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“…encolhe-se o animal nas entrelinhas,
e ri-se a sós de quem, por estar vivo,
faz da poesia um desafio e um risco.” (Ivan Junqueira).
Dizer o quê – do posto em que me vejo?
– Todo dia ler um pouco e estar a postos.
Não é o rio de minha aldeia nenhum Tejo.
Restam-me esses parcos versos compostos.
Digo do ponto de vista em que me vejo:
Ler e reler o mesmo livro, au rez-de-chaussée
‘Vehementius et pronfundius‘ – é meu desejo.
Confissão de leitor, doravante réu do escrever.
Ler e reler o mesmo livro de alto a baixo,
antes de o véu noturno cobrir-me o rosto
de solidão e medo qual a Ciência amarga.
Seguir incólume à fera que nas dobras do livro
A poesia abafa; ah, sede que o Grifo encolhido;
Sobranceiro, ameaça quem, sedento, vá ao poço.
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Goiânia, abril 2016.
A doçura
Adalberto de Queiroz*
A doçura,
– Que Tomás em segredo me revelara
(em minha confissão continuada):
“É produzida
Pela ação do calor”.
Por este trópico onde, exaurido
Traço o caminho de minha vida
ouso pensar, enquanto só:
– A doçura, te recordas?
“É produzida pelo calor
Que lento digere
E dissolve
O úmido…”
Entanto, meu corpo
É doce, segreda a amada:
– Não por ser quentinho.
O úmido e doce e o salgado reúne
Feito edredom
Que nos cobre
E nos une. Mas isso já é outra coisa
Onde a doçura aquece ainda mais.
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Originalmente, publicado em Goiânia, 26/06/2004.