A taça dourada*
O sol não brota; ele se mostra
com tudo o que a noite esconde.
Sol em minha janela e sua fronde
de pinheirinho molhado; amostrade desejo e fonte de toda paz;
do que tenho merece graças dar
o que não tenho aragem sagaz
da chuva que cai a nos molhar.A chuva que caiu ontem à noite
aqui deixou à mostra nosso lar:
se o pesadelo agride feito açoite,
vem a manhã a fronte nos dourar.Dourado-esmeralda é o seu rosto,
sol, estrela maior, insofismável
do mestre a lembrar bem disposto
que a vida é sempre incontornável.A taça onde do vinho nos servimos
um dia ao mar o rei de Tule a atira;
bebe-se com ardor por toda a vida,
perdido o amor, no mar ela suspira.Assim o sol que à janela forte bate
irá se pôr à montanha docemente,
como a vida da chuva se ressente
na morte o ser eterno tem o embate.
./.
(*)Poema em draft do livro em preparo (2017).