
ADENDO AO POST (em 04/03/2014).
Caros Amigos –
No momento político do Brasil, uma conclusão: a prática marxista que faz o PT agir na sombra (ou à luz do dia) nos leva a crer que não se trata de um bloco de mensaleiros, mas sim de um bando de ‘revolucionários oportunistas’ a fornicar com a Pátria…A capa da revista VEJA, que me chegou às mãos com atraso de 24 horas, me azedou meu Carnaval em Paz. A gravidade da situação política do país deve afligir os homens de bem.
A ‘virada’ na votação do STF me dá a dimensão exata do poder que os petistas tem na República hoje. A desfaçatez com que a Presidente tira recursos de investimentos no país para aplicar em Cuba, Venezuela e ditaduras outras, somada à manipulação das instâncias diversas do Poder, nos dão a exata dimensão de que vivemos numa ditadura do partido dos Trabalhadores.
E isso parece não ter um fim próximo. Talvez por isso o ministro Gilberto Carvalho fique tão a cavalheiro para dizer que “continuaremos investindo” na baderna, enquanto minguam os recursos para a Produção… Pobre país alucinado enquanto sambam todos uns poucos fazem de Brasília uma verdadeira pocilga.
Le Carnaval des Animaux: I. Introduction et Marche Royal du Lion
Para entender melhor a obra de Saint-Saëns, explicações do blog do Maestro EMANUEL MARTINEZ, a melhor info em português sobre esta obra: http://bit.ly/ONZu7a
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REPERTÓRIO: SAINT-SAËNS, Camille – Carnaval dos animais
repertoriosinfonico.blogspot.com -
Pianistas, entre os animais? Pode parecer-lhe estranho, dileto leitor, mas quem explica é o Maestro Martinez :
– “De repente aparecem dois pianistas que também querem participar da festa do zoológico. Eles vão tocar para vocês, mas não reparem: são principiantes e a única coisa que sabem tocar, mais ou menos, é um certo exercício de piano. Por favor, perdoem os erros…” - Eu que amava a Marcha Real do Leão…já estou repensando minha predileção, diante do movimento “O Cisne”.
Ainda o Maestro Martinez:
“CISNE – Chegamos ao lago de nosso zoológico. Bem no meio, nobre e tranqüilo, um belo cisne branco desliza sobre as águas. Ninguém melhor que o naipe das cordas para representar a calma, a solitária elegância do cisne, que lentamente desaparece ao nosso olhar.”
(cit. do blog REPERTÓRIO SINFONICO do Maestro Emanuel Martinez). -
há 21 horas: © um Poeta pensava: “Já o rufar dos tambores se fazia ouvir nos morros do Brasil afora… Outros locais menos afeitos às tradições do Carnaval, preparavam-se para retiros espirituais ou longas sonecas nas tardes vazias; longos passeios nas ruas desertas; pequenos furtos nas casas à vista – com suas luzes permanentes na varanda; os amantes se preparavam para desfazer o mal-estar da ausência do Eros durante as longas jornadas de trabalho; um esguio senhor magro como tantos, amarelo como todos no escritório, deixava seu subsolo para se mostrar como Juscélia num bloco que saía há 30 anos em seu bairro… e outros cristãos cruzavam a solidão dos dias do reinado de Momo olhando de esguelha pela janela aberta e excitados com o neon do aparelho de TV sempre ligado…
“Saudades do Carnaval era o pensavam o escritor sem assunto, o repórter sem matéria, o político sem palanque, a mulher que estreita as coxas – sem a presença do amante… Saturnais, “carnaval, ah, desengano!” – soa a canção antiga na mente dos solitários.” - (*) Reflexões sobre o Carnaval, do pensador J.G. Merquior:
“Esse psiquismo reprimido, de manifestação cuidadosamente restrita a determinados momentos do calendário tradicional, se alimentava do orgiástico – daquele ´êxtase agudo´que Weber distinguiu do crônico estado de santidade proporcionado pelas éticas rigoristas. O delírio orgiástico, a celebração dionisíaca, o transe coletivo, são válvulas plenamente reconhecidas (embora enquadradas) pelas culturas de tipo arcaico; elas permitem ao indivíduo e aos grupos sociais um periódico desforrar-se das suas opressões e frustrações. Na festa orgiastíca – saturnais, carnaval –, a sociedade vivia o reconhecimento da sua própria contestação (esse poder institucional de subversão singulariza o impulso carnavalesco na libido lúdica da sociedade. Sem ele, o ludismo cultural descrito por Huizinga fica condenado às sublimações mais ou menos conformistas – erro evitado por G. Bataille).- Vem assim, “em seguida, o espírito da máscara – ou, na fórmula de Mikhail Bakhtin, da ´negação da estúpida coincidência consigo mesmo´; a rebelião contra o ego submetido a uma continuidade dócil à repressão. A máscara princípio de metamorfose, antítese da persona sufocante. Segundo Walter F. Otto, vários cultos gregos utilizavam máscaras, mas só no de Diônisos existia uma relação íntima entre máscara e teofania; Diônisos, o deus da alteridade radical, fazia coincidir sua presença com a ausência de toda imagem fixa: com o rosto vazio a ser preenchido pelo Outro. A 3a. característica maior do saturnalismo é a profanação sisstemática, as aproximações excêntricas (do baixo com o sublime, do sábio com a insensatez etc.) signo da consciência protéica do inacabamento do universo. Na visão do mundo carnavalesca, a realidade é uma transformação incessante.
“No centro do carnaval se situa o rito que Bakhtin chamou de felicidade de ´endestronização´: a elevação ao trono de um rei-bufão, senhor-escravo, velho-criança; de um rei Momo, abbas stultorum, lord of misrule, abbot of unreason. Na posse de tal monarca já transparece a sua deposição; o gesto da coroação significa ironicamente um veto radial a todo poder estabelecido ou por estabelecer – uma relativização de todo valor instalado ou instalável, uma Welt-Verlachung (J-P.), ridicularização do mundo inteiro. O cetro do rei Momo é pura parõdia. Mas essa paródia zomba de si mesma: a relativização saturnal não é negativa absoluta, é antes a consagração do sentimento do ciclo, da lei da perecibilidade de toas as condensações culturais, da sequência necessária de morte-e-regeneração. A paródia carnavalesca relembra a finitude, mas conjura a imortalidade. O riso de entrudo descende do escárnio ritual que, na sociedade primitiva, castigava deuses e soberanos, a fim de pô-los em brios e de obrigá-los a renovar-se, promovendo a fecundação da terra e da raça. É uma gargalhada cosmogônica praticada em tempos de crise. Riso instigador da vitalidade, porque ele próprio é símbolo da exuberância da libido: Freud ligaria a consciência do cômico ao senso da energia psíquica economizada. (…)
“…O carnaval é, a rigor mais festa do que espetáculo; seu palco é o mundo, seu protagonista é toda gente, ou o bufão que não é ator, e sim continuamente, cotidianamente bobo.
“(…) Seria triste que o Brasil, sendo, por sua formação, depositário de paradigmas culturais que mal ou bem resistiram a algumas das mutilações humanas provocadas pela racionalização da vida, abdicasse de seu passado no exato instante em que o futuro lhe confere tanto sentido. Triste e irônico – porque a guinada que sufocasse em nós o espírito do carnaval, o espírito lucidamente ´amoral´ de Macunaíma, em proveito de não-sei-que forçada compostura, conseguiria tão-somente nos colocar na órbita sombria do atraso cultural. E então, só restaria rezar para que o gênio da avacalhação – esse saci verde-amarelo – nos restituísse a nós mesmos, à nossa autêntica ´inautenticidade´ ética.”
- Vem assim, “em seguida, o espírito da máscara – ou, na fórmula de Mikhail Bakhtin, da ´negação da estúpida coincidência consigo mesmo´; a rebelião contra o ego submetido a uma continuidade dócil à repressão. A máscara princípio de metamorfose, antítese da persona sufocante. Segundo Walter F. Otto, vários cultos gregos utilizavam máscaras, mas só no de Diônisos existia uma relação íntima entre máscara e teofania; Diônisos, o deus da alteridade radical, fazia coincidir sua presença com a ausência de toda imagem fixa: com o rosto vazio a ser preenchido pelo Outro. A 3a. característica maior do saturnalismo é a profanação sisstemática, as aproximações excêntricas (do baixo com o sublime, do sábio com a insensatez etc.) signo da consciência protéica do inacabamento do universo. Na visão do mundo carnavalesca, a realidade é uma transformação incessante.
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Fonte:
MERQUIOR, J.G. “Saudades do Carnaval. Introdução à Crise da Cultura”. Forense. Rio de Janeiro, 1971. p.183 e seguintes; p.243.