Ficamos assim quando as coisa saem do controle. Exemplo: filhos pequenos fazendo birra, esposas gritando em público (ou vice-versa), o time da gente perdendo no momento decisivo do campeonato ou, simplesmente, quando o seu candidato perde a eleição. Há quem se emocione com isso ainda hoje (o normal é que você use o bom-senso para não pensar em política para disparar o espanto), mas ocorre, ainda hoje – inclusive em eleições de outras cidades, outros estados e países…
Vamos pensar sobre o tema.
Ficar em estado de assombro ou de grande admiração; espantado, pasmo é coisa para profissionais do espanto. Há vários momentos na literatura em que notamos isso. Não vou dar a você, benévolo leitor, o prazer da constatação. Veja você mesmo em Flannery O´Connor ou em Georges Bernanos – há tudo ali e também em outros… descubra por si mesmo.
Assombro há também em poesia, por exemplo, em Ferreira Gullar e Ivan Junqueira.
Exemplo vocal e visual.
https://www.youtube.com/watch?v=gZa2AkDVc2k&feature=emb_logo
Arquivo da tag: Ferreira Gullar
“A vida Muda o morto em multidão” – Mudará?
DO VERSO DE FERREIRA GULLAR
há lições a serem retiradas (da) e cotejadas com a realidade atual…(FGullar recebeu o prêmio Camões, 2010, foto sem (c) indicado
O livro “Dentro da Noite Veloz”, poemas de 1962-1974, é de 1975. O poema-título é de 24.07.69. Era a fase do poeta em oposição ao regime militar – estamos, portanto, diante daquele típico livro de combate…
“Dentro da Noite…” traz poemas diversos em que, mesmo tendo a poesia como arma de sobrevivência, não deixa de conter o estilo de José Ribamar Ferreira (Ferreira Gullar) que o levará à maturidade poética e como pensador e crítico da Cultura que chega a ser considerado “o rei” da poesia brasileira contemporânea (Piza, 1999).
‘Está fora
de meu alcance
o meu fim
Sei só até
onde sou
contemporâneo
de mim.’
Mesmo que o guerrilheiro argentino “Che” Guevara apareça como protagonista do poema datado “dentro da Noite”, o poeta não se esconde na militância – abdicando do verso que forjará o seu estilo com o passar dos anos…A doença do esquerdismo juvenil parece não perdurar na maturidade do poeta.
O poeta preso na Vila Militar (1969) pensa na liberdade como “sons de uma porta que bate”, de “árvores sob as nuvens; não havendo como não ver em Poesia com a marca do tempo, do combate temporário, a poesia dita datada – como se só o tempo presente parecesse interessar ao poeta: “A poesia é o presente” – diz. Ou quando, impotente diante da estarrecedora realidade da ditadura, o poeta clandestino (e depois exilado em B. Aires) (con)cede diante da realidade aterradora um mínimo para a estética ou para a poesis, preferindo “o neo-concreto” – corrente literária que por fim será um dos ícones:
“o poema, senhores,
não fede nem cheira”.
O Ferreira Gullar maduro é o poeta que, por mais uma vez, se bate contra a ditadura – agora a ditadura do PT, dos governantes de agora, prováveis parceiros de outrora…
E se antes denunciava a fome em seus poemas das décadas passadas, hoje alerta que “Lula comprou os pobres do Brasil”, pela barriga…mercadejando com a Fome dos Outros.
Gullar mostra-se antenado com o momento brasileiro e alerta-nos para os riscos da “táticas bolivarianas” postas em prática pelo governo do PT, como também o fez corajosamente a poetisa mineira Adélia Prado.
“Os intelectuais estão ausentes… os ditos artistas, intelectuais de esquerda…essas pessoas se calaram”.
”Os que faziam o panegírico
do PT, não tiveram a humildade de dizer: ERRAMOS!”
O País está naquele estágio em que Jean Braudillard chamava de
“transparência do Mal”…
Ele, o Mal, está por toda a parte, em todos os poderes da República, na vida do país.
“A vida Muda o morto em multidão” – Mudará?
DO VERSO DE FERREIRA GULLAR
há lições a serem retiradas (da) e cotejadas com a realidade atual…(FGullar recebeu o prêmio Camões, 2010, foto sem (c) indicado
O livro “Dentro da Noite Veloz”, poemas de 1962-1974, é de 1975. O poema-título é de 24.07.69. Era a fase do poeta em oposição ao regime militar – estamos, portanto, diante daquele típico livro de combate…
“Dentro da Noite…” traz poemas diversos em que, mesmo tendo a poesia como arma de sobrevivência, não deixa de conter o estilo de José Ribamar Ferreira (Ferreira Gullar) que o levará à maturidade poética e como pensador e crítico da Cultura que chega a ser considerado “o rei” da poesia brasileira contemporânea (Piza, 1999).
‘Está fora
de meu alcance
o meu fim
Sei só até
onde sou
contemporâneo
de mim.’
Mesmo que o guerrilheiro argentino “Che” Guevara apareça como protagonista do poema datado “dentro da Noite”, o poeta não se esconde na militância – abdicando do verso que forjará o seu estilo com o passar dos anos…A doença do esquerdismo juvenil parece não perdurar na maturidade do poeta.
O poeta preso na Vila Militar (1969) pensa na liberdade como “sons de uma porta que bate”, de “árvores sob as nuvens; não havendo como não ver em Poesia com a marca do tempo, do combate temporário, a poesia dita datada – como se só o tempo presente parecesse interessar ao poeta: “A poesia é o presente” – diz. Ou quando, impotente diante da estarrecedora realidade da ditadura, o poeta clandestino (e depois exilado em B. Aires) (con)cede diante da realidade aterradora um mínimo para a estética ou para a poesis, preferindo “o neo-concreto” – corrente literária que por fim será um dos ícones:
“o poema, senhores,
não fede nem cheira”.
O Ferreira Gullar maduro é o poeta que, por mais uma vez, se bate contra a ditadura – agora a ditadura do PT, dos governantes de agora, prováveis parceiros de outrora…
E se antes denunciava a fome em seus poemas das décadas passadas, hoje alerta que “Lula comprou os pobres do Brasil”, pela barriga…mercadejando com a Fome dos Outros.
Gullar mostra-se antenado com o momento brasileiro e alerta-nos para os riscos da “táticas bolivarianas” postas em prática pelo governo do PT, como também o fez corajosamente a poetisa mineira Adélia Prado.
“Os intelectuais estão ausentes… os ditos artistas, intelectuais de esquerda…essas pessoas se calaram”.
”Os que faziam o panegírico
do PT, não tiveram a humildade de dizer: ERRAMOS!”
O País está naquele estágio em que Jean Braudillard chamava de
“transparência do Mal”…
Ele, o Mal, está por toda a parte, em todos os poderes da República, na vida do país.
Trenzinho caipira
Foi brincando com meu neto, antes da sonequinha que me garantiu vir aqui (to do a quick post), que pensei em quanta saudade o trem – meio de transporte – me causa.
O barulhinho de ´tchu-tchu, train` que Lucas emitia, enquanto brincava com sua pequena composição, me fez lembrar de mil referências emocionais e afetivas relacionadas ao trem.
Algumas são musicais, como o Trenzinho Caipira (F.Gullar-Villa-Lobos), o Trenzinho na voz do João…e, mais recentemente, The Train, canção do The Nits.
Outras lembranças são literárias e musicais, ao mesmo tempo:
Penso agora que minha memória afetiva registrou Milton, mas só acho EDU Lobo com a interpretação para o Trenzinho.
A evasão é sonho antigo, viajando de trem.
Post-post: a memória me traiu, pois o arranjo para o poema é mesmo de Edu Lobo. O outro trem que andava rondando a memória era o Trem Azul, este sim do Milton Nascimento.