“A flor de Coleridge”, de Borges e JLG

BORGES

“Aqueles que copiam minunciosamente um escritor fazem-no de modo impessoal, fazem-no por confundir esse escritor com a literatura, fazem-no por supor que se afastar dele em um ponto é afastar-se da razão e a ortodoxia. Durante muitos anos, eu acreditei que a quase infinita literatura estava em um homem. Esse homem foi Carlyle, foi Johannes Becher, foi Whitman, foi Rafael Cansinos-Asséns, foi De Quincey” (Jorge Luis Borges, em Outras inquisições).

Borges.png

Toute la mémoire du monde

coleridge 1coleridge 2coleridge 3coleridge 4

coleridge 5 Histoire(s) du cinéma: Les signes parmi nous

“Em 1938, Paul Valéry escreveu: “a história da literatura não deveria ser a história dos autores e dos acidentes de uma carreira ou da carreira de suas obras e sim a história do Espírito como produtor ou consumidor de literatura. Essa história poderia chegar ao fim sem mencionar um só escritor”. Não era a primeira vez que o Espírito formulava essa observação; em 1844, no povoado de Concord, outro de seus amanuenses havia anotado: “diria-se que uma só pessoa havia redigido quantos livros há no mundo; tal unidade central há neles que é inegável que sejam obra de um só cavaleiro onisciente” (Emerson: Essays, 2, VIII). Vinte anos antes, Shelley julgou que todos os poemas do passado, do presente e do porvir, são episódios ou fragmentos de um só poema infinito, erigido por todos os poetas do universo (A Defence of Poetry, 1821).

Ver o post original 959 mais palavras

Publicidade

Walt Whitman (1)

Pensei em transcrever dois poemas do escritor norte-americano W. Whitman em homenagem a um jovem amigo que estuda a língua inglesa e, como a maioria dos jovens brasileiros da atualidade, lê mais prosa do que poesia. Aliás este amigo de bom-gosto é apreciador da escrita de P. G. Woodhouse e teve a generosidade de me presentear com um inesquecível volume de “Obrigado, Jeeves“. Espero que comece a gostar de Cather e Whitman.

A conversa que tivemos – e que está na origem desta transcrição – era, na verdade, sobre outro ícone da literatura feita nos EUA – falava sobre Willa Cather, que continuo lendo com muito entusiasmo, e falava desse entusiasmo porque agora estou lendo em inglês – o que duplica o prazer do leitor diante de um(a) grande escritor(a).

Lembram-se quando falei aqui sobre o prazer da leitura de “A Morte vem Buscar o Arcebispo“?

No momento estou concluindo a leitura iniciada nas férias, há mais de um mês, de “Oh, Piooners” (W.Cather) e dizia ao meu amigo como me impressionou o fato de que a decisão de escrever o livro tinha sido a leitura que Cather fizera do poema de W. Whitman. Na verdade, durante a viagem que fazíamos de carro, meu amigo e eu, não consegui me lembrar, dirigindo a 120 km/h qual o nome de Whitman. Lembrava de minhas leituras e declamações há mais de 15 anos, lembrava da capa do livro adquirido na Barnes & Noble, lembrava inclusive da surpresa de uma semana atrás quando aberto ao acaso o livro me sorteou o poeminha (quase nota de cartão de boas festas) em que o poeta escreve para um amigo brasileiro… mas o nome do poeta mesmo, nada!
Foi uma agonia solucionada com um torpedo ao meu F1 que atende pelo nome de César Miranda.

“Quizz literário” – eu perguntei: o nome do poeta de “As Folhas da Relva”? e menos de um minuto depois, na tela do meu velho Nokia: “Walt Whitman”. Fiquei em paz com meus neurônios cansados.
Vai o poema e a promessa de que, em breve, ao final da leitura escreverei sobre “Oh! Pioneers” de Cather.

Bom week-end a todos.

A Christmas Greeting
(From a Northern Star-Groupo to a Shoutern, 1889-90)
by Walt Whitman*
(1819-1892)

Welcome, Brazilian brother – thy ample place is ready;
A loving hand – a smile from the north – a sunny instant hall!
(Let the future care for itself, where it reveals its troubles,impedimentas,
Ours, ours the present throe, the democratic aim, the acceptance and
the faith)

To thee to-day our reaching arm, our turning neck – to thee from us
the expectant eye,

Thou cluster free! thou brilliant lustrous one! thou, learning well,

The true lesson of a nation’s light in the sky,
(More shining than the Cross, more than the Crown,)
The height to be superb humanity.

+++++

Fonte: Poemas extraídos de “Leaves of Grass” (1891-92), in “Complete Poetry and Collected Prose”, pág. 646. Ed. The Library of America, 1984. Num próximo post trascreverei Oh Pioneers! (AQ).