Final. Seria interessante tentarmos descobrir o significado do gnosticismo para Voegelin para compreendermos por que ele culpa os “gnósticos” pela origem de ideias tão devastadoras para a humanidade.
“Quem já leu as interpretações sobre os gnósticos da Antiguidade, além dos seus textos originais, percebe que dificilmente conseguiria extrair deles alguma preocupação com política ou com a revolução mundial. Os gnósticos viam sim o mundo como uma prisão, mas não queriam de forma alguma “melhorá-lo” ou criar justiça social. Não estavam preocupados com a maneira que os outros povos adoravam seus deuses. Não existe a paranoia sobre um Juízo Final em seus escritos. O mundo é mau, e a única salvação possível é rejeitá-lo, e não o aperfeiçoar. Schopenhauer recuperou este sentido gnóstico antigo na filosofia. É a antítese de Hegel, por exemplo. Platão acreditava que o ser humano tinha como missão melhorar o mundo e levar ordem à desordem como o Demiurgo fez, no Timeu, em uma escala cósmica. Mas ele não tinha nenhuma preocupação com a História, assim como Aristóteles, pois os gregos possuíam uma noção cíclica da mesma. A obsessão com a História é típica do Judaísmo e do Cristianismo.” (F.P.)
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A Tentativa de Imanentizar o Eschaton, por Eric Voegelin