Por vezes penso em Ti
Ou: Tua dor assim sentida
Ao pensar no Teu Sacrifício
repito: não há suplício igual a
essa dor – símile, impingida.
HḠentanto, uma alegria
em tamanha dor sentida.
Mesmo o pagão, incréu,
reconhece a paga recebida.
Se as escamas dos olhos
caem; se do cavalo é descido.
Incompreensão é um lenço
embebido em vinagre, sabem:
os que o Cordeiro mutilaram.
Longe e calmo o Verbo ouvia.
O clamor na Cruz emitido.
O Filho de Deus a tudo tolera
para que ao fim o homem viva.
Morte e vida; céus rasgados
de alto a baixo feito seda.
O silêncio do sepulcro aberto
foi a coda de tal infâmia finda.
Ressuscitou! Disseram mulheres
e o mundo as seguiu, em páscoa –
Eia que imensa luz assumida!
Do cordeiro ao homem unindo, a
dor reata Deus e criatura decaída
Há na dor uma contrapartida:
Tu e Eu atados em fio de Vida.
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Literatura Goyaz / Adalberto de Queiroz (org.). – Goiânia: Edit. Livres Pensadores, 2015, p.19.