Na minha coluna de hoje, em Opção Cultural, Cunningham é o mote para eu escrever sobre Whitman – crítica de “Dias exemplares” (romance de Michael Cunningham).
Confiram, clicando na figura abaixo, para ler todo o artigo.
Confiram, clicando na figura abaixo, para ler todo o artigo.
“Full of Life Now”
Walt Whitman
(1819-1892).
“A great poem is for ages and ages in common and for all degrees and complexions and all departments and sects and for a woman as much as a man and a man as much as a woman.
A great poem is no finish to a man or woman but rather a beginning.”
∼x∼
“Um grande poema continua por eras e eras em comum e por todos os graus e compleições e todos os departamentos e seitas e tanto por uma mulher quanto para um homem e por um homem quanto para uma mulher.”(Trad. Rodrigo Garcia Lopes).
(Leaves of grass, edição de 1891-92).
O título deste post é o mesmo de um poema da edição de 1891-92, a última da sempre revisada obra do poeta norte-americano. Aqui se pode constatar a enorme intuição de Whitman, quanto ao poder da poesia que ele lançava ao mundo em seu único e sempre revisado volume de poemas: As Folhas da Relva. Confira, ouvindo e acompanhando o texto em inglês.
Transcrevo o original e a tradução em português (F. Gullar):
Pleno de vida agora (W.Whitman)
***************Trad. Ferreira Gullar.Pleno de vida agora, consistente, visível,
Eu, quarenta anos vividos, no ano oitenta e três anos dos Estados,
Ao homem que viva daqui a um século, ou dentro de quantos séculos for,
A ti, que ainda não nasceste, dirijo este canto.
Quando leias isto, eu, que agora sou visível, terei me tornado invisível,
Enquanto tu serás consistente e visível, e darás realidade a meus poemas, voltando-te para mim,
Imaginando como seria bom se eu pudesse estar contigo e ser teu camarada:
Faz de conta que eu estou contigo.
(E não o duvides muito, porque eu estou aí nesse momento.)via blog do Antonio Cícero*
***** FULL of life, now, compact, visible,I, forty years old the Eighty-third Year of The States,
To one a century hence, or any number of centuries hence,
To you, yet unborn, these seeking you.When you read these, I, that was visible, am become invisible;
Now it is you, compact, visible, realizing my poems,
seeking me;Fancying how happy you were, if I could be with you, and
become your comrade;Be it as if I were with you. (Be not too certain but I am
now with you.)
FONTE: Whitman, Walt. Leaves of Grass. 1867. The Walt Whitman Archive. Gen. ed. Ed Folsom and Kenneth M. Price. Accessed 26 May 2015.
– A maioria dessas palavras (entre outras do pequeno dicionário “franglais” de Walt Whitman) podem ser achadas no Webster’s “An American Dictionary of the English Language (News Haven, 1841).
Isso é o que nos conta Francis Murphy na introdução à edição da obra de Whitman – “The Complete Poems”, Penguin Books.
Word-coiner, Whitman usou a língua das ruas, o francês, a língua dos negros e dos púlpitos, tudo para enriquecer o verso-livre.
Num famoso artigo, citado por Murphy (não o da lei que leva seu sobrenome!), Mme. Louise Pound refere-se a Whitman como um poeta que, apesar de não ter sido um estudioso da língua de Molière – e nunca ter viajado à França; gostava de incluir o francês em seus poemas. Mme. Pound acreditava que “sua [dele] predileção por coisas francesas tenha vindo de uma viagem que o poeta fizera a New Orleans, em 1848” (*).
O sr. Murphy diz que, desde que Emerson espirituosamente assinalou que “As Folhas da Relva” do Whitman era uma ‘combinação do Bhagavad-Gita com o New York Herald’, os editores têm o prazer de chamar atenção para o fato de que Walt Whitman é um “poliglota” em seu vocabulário poético. É o caso do famoso artigo de Mrs. Pound citado acima – ver referência completa no rodapé deste post.
H. L. Mencken diz que Whitman apenas inventava termos novos e se apropriava de palavras como um “word-coiner” – cunhador de alto estilo, by the way… que, além do franglais queria em sua poesia a língua dos negros, do púlpito, das ruas…enfim, uma língua que fosse próxima da língua falada. Talvez por isso mesmo o efeito final na maioria dos poemas de Whitman é que são muito bons de ser falados, lidos “em voz alta”, como gosto de dizer ou “declamados” que é como se dizia antigamente.
//ws-na.amazon-adsystem.com/widgets/q?ServiceVersion=20070822&OneJS=1&Operation=GetAdHtml&MarketPlace=US&source=ss&ref=ss_til&ad_type=product_link&tracking_id=httpbetoqueco-20&marketplace=amazon®ion=US&placement=B00GR0CJSI&asins=B00GR0CJSI&linkId=BJZAETGXBU42KLOC&show_border=true&link_opens_in_new_window=true
O verso-livre lhe caía bem por ter sido um tipógrafo, antes de enfermeiro na guerra de Secessão. Enfim, a pesquisa sobre “a polegada a mais sobre Mrs. Dickinson, Emily Dickinson está a toda por essas bandas. Culpa do Euler Fagundes De França Belém, o incentivo de Helio Moreira e de Cecilia Do Amaral Queiroz (que descobrimos, no jantar de ontem, ser excelente pra ler poemas de WW em voz alta!). No Facebook, compartilhei este texto com meu amigo e ex-professor de Francês, com muito aprendi sobre a França, M. Serge Evreinoff e à minha amiga, a poetisa Maria Abadia Silva, francófona.
+++++
(*) A edição da Peguin Books é boa (e portátil) antologia, mas não se rivaliza com a da Library of America (sel. de Justin Kaplan) – “Poetry and Prose”, 1982, que se encontra fácil na B&N ou na Amazon (link acima, para Kindle) e referências abaixo:
Fontes: WHITMAN, Walt. Leaves of Grass. Editoras citadas acima; POUND, Louise. “Walt Whitman and the French Language, in American Speech, vol. I, 1925-6, p. 421-50, cit. by MURPHY, Francis, in Whitman, The Complete Poems, da Penguin Books, 1977, p.22. + Links web acima.