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Mentecaptos
“Somente um mentecapto escreve se não for por dinheiro” (S. Johnson)
Escrever tornou-se um ato banal nestes tempos conhecidos como a era da informação. A facilidade de acesso aos meios de publicação, com a internet, trouxe ao cidadão comum a ilusão de que é muito fácil ser escritor. Tantas tonterias são cometidas que o ato sagrado de traduzir idéias em palavras parece nunca ter sofrido tantos sacrilégios.
A aventura humana do ato de “traduzir idéias em palavras”, na sintética definição de Antonio Fernando Borges (1), parece no mais das vezes uma tormenta em mar turbulento, quando não um naufrágio real.
Houve tempo em que até um relatório da gestão de um prefeito transformava-se em tradução saborosa, devido ao encanto da linguagem. Lembro-me do velho Graça, Graciliano Ramos em 1929, quando prefeito de Palmeira dos Índios (AL), desmontando a lógica da sensaboria de que, em geral, se salgam os documentos dessa natureza:
“Pensei em construir um novo cemitério, pois o que temos dentro em pouco será insuficiente, mas os trabalhos a que me aventurei, necessários aos vivos, não me permitiram a execução de uma obra, embora útil, prorrogável. Os mortos esperarão mais algum tempo. São os munícipes que não reclamavam.
(…)
“Instituíram-se escolas em três aldeias. Serra da Mandioca, Anum e Canafístula. O Conselho mandou subvencionar uma sociedade aqui fundada por operários, sociedade que se dedica à educação de adultos.
“Presumo que esses estabelecimentos são de eficiência contestável. As aspirantes a professoras revelaram, com admirável unanimidade, uma lastimosa ignorância. Escolhidas algumas delas, as escolas entraram a funcionar regularmente, como as outras.
“Não creio que os alunos aprendam ali grande coisa. Obterão, contudo, a habilidade precisa para ler jornais e almanaques, discutir política e decorar sonetos, passatempos acessíveis a quase todos os roceiros.”
Esta citação reforça o vazio do que vemos hoje, por contraposição ao que lemos hoje nos textos ditos criativos que infestam os websites e blogs. O texto do Graciliano mostra um pouco do que nos falta hoje em sonoridade, equilíbrio e graça – sim, há uma graça no texto a que se pode designar harmonia, aquela sensação de beleza, mesmo quando o assunto não é nem um pouco tocante à beleza – pelo menos, não no sentido que se espera da arte de escrever.
Então, voltamos ao sentido inicial da tradução das idéias em palavras, para entender a citação que abre este exercício. Diz-nos Francisco Azevedo em seu Dicionário Analógico que mentecapto tem a ver com imbecilidade, no verbete 499. E expande para irresponsável, orelhudo, burro, burrical, asinino, asnal, azoinado; e por aí faz cavalgar o termo.
Analisando alguns escritos na internet, concluo a quem cabe o epíteto cunhado por Johnson. No Brasil, há muitos que escrevem com desvelo mas na gratuidade, sem esperar remuneração – como num sacerdócio, esperando a justa medida do reconhecimento – nunca a soldo; escreve-se com tenacidade, num quase sacrifício pessoal, quando me refiro aos grandes escritores. É na solidão e no isolamento, independente da crítica ou do público, distantes dos holofotes que esses dedicam-se à arte de escrever.
Já os calhamaços rascunhados sobre as pernas de “escritores” a serviço do poder – estes sim, mostram-se atoleimados, ajogralhados, apegados ao ofício abjeto do fazer com a mão para levar à boca ou ao palacete de jogral dos governos.
Se a frase de Samuel Johnson na epígrafe serve ao propósito de enfatizar a profissionalização do ofício de escritor e conclamar a que este saiba seu próprio valor; há entre nós os que levam ao rés-do-chão a “arte” e se vendem aos governos de plantão – enxovalhando e amesquinhando o que poderia ser o culto do grave ofício. Hoje escreve-se por dinheiro no Brasil, desde que agrade ao que governa.
Assim, às avessas, fica no Brasil a frase de Johnson com sua validade reversa. Seria o mentecapto aquele típico imbecil coletivo já denunciado pelo professor Olavo de Carvalho, parte da turba, servil e dócil ao poder. Aqui, onde o ofício de escrever não é profissionalizado senão para os que escrevem à sombra do poder e as uns poucos que encontraram público vasto na ficção adocicada; aqui, os mentecaptos às avessas insistem em realizar na solidão a busca da escrita perdida.
*****
Fontes: 1. BORGES, Antonio Fernando. Em Busca da Prosa Perdida. S. Paulo, É Real. Edit., 2013. 2. Relatório de 1929, Graciliano Ramos ao Gov. de Alagoas, Revista de História, link consultado em 12.04.16
Diário de uma viagem ao Chile (III)
Santiago de Chile, 09 e 10 de outubro de 2015 – natural ansiedade com o fato de que irei falar amanhã numa universidade internacional. Há muitos anos falo para auditórios diversos e há sempre um pouco de ansiedade, mas não como esta. Não sei o que vou encontrar, não sei o perfil do público que me ouvirá, se me ouvirá; ou, sequer, se haverá público. Acordo com essa sensação estranha de que não haverá ninguém para ouvir-me que falarei para o coordenador – que no pesadelo é uma espécie de Inspetor Geral, severo como era o professor Hegel no velho ginásio em Anápolis.
O dia amanhece frio como usual nesta viagem. No meu caderno de rascunhos (como diz o professor Olavo sobre o seu, dele, facebook), registrei: 37°F Feels Like 37° – Santiago a exigir café e cobertor de orelhas…Buenos Dias, Chile!
Das rotinas do dia, o sol foi o que mais me agradou presenciar. Viajar a dois tem o condão de aproximar ou afastar os viajantes. No meu caso, sinto-me mais próximo de minha companheira de viagens (a mesma há mais de quarenta anos). Lembro-me que numa dessas viagens (à França), tivemos uma terceira pessoa em nosso convívio e pessoa de tamanha calma e boa personalidade que não só não rompeu o equilíbrio, como serviu de ponto de apoio na extensão da viagem até o território marroquino. Tempos idos, lá vamos nós caminhando…como dizia o mago António Machado na España dos 1890 et plus…
E a mais fina das notícias e descobertas de hoje, cai do céu:
O MAIS POÉTICO dos pareceres científicos vem da NASA. Cito Mr. Alan STERN:
– “Quem teria esperado um céu azul no Cinturão de Kuiper? É lindo”,
disse Alan Stern, da missão New Horizons – pesquisador principal do Instituto Southwest Research (SwRI), em Boulder, no Colorado.
link consultado dia 09.oct-15
E fomos andando. Agora, tenho no meu telefone móvel (antes celular, hoje ‘smartphone’, no anglicismo diário!) um conta-passos que é uma coisa muito útil. Caminho muito nas minhas viagens e nunca tive idéia (ortografia antiga, por favor revisor!) do quanto caminhava… hoje, consegui um recorde (10.786 passos). De nada valeria isso, se não deixasse gravado em minhas retinas e meus sentimentos mais profundos, a alegria que o dia me proporcionou em Santiago.
A decepção com o Museu Nacional de Belas Artes foi amplamente compensada hoje, com a visita que fizemos à Catedral e ao Museu Histórico Nacional na Plaza de Armas. O lugar respira a história de Santiago e, apesar de lotado, com tantos turistas atraídos pelo sol que desfazia a friagem da manhã, tudo demonstrava uma ordem europeia ou, se preferir, espanhola e mestiça. E se todos caminhamos e ao caminhar aprendemos, como queria o poeta alemão H. Heine – “todos nós marchamos; homens e deuses; crenças, lendas e tradições...” – eis-nos, minha mulher e eu, caminhando na Santiago histórica e aprendendo.
Um guia interessante vem das páginas de um historiador que descobri quase por acaso, com meu hábito de ler os jornais locais (ou pelo menos um deles, em papel) e, agora, também via internet. O guia seguro é Alfredo Jocelyn-Holt que me chega através do tablóide “La Tercera”. O texto me atrai e vou seguindo em busca de livros do autor.
Uma observação rápida sobre o museu histórico nacional feita por minha mulher marca bem o que é a compensação completa: eis um museu agradável de se visitar. Ordenado, rico em informações e didático, o museu recebia uns dois grupos de alunos dos colégios da Capital. Ambos bem uniformizados e em trajes sociais – os meninos de gravata e paletó e as meninas, saias e também lenços a imitar gravatas… um traço bem europeu dos colegiais enriquecia a atmosfera do museu. Curiosamente, além do cão (exposto que está, empalhado) de um presidente da Nação, o museu chamava a atenção dos pequenos por um grande painel nacional no pátio interno do recinto. Os cães são personagens da cena urbana chilena. Estão por toda a parte.
Não sei desse fato senão o que me contou meu compadre (que é um Franciscano até no nome!) que estes convivem com as pessoas e as rotinas urbanas por seu grande préstimo da acuidade auditiva, que poderia prevenir (avisar com seus ganidos) a proximidade de um terremoto… Não fui conferir a história, mas o fato é que os cães são uma maioria silenciosa pelas ruas… E eis que os meninos nossos colegas de visita ao museu na manhã de 09 de outubro, paravam entusiasmados com o cão empalhado pelos milagres da taxidermia. Reabilito a história do cão, deixando com vocês o texto do website do Museu. Confira:
HISTORIA DEL OBJETO – o cão “ULK” – do presidente Arturo Alessandri (1932-1938).
El ejemplar fue preparado por el taxidermista del Museo Nacional de Historia Natural, Sr. Carlos Vergara, ayudado por su hermano Adrián Vergara, durante la presidencia de don Arturo Alessandri. Don Carlos era tío y don Adrián padre del actual taxidermista del MNHN Ricardo Vergara. Esta pieza fue una atracción de público por muchos años y se exhibía en el hall central del MNHN. En 1984 y por insistencia del Jefe del Área de Zoología, el biólogo José Yáñez, respecto a que el ejemplar tenía un tremendo valor histórico antes que biológico, el Director de la época (Hans Niemeyer) accedió a entregar el ejemplar y su correspondiente collar al Museo Histórico Nacional.© Surdoc – Museu Histórico Nacional do Chile.
Bem, chegou finalmente a hora de enfrentar a Academia. Sei por informação preliminar que a universidade aqui, como no Brasil, está em mãos de uma esquerda quase furiosa e que ali se aninha, se concentra como em barricada…
Vou para a Aula Magna e me agrada o discurso de uma pessoa (cabelos brancos, um reitor?!) que denuncia o publicismo das teses, a publicação atual no mundo universitário que cresce em razão inversamente proporcional ao número de marcas e patentes. Segundo o palestrante, ao contrário dos países da Ásia que, menos preocupados na indústria da publicação de teses, ocupa-se em construir novos objetos úteis a toda a comunidade. Fico pensando no incrível número de universitários que conheço lá no Brasil e que, formados por um sistema gratuito de ensino, nunca devolveram nada à comunidade. Decido não ficar para o coquetel prometido, o ar, o clima da academia não me é acolhedor; mesmo do coordenador da viagem que resolvi fazer…
Na volta ao flat, onde estamos “morando” minha mulher e eu, falo sobre o que ouvi, fazemos uma refeição leve à base de omeletes (podemos cozinhar aqui e estocar nossa própria comida, quando conveniente). Ela concorda e ilustra meu raciocínio de apoio à tese ouvida na Aula-Magna. [Esqueci-me de fazer a inscrição ao congresso.]
Dia seguinte, ainda sob o efeito dos pesadelos sobre a responsabilidade que me pesa sobre “a palestra”, parto para a Universidade, novamente caminhando – o que me é extremamente saudável e me deixa animado… Ao chegar encontro colegas de viagem – a Sra. S., o sr. V. e a esposa deste, mas não o coordenador.
Esperamos por mais um tempo, até a sua (dele) chegada e abertura da porta da sala, onde dar-se-ia a palestra. Ufa!
Há um pequeno colóquio sobre a conveniência de adiarmos para a parte da tarde, ao que me oponho, pois não aguento de ansiedade – ter que esperar mais um turno para ministrar a ‘bendita` palestra que já me exaspera. (Na foto, ao lado, sentindo-me acolhido por Signorelli, Vanderlan e Teresinha, à espera da palestra…).
Finalmente, há concordância e faço a palestra… Para agradar alguns poderia dizer, ao final: “Que maravilha!” Estaria mentindo. A um confidente, entretanto, respondo pelo sistema de mensagens do Facebook o que achei: “Frustrante”; embora tenha saldo positivo em falar da tríade Poética, ou “um instantâneo de poesia falada de católicos poetas do Brasil no séc. XX”. Pretensioso título e amazônico para contar minha paixão e a necessidade de relermos Jorge de Lima, Augusto Schmidt e Murilo Mendes… Talvez salve-se o artigo, consolo-me… Se tiver ânimo de voltar ao assunto, pois estou no meu limite sobre o tema. Fiz minha inscrição – puxa, com o mesmo valor compraria uma série de livros usados… Está feita.
Almoço sozinho, na verdade passo com um sanduíche e um “jugo” (os sucos aqui são maravilhosos, apesar de muito adocicados, mais ainda do que no Brasil). Descanso e chego com 10 minutos de atraso para a palestra dos colegas da parte da tarde. Aproveito bem as palestras (quatro) e tenho um bom diálogo todos do grupo, com exceção de um jovem acadêmico paulista que tenta provar que a criminalidade aumentou por conta do analfabetismo, manipulando números estranhos e desconexos, mas com “sólidos” argumentos ideológicos. Em sua (dele) réplica o sr. F. insinuou que sou um fascista.
Entristeci-me e calei-me; ao final do evento, presentei-lhe com um livreto que fizemos (eu e Mário Zeidler Filho) sobre o Cinquentenário da morte do poeta Augusto F. Schmidt. Fico triste apenas, não me revolto, nem tampouco revido quando me chamam ‘fascista’, pois sei que não o sou.
Como não gosto de polêmica, nem de enfrentar o contraditório, e mesmo assim decidi-me a debater, me sinto exausto… ainda mais frustrado.
Uma anotação do La Tercera do dia dá-me a exata dimensão do sacrifício a que está submetido um sujeito não alinhado à esquerda ou esquerdófilo que tenha que (sobre)viver neste meio:
“A universidade é um centro de operação donde (a esquerda) se replica, onde ela se reconhece, onde pretende concentrar os humilhados, com o objetivo de fazer-lhes ver quão mal anda o sistema…”
(Alfredo Jocelyn-Holt, em La Tercera, oct-2015).
Creio que esse evento terminou para mim. Última providências: repasso os livros que trouxe para doação a uma instituição local (dois meus e dois da amiga romancista Clara) e me vou… Pretendo acompanhar minha mulher em nossas caminhadas (e dependendo da confirmação, visitar uma empresa líder no setor de software aqui); e vamos de ônibus para Valparaíso.
A cidade cultural nos espera amanhã cedo. Está decidido. Adeus, Academia, Universidade, adeus a tudo em Santiago, penso em visitar a Sebastiana – uma das três (!) casas do poeta laureado com o Nobel após a primeira chilena que foi (e é minha predileta) premiada em 1945 – Gabriela Mistral. É. Vou a Valparaíso e a uma das casas do “comunista” laureado; o proprietário abastado Pablo Neruda … Vejamos o que há de se passar! Amanhã, conto o resto. ./.
*****
Para ler as partes 1 e 2 do Diário de uma viagem ao Chile, clique aqui.
Diário de uma viagem ao Chile (III)
Santiago de Chile, 09 e 10 de outubro de 2015 – natural ansiedade com o fato de que irei falar amanhã numa universidade internacional. Há muitos anos falo para auditórios diversos e há sempre um pouco de ansiedade, mas não como esta. Não sei o que vou encontrar, não sei o perfil do público que me ouvirá, se me ouvirá; ou, sequer, se haverá público. Acordo com essa sensação estranha de que não haverá ninguém para ouvir-me que falarei para o coordenador – que no pesadelo é uma espécie de Inspetor Geral, severo como era o professor Hegel no velho ginásio em Anápolis.
O dia amanhece frio como usual nesta viagem. No meu caderno de rascunhos (como diz o professor Olavo sobre o seu, dele, facebook), registrei: 37°F Feels Like 37° – Santiago a exigir café e cobertor de orelhas…Buenos Dias, Chile!
Das rotinas do dia, o sol foi o que mais me agradou presenciar. Viajar a dois tem o condão de aproximar ou afastar os viajantes. No meu caso, sinto-me mais próximo de minha companheira de viagens (a mesma há mais de quarenta anos). Lembro-me que numa dessas viagens (à França), tivemos uma terceira pessoa em nosso convívio e pessoa de tamanha calma e boa personalidade que não só não rompeu o equilíbrio, como serviu de ponto de apoio na extensão da viagem até o território marroquino. Tempos idos, lá vamos nós caminhando…como dizia o mago António Machado na España dos 1890 et plus…
E a mais fina das notícias e descobertas de hoje, cai do céu:
O MAIS POÉTICO dos pareceres científicos vem da NASA. Cito Mr. Alan STERN:
– “Quem teria esperado um céu azul no Cinturão de Kuiper? É lindo”,
disse Alan Stern, da missão New Horizons – pesquisador principal do Instituto Southwest Research (SwRI), em Boulder, no Colorado.
link consultado dia 09.oct-15
E fomos andando. Agora, tenho no meu telefone móvel (antes celular, hoje ‘smartphone’, no anglicismo diário!) um conta-passos que é uma coisa muito útil. Caminho muito nas minhas viagens e nunca tive idéia (ortografia antiga, por favor revisor!) do quanto caminhava… hoje, consegui um recorde (10.786 passos). De nada valeria isso, se não deixasse gravado em minhas retinas e meus sentimentos mais profundos, a alegria que o dia me proporcionou em Santiago.
A decepção com o Museu Nacional de Belas Artes foi amplamente compensada hoje, com a visita que fizemos à Catedral e ao Museu Histórico Nacional na Plaza de Armas. O lugar respira a história de Santiago e, apesar de lotado, com tantos turistas atraídos pelo sol que desfazia a friagem da manhã, tudo demonstrava uma ordem europeia ou, se preferir, espanhola e mestiça. E se todos caminhamos e ao caminhar aprendemos, como queria o poeta alemão H. Heine – “todos nós marchamos; homens e deuses; crenças, lendas e tradições...” – eis-nos, minha mulher e eu, caminhando na Santiago histórica e aprendendo.
Um guia interessante vem das páginas de um historiador que descobri quase por acaso, com meu hábito de ler os jornais locais (ou pelo menos um deles, em papel) e, agora, também via internet. O guia seguro é Alfredo Jocelyn-Holt que me chega através do tablóide “La Tercera”. O texto me atrai e vou seguindo em busca de livros do autor.
Uma observação rápida sobre o museu histórico nacional feita por minha mulher marca bem o que é a compensação completa: eis um museu agradável de se visitar. Ordenado, rico em informações e didático, o museu recebia uns dois grupos de alunos dos colégios da Capital. Ambos bem uniformizados e em trajes sociais – os meninos de gravata e paletó e as meninas, saias e também lenços a imitar gravatas… um traço bem europeu dos colegiais enriquecia a atmosfera do museu. Curiosamente, além do cão (exposto que está, empalhado) de um presidente da Nação, o museu chamava a atenção dos pequenos por um grande painel nacional no pátio interno do recinto. Os cães são personagens da cena urbana chilena. Estão por toda a parte.
Não sei desse fato senão o que me contou meu compadre (que é um Franciscano até no nome!) que estes convivem com as pessoas e as rotinas urbanas por seu grande préstimo da acuidade auditiva, que poderia prevenir (avisar com seus ganidos) a proximidade de um terremoto… Não fui conferir a história, mas o fato é que os cães são uma maioria silenciosa pelas ruas… E eis que os meninos nossos colegas de visita ao museu na manhã de 09 de outubro, paravam entusiasmados com o cão empalhado pelos milagres da taxidermia. Reabilito a história do cão, deixando com vocês o texto do website do Museu. Confira:
HISTORIA DEL OBJETO – o cão “ULK” – do presidente Arturo Alessandri (1932-1938).
El ejemplar fue preparado por el taxidermista del Museo Nacional de Historia Natural, Sr. Carlos Vergara, ayudado por su hermano Adrián Vergara, durante la presidencia de don Arturo Alessandri. Don Carlos era tío y don Adrián padre del actual taxidermista del MNHN Ricardo Vergara. Esta pieza fue una atracción de público por muchos años y se exhibía en el hall central del MNHN. En 1984 y por insistencia del Jefe del Área de Zoología, el biólogo José Yáñez, respecto a que el ejemplar tenía un tremendo valor histórico antes que biológico, el Director de la época (Hans Niemeyer) accedió a entregar el ejemplar y su correspondiente collar al Museo Histórico Nacional.© Surdoc – Museu Histórico Nacional do Chile.
Bem, chegou finalmente a hora de enfrentar a Academia. Sei por informação preliminar que a universidade aqui, como no Brasil, está em mãos de uma esquerda quase furiosa e que ali se aninha, se concentra como em barricada…
Vou para a Aula Magna e me agrada o discurso de uma pessoa (cabelos brancos, um reitor?!) que denuncia o publicismo das teses, a publicação atual no mundo universitário que cresce em razão inversamente proporcional ao número de marcas e patentes. Segundo o palestrante, ao contrário dos países da Ásia que, menos preocupados na indústria da publicação de teses, ocupa-se em construir novos objetos úteis a toda a comunidade. Fico pensando no incrível número de universitários que conheço lá no Brasil e que, formados por um sistema gratuito de ensino, nunca devolveram nada à comunidade. Decido não ficar para o coquetel prometido, o ar, o clima da academia não me é acolhedor; mesmo do coordenador da viagem que resolvi fazer…
Na volta ao flat, onde estamos “morando” minha mulher e eu, falo sobre o que ouvi, fazemos uma refeição leve à base de omeletes (podemos cozinhar aqui e estocar nossa própria comida, quando conveniente). Ela concorda e ilustra meu raciocínio de apoio à tese ouvida na Aula-Magna. [Esqueci-me de fazer a inscrição ao congresso.]
Dia seguinte, ainda sob o efeito dos pesadelos sobre a responsabilidade que me pesa sobre “a palestra”, parto para a Universidade, novamente caminhando – o que me é extremamente saudável e me deixa animado… Ao chegar encontro colegas de viagem – a Sra. S., o sr. V. e a esposa deste, mas não o coordenador.
Esperamos por mais um tempo, até a sua (dele) chegada e abertura da porta da sala, onde dar-se-ia a palestra. Ufa!
Há um pequeno colóquio sobre a conveniência de adiarmos para a parte da tarde, ao que me oponho, pois não aguento de ansiedade – ter que esperar mais um turno para ministrar a ‘bendita` palestra que já me exaspera. (Na foto, ao lado, sentindo-me acolhido por Signorelli, Vanderlan e Teresinha, à espera da palestra…).
Finalmente, há concordância e faço a palestra… Para agradar alguns poderia dizer, ao final: “Que maravilha!” Estaria mentindo. A um confidente, entretanto, respondo pelo sistema de mensagens do Facebook o que achei: “Frustrante”; embora tenha saldo positivo em falar da tríade Poética, ou “um instantâneo de poesia falada de católicos poetas do Brasil no séc. XX”. Pretensioso título e amazônico para contar minha paixão e a necessidade de relermos Jorge de Lima, Augusto Schmidt e Murilo Mendes… Talvez salve-se o artigo, consolo-me… Se tiver ânimo de voltar ao assunto, pois estou no meu limite sobre o tema. Fiz minha inscrição – puxa, com o mesmo valor compraria uma série de livros usados… Está feita.
Almoço sozinho, na verdade passo com um sanduíche e um “jugo” (os sucos aqui são maravilhosos, apesar de muito adocicados, mais ainda do que no Brasil). Descanso e chego com 10 minutos de atraso para a palestra dos colegas da parte da tarde. Aproveito bem as palestras (quatro) e tenho um bom diálogo todos do grupo, com exceção de um jovem acadêmico paulista que tenta provar que a criminalidade aumentou por conta do analfabetismo, manipulando números estranhos e desconexos, mas com “sólidos” argumentos ideológicos. Em sua (dele) réplica o sr. F. insinuou que sou um fascista.
Entristeci-me e calei-me; ao final do evento, presentei-lhe com um livreto que fizemos (eu e Mário Zeidler Filho) sobre o Cinquentenário da morte do poeta Augusto F. Schmidt. Fico triste apenas, não me revolto, nem tampouco revido quando me chamam ‘fascista’, pois sei que não o sou.
Como não gosto de polêmica, nem de enfrentar o contraditório, e mesmo assim decidi-me a debater, me sinto exausto… ainda mais frustrado.
Uma anotação do La Tercera do dia dá-me a exata dimensão do sacrifício a que está submetido um sujeito não alinhado à esquerda ou esquerdófilo que tenha que (sobre)viver neste meio:
“A universidade é um centro de operação donde (a esquerda) se replica, onde ela se reconhece, onde pretende concentrar os humilhados, com o objetivo de fazer-lhes ver quão mal anda o sistema…”
(Alfredo Jocelyn-Holt, em La Tercera, oct-2015).
Creio que esse evento terminou para mim. Última providências: repasso os livros que trouxe para doação a uma instituição local (dois meus e dois da amiga romancista Clara) e me vou… Pretendo acompanhar minha mulher em nossas caminhadas (e dependendo da confirmação, visitar uma empresa líder no setor de software aqui); e vamos de ônibus para Valparaíso.
A cidade cultural nos espera amanhã cedo. Está decidido. Adeus, Academia, Universidade, adeus a tudo em Santiago, penso em visitar a Sebastiana – uma das três (!) casas do poeta laureado com o Nobel após a primeira chilena que foi (e é minha predileta) premiada em 1945 – Gabriela Mistral. É. Vou a Valparaíso e a uma das casas do “comunista” laureado; o proprietário abastado Pablo Neruda … Vejamos o que há de se passar! Amanhã, conto o resto. ./.
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Para ler as partes 1 e 2 do Diário de uma viagem ao Chile, clique aqui.
Carlos Jordão (Entrevista) – da série “Café com Beto (1)”
UM CAFÉ VIRTUAL pressupõe uma entrevista virtual. Desde que o ficcionista Carlos Jordão me encantou com seu “Príncipe Letícia” que tento marcar um café com o Autor. Já estive bem próximo de um amigo dele, do mesmo time de primeira dos publicitários-escritores de Goiás.
AGORA, deu que uma entrevista virtual funcionou.
No diapasão da estória lida, procurei sondar a alma e as rotinas do ficcionista (par mim, Poeta-ficcionista) de alto valor. Confira no bate-bola abaixo:
Entrevista ‘virtual’ para o grupo Literatura Goyaz – com Beto Queiroz, 23 SET 2015.
i. Tivesse que escrever um “guia da peregrinação sagrada”, qual o destino que escolheria?
R: De verdade, não tenho qualquer interesse em viajar. Amo Goiás, mas nem mesmo Pirenópolis eu conheço.
ii: Se voar fosse uma possibilidade humana, para onde voaria hoje?
R: Para alguns lugares do meu passado. Não por nostalgia. Para consertar algumas coisas.
iii. Perdas que machucam profundamente o autor, influenciam na sua (dele) ficção? Se sim, como é (foi) com você?
R: Sim. Expurgamos muitas de nossas perdas pela escrita. No meu caso, as perdas tornaram minha visão do mundo mais pessimista.
iv. Uma noite na história ficcional de Carlos Jordão se descreve como? (máx. 30′)
R: Se eu fosse escrever, sairiam coisas bem sinistras ou inexplicáveis.
Dois trechos de contos:
“Havia oito tipos de lobisomem. Alguns eram mansinhos. Tímidos. Pareciam vira-latas. Apenas três tipos seriam perigosos: Saco Preto, Rama e Pimenta. Depois de falar se benzeu. E daí mascou um pedaço de resina brava. Saímos em quatro turmas pelo meio do gado. Todo mundo a pé. Nossa presença trazia alguma calma”.
“Tentava dormir, mas não conseguia. Rolava de um lado para outro. Cansei daquilo e saí. Fui até o rio sob uma lua minguante. Minha mãe estava lá, em pé sob uma árvore. Parei junto dela. O rio era então uma ossada branca. Água mesmo tinha pouca”.
v. Passar da comunicação em 30 segundos para um calhamaço de 200 ou 300 páginas funde a cuca do ficcionista?
R: Para mim foi difícil. Só consegui depois de largar a publicidade. E mesmo assim precisei de 5 anos de trabalho diário. Saiu um livro horrível. Só depois disso consegui sair da cadeia e fazer algo mais prestável. Rsrs… (A publicidade, para mim, sempre foi uma cadeia). Ah, e não faria mais estórias de 200 páginas. Eu me expresso melhor correndo os 100 metros rasos. Sempre estórias curtinhas. Ainda influência da publicidade? Não sei.
vi. Publicidade ou ficção – ou ambas?
R: Publicidade, de jeito nenhum. Deus me livre. Fiz por injunção. Sempre amei a literatura, mas não tinha como me dedicar. Tentei por várias vezes conciliar os dois lados. Fracassei em todas. (O Antônio Torres conseguiu fazer bem as duas coisas).
vii. Um autor de ficção da infância (ou juventude) que você admite ter influenciado o seu estilo? E da idade madura?
R: Na infância fui muito influenciado pelas histórias de Conan Doyle. Sherlock Holmes é um ótimo começo. Depois veio o inevitável Monteiro Lobato. Minha dívida com ele é enorme. Também devo muito às histórias em quadrinhos. Lia até fotonovelas na infância, e tudo isso ecoa em meu trabalho.
Na juventude, Machado de Assis, José de Alencar, José Mauro de Vasconcelos, Jorge Luiz Borges e José j. Veiga.
Idade madura: continuam Machado de Assis e José J. Veiga, mais Stephen King, Raymond Carver e vários autores best-sellers. Gosto muito de Scott Turow.
viii. O “Príncipe Letícia” pode ser uma história a transformar-se numa história dos grandes estúdios? Vejo tanto movimento de alto padrão na história e dá-me tantas voltas no pensar… Como o público tem reagido ao livro e como reagiria a um desenho animado (ou filme)?
R: Já me falaram em desenho animado, mas não acho viável. Os grandes estúdios nunca olhariam para uma estorinha brasileira. E mais grave: Letícia é má e não vai ficar boazinha depois. Isso é inaceitável dentro do “pacote moral” de um grande estúdio. Sobre a resposta dos leitores, não tenho muitos subsídios. Vendi pouco e a maioria dos leitores não comenta. (Quem gostou, gostou muito).
ix. Jordão, o Ser incluído na história e nas estórias. Em síntese, tem uma mensagem ou uma bíblia própria.
R: Falo das minhas pulsões interiores. Nos meus quase mil contos, separados em 4 volumes(2 inéditos), repetem-se quase os mesmos problemas: o susto diante de um mundo incompreensível, a descrença na viabilidade do ser humano, e muitas outras dúvidas. Tem mesmo alguém no volante disso aqui? E se tem, ele tem carteira? Tudo isso eu só percebo bem depois. De forma consciente, nunca tentei passar qualquer mensagem. Não gosto de literatura moralizante.
x. Crenças o ajudaram a chegar aqui? Levam você ao futuro?
R: Nenhuma crença em especial. Só mesmo o vício de escrever. De resto, tenho muita perseverança e disciplina. Escrevo todos os dias, das 7 da manhã ao meio dia. Isso inclui sábados, domingos e feriados. Escrevo na manhã de Natal. Na manhã do Ano Novo. Nesses últimos 10 anos devo ter faltado à “aula” umas 15 vezes, se tanto, e nunca por minha vontade. Não é sacrifício, é bom. E além do mais, vou ter muito tempo para dormir, depois de morto.
xi. Uma coisa que teria incluído aqui e o entrevistador não o fez?
R: Tentei ser o mais sincero possível. No mais, só quero agradecer pela oportunidade. – Carlos Antônio Jordão.
O entrevistador é quem te agradece, caro Carlos Jordão.
Encontre o escritor Carlos Jordão em Google+ ou no excelente blog que o Autor mantém sob o título de Escuridão & Medos. Aos que desejam ler uma amostra dos contos de Carlos Jordão, há também esses “Três Contos em Jornal OpçãoCultural”.Pedidos de livros do Autor – Email para: carlosantoniojordao@gmail.com
Livro:Aventuras do príncipe Letícia
Editora: Kelps
Ilustração e capa: Jonas Medeiros
R$20,00+despesas de correio(+- R$5,00).
(AQ).
Carlos Jordão (Entrevista) – da série “Café com Beto (1)”
UM CAFÉ VIRTUAL pressupõe uma entrevista virtual. Desde que o ficcionista Carlos Jordão me encantou com seu “Príncipe Letícia” que tento marcar um café com o Autor. Já estive bem próximo de um amigo dele, do mesmo time de primeira dos publicitários-escritores de Goiás.
AGORA, deu que uma entrevista virtual funcionou.
No diapasão da estória lida, procurei sondar a alma e as rotinas do ficcionista (par mim, Poeta-ficcionista) de alto valor. Confira no bate-bola abaixo:
Entrevista ‘virtual’ para o grupo Literatura Goyaz – com Beto Queiroz, 23 SET 2015.
i. Tivesse que escrever um “guia da peregrinação sagrada”, qual o destino que escolheria?
R: De verdade, não tenho qualquer interesse em viajar. Amo Goiás, mas nem mesmo Pirenópolis eu conheço.
ii: Se voar fosse uma possibilidade humana, para onde voaria hoje?
R: Para alguns lugares do meu passado. Não por nostalgia. Para consertar algumas coisas.
iii. Perdas que machucam profundamente o autor, influenciam na sua (dele) ficção? Se sim, como é (foi) com você?
R: Sim. Expurgamos muitas de nossas perdas pela escrita. No meu caso, as perdas tornaram minha visão do mundo mais pessimista.
iv. Uma noite na história ficcional de Carlos Jordão se descreve como? (máx. 30′)
R: Se eu fosse escrever, sairiam coisas bem sinistras ou inexplicáveis.
Dois trechos de contos:
“Havia oito tipos de lobisomem. Alguns eram mansinhos. Tímidos. Pareciam vira-latas. Apenas três tipos seriam perigosos: Saco Preto, Rama e Pimenta. Depois de falar se benzeu. E daí mascou um pedaço de resina brava. Saímos em quatro turmas pelo meio do gado. Todo mundo a pé. Nossa presença trazia alguma calma”.
“Tentava dormir, mas não conseguia. Rolava de um lado para outro. Cansei daquilo e saí. Fui até o rio sob uma lua minguante. Minha mãe estava lá, em pé sob uma árvore. Parei junto dela. O rio era então uma ossada branca. Água mesmo tinha pouca”.
v. Passar da comunicação em 30 segundos para um calhamaço de 200 ou 300 páginas funde a cuca do ficcionista?
R: Para mim foi difícil. Só consegui depois de largar a publicidade. E mesmo assim precisei de 5 anos de trabalho diário. Saiu um livro horrível. Só depois disso consegui sair da cadeia e fazer algo mais prestável. Rsrs… (A publicidade, para mim, sempre foi uma cadeia). Ah, e não faria mais estórias de 200 páginas. Eu me expresso melhor correndo os 100 metros rasos. Sempre estórias curtinhas. Ainda influência da publicidade? Não sei.
vi. Publicidade ou ficção – ou ambas?
R: Publicidade, de jeito nenhum. Deus me livre. Fiz por injunção. Sempre amei a literatura, mas não tinha como me dedicar. Tentei por várias vezes conciliar os dois lados. Fracassei em todas. (O Antônio Torres conseguiu fazer bem as duas coisas).
vii. Um autor de ficção da infância (ou juventude) que você admite ter influenciado o seu estilo? E da idade madura?
R: Na infância fui muito influenciado pelas histórias de Conan Doyle. Sherlock Holmes é um ótimo começo. Depois veio o inevitável Monteiro Lobato. Minha dívida com ele é enorme. Também devo muito às histórias em quadrinhos. Lia até fotonovelas na infância, e tudo isso ecoa em meu trabalho.
Na juventude, Machado de Assis, José de Alencar, José Mauro de Vasconcelos, Jorge Luiz Borges e José j. Veiga.
Idade madura: continuam Machado de Assis e José J. Veiga, mais Stephen King, Raymond Carver e vários autores best-sellers. Gosto muito de Scott Turow.
viii. O “Príncipe Letícia” pode ser uma história a transformar-se numa história dos grandes estúdios? Vejo tanto movimento de alto padrão na história e dá-me tantas voltas no pensar… Como o público tem reagido ao livro e como reagiria a um desenho animado (ou filme)?
R: Já me falaram em desenho animado, mas não acho viável. Os grandes estúdios nunca olhariam para uma estorinha brasileira. E mais grave: Letícia é má e não vai ficar boazinha depois. Isso é inaceitável dentro do “pacote moral” de um grande estúdio. Sobre a resposta dos leitores, não tenho muitos subsídios. Vendi pouco e a maioria dos leitores não comenta. (Quem gostou, gostou muito).
ix. Jordão, o Ser incluído na história e nas estórias. Em síntese, tem uma mensagem ou uma bíblia própria.
R: Falo das minhas pulsões interiores. Nos meus quase mil contos, separados em 4 volumes(2 inéditos), repetem-se quase os mesmos problemas: o susto diante de um mundo incompreensível, a descrença na viabilidade do ser humano, e muitas outras dúvidas. Tem mesmo alguém no volante disso aqui? E se tem, ele tem carteira? Tudo isso eu só percebo bem depois. De forma consciente, nunca tentei passar qualquer mensagem. Não gosto de literatura moralizante.
x. Crenças o ajudaram a chegar aqui? Levam você ao futuro?
R: Nenhuma crença em especial. Só mesmo o vício de escrever. De resto, tenho muita perseverança e disciplina. Escrevo todos os dias, das 7 da manhã ao meio dia. Isso inclui sábados, domingos e feriados. Escrevo na manhã de Natal. Na manhã do Ano Novo. Nesses últimos 10 anos devo ter faltado à “aula” umas 15 vezes, se tanto, e nunca por minha vontade. Não é sacrifício, é bom. E além do mais, vou ter muito tempo para dormir, depois de morto.
xi. Uma coisa que teria incluído aqui e o entrevistador não o fez?
R: Tentei ser o mais sincero possível. No mais, só quero agradecer pela oportunidade. – Carlos Antônio Jordão.
O entrevistador é quem te agradece, caro Carlos Jordão.
Encontre o escritor Carlos Jordão em Google+ ou no excelente blog que o Autor mantém sob o título de Escuridão & Medos. Aos que desejam ler uma amostra dos contos de Carlos Jordão, há também esses “Três Contos em Jornal OpçãoCultural”.Pedidos de livros do Autor – Email para: carlosantoniojordao@gmail.com
Livro:Aventuras do príncipe Letícia
Editora: Kelps
Ilustração e capa: Jonas Medeiros
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(AQ).