Meu velho tamboril & memórias de Carmo Bernardes

PUBLICADA EM OPÇÃO CULTURAL em 16.JUN.2016.

Clique na figura para ler o artigo no site do Opção Cultural ou leia a íntegra abaixo.

2016-06-16 (2)

 

Meu velho tamboril  ensina-me a ouvir o vento

                                                                                          Adalberto de Queiroz, Especial para o jornal Opção

Dia desses conversava com um dos meus compadres sobre as árvores do quintal da casa de minha filha. Lá, existem algumas espécies que me surpreenderam quando adquirimos o terreno. Tudo fiz para manter as árvores e enfrentei com bravura a mudança de um velho bacuri que havia anos se erguia faceiro no que hoje é um dos quartos da casa. Quando soube, por telefone – estava nos EUA, que o velho bacuri teria que ser removido fiquei furioso e pedi que adiassem a decisão.

Com a casa pronta, em uma das primeiras reuniões em território de meu genro e de minha filha, orgulhoso, mostrei ao compadre Chico cada uma das árvores – todas têm sua história especial e única, principalmente o bacuri que se mudara e pousa com galhardia em frente aos quartos da nova residência.

– Você devia escrever sobre as árvores – arrematou ele, ao final do giro que fizemos em torno da casa, rodeada de belas espécies: dois ingazeiros, um baruzeiro[1], o formoso bacuri que, mesmo mudado (em uma odisséia familiar importante) continua lá, altivo, a provar meu amor pelas árvores.

Um dos responsáveis pelo meu interesse pelas árvores foi um monitor de nome e personalidade estranhas que conheci no orfanato – Sêo Alcides, que, perdoados os hábitos rudes com que tratava a todos – meninos e adultos, transmitiu-me a consciência de que tudo deveríamos fazer para plantar e cuidar das árvores, pois delas dependia nossa sobreviência. Mais tarde, o pouco de nomes e da sabença real que possuo sobre tão vasto tema, aprendi mesmo foi lendo e observando os escritos de Carmo Bernardes.

Ele foi o mais acadêmico dos mateiros goianos, nascido mineiro e criado nos campos dos Goyazes, aprendeu com o pai tudo que nos transmitiu sobre a riqueza vegetal do cerrado. O Sêo Carmo, ou para o respeito do cargo de imortal – o escritor Carmo Bernardes é, pois, um dos responsáveis por este meu amor às árvores.

Fui conversar com um amigo dele, por conta das memórias todas que esta crônica veio me trazendo. O poeta Aidenor Aires conviveu com Carmo e dele aprendeu muito, não apenas sobre árvores.

– Eu tenho uma relação muito próxima com as árvores – disse-me o poeta Aidenor Aires. “A primeira imagem importante que eu tenho na vida é de um jatobazeiro que existia na porta de nossa casa no sertão do oeste da Bahia. Esse jatobazeiro era meu parque de diversões, ali caíam uns jatobazinhos que a gente fazia de boizinhos, para brincarmos…”.

O improviso do brinquedo infantil transforma-se em aprendizado do adulto que, mais tarde em Goiânia, torna-se amigo de Carmo Bernardes.

– Aprendi com a amizade e na convivência com o Carmo que os nomes das árvores vêm do papel econômico que têm numa sociedade: “olha, dizia o Carmo, toda árvore que você conhece tem nome; árvore que não tem nome você chama de pau-à-toa!”. É pau à toa porque não servem pra nada” –  diz o poeta. “Aroeira serve para fazer estacas, a sicupira serve como remédio e boa madeira, imburana, idem; o mogno e o cedro – pela preciosidade do móvel que podem gerar; até aquelas árvores que servem só pra fazer um chicote que corrija menino têm nome. O restante, se você perguntar a um cidadão da roça: que árvore é esta aqui? Se não souber, ele dirá logo: “É pau-à-toa!”

Carmo Bernardes, em sua obra inteira tanto a respeito da fauna quanto da flora – sempre vai nominando as árvores que conhece e quase sempre dá informações sobre elas. Carmo é classificado pelo poeta Aidenor como um verdadeiro pedagogo: “O Carmo achava que só podia escrever se sua escrita servisse para alguma coisa e para alguém, fosse para conscientizar, fosse para que o leitor aprendesse alguma coisa…” – diz Aidenor.

Em “Jângala”, livro em que Carmo Bernardes faz um levantamento da fauna e da flora do “Complexo do Araguaia”, surge informação relevante a cada capítulo. O 7º capítulo, intitulado “As madeiras” nos dá exemplos da pedagogia do Carmo:

“O jatobazeiro, uma leguminosa – cesalpinácea – é a espécie predominante nos matos de terra seca; depois vem o angelim, também chamado angelim-pedra. Tem esse nome devido à fibra da madeira ser encaracolada, entremeada de resinas, com a aparência de pedra; pertence à família das ochnáceas, bela madeira de marcenaria, muito macia para cortar; as peças confeccionadas com ela não trincam e aceitam finíssimo polimento”.

E sobre aquele Baru à porta da casa de minha filha, que, mesmo agredido pelo caminhão de entregas durante a obra, permanece firme em  frente à casa…, quem há de contar sua história? Histórias de uma família que da sombra e dos frutos tirará proveito das castanhas? Falará esta árvore com os netos que começam a ter notícia de uma nova cidade, de um novo clima (nascidos fora do Brasil), de uma nova cidade para onde se mudaram e onde começam a fazer sua história?

Carmo responde em “Jângala”: “O  Baru aparece mais para a área de beira-campo, uma Papilionácea, árvore de tronco médio, madeira fixe[2], apropriada para trabalhos de torno. É do grupo dos castanheiros. O fruto tem a forma achatada e ovalada, é revestido por uma polpa farinácea de acentuado sabor de alcaçuz, apreciado pelo gado e pelo índio Xavante. Cada fruto contém uma pequena castanha, de sabor próximo ao do amendoim, mas com um cheiro forte e enjoativo do feijão cru.”

Do destino do baruzeiro e das histórias que este haverá de reunir, o tempo dirá.

Carmo Bernardes foi pioneiro da chamada “maré ecológica” em Goiás, e sempre nutriu umaconsciência a respeito do meio-ambiente. “Desde os tempos em que foi editor em Anápolis, ele lutava contra os efeitos da migração do homem rural para as grandes cidades. Às vezes, quando viajávamos juntos, passando numa estrada, ele mostrava no meio do pasto um pé de limão-rosa abandonado, um pé de manga morrendo, pé de laranja; e dizia: ‘aqui morou uma família que foi obrigada pelo êxodo rural a sair da fazenda, portanto, as árvores são o testemunho da vida das pessoas lá naquele ermo…”, relata Aidenor Aires.

Às vezes, o “mateiro Carmo” usava uma linguagem euclidiana, nota Aidenor Aires: “O Carmo tinha uma versatilidade muito grande. Foi secretário da Celg [distribuidora de energia elétrica de Goiás], secretário da Universidade, depois assessor de governos. Ele era perito em escrever correspondências oficiais, discursos. Ele era um mago. Um dia ele me falou: “Olha, Aidenor, para nós, que andamos com essas caraminholas na cabeça, é muito difícil arrumar emprego, então, aprende isso aqui: escrever um ofício, uma carta para um embaixador, um presidente da República – com todos os formalismos, sem a dureza da linguagem oficial. Ele era perito nisso. “Nosso destino”, disse Carmo a Aidenor, “é carregar jumento. Eu carreguei jumento a vida inteira…isto é, nós escrevemos, trabalhamos, para outro levar a fama, mas disso, ele viveu a vida inteira, porque livro não dá fortuna pra ninguém…”

O título de “Jângala: Complexo do Araguaia” foi inspirado em “Jangal”, do escritor britânico Rudyard Kipling, revela Aidenor. E é um livro onde fala tanto da fauna quanto da flora, porque “para ele, Carmo, o mundo é uma coisa só…porque a vida que tem na formiga tem em nós – a vida das árvores, dos animais é a mesma e temos que preservá-la porque as vidas estão interconectadas. A falta de uma é uma perda para a Humanidade, como acentua Hemingway na epígrafe do romance “Por quem os sinos dobram ?”

                “A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne).

É Bento Fleury, outro apaixonado pelas árvores, quem me justifica meu choro quando dizimam-nas em nome do progresso ou de uma bela construção, como se parte de nossa vida fossem. Na crônica “O jatobazeiro da Chácara Baumann” (ou: “O espaço que uma arvore ocupa na nossa vida”), Bento Fleury resume o que poderia essa crônica dizer em uma frase: “Eu amo as árvores, pois elas sabem do seu destino”, aduzindo: sabem do destino delas e do destino humano.

Retomo o fio da prosa e o eito dessa crônica para não se tornar infinda. À história de minhas árvores devo sempre adicionar a observação que não sou nem nunca fui um que vive em partido em defesa do meio ambiente ou se intitula “verde” por oportunismo ou como seguidor de um modismo, de uma ‘maré ecológica’ passageira.

O parágrafo que se segue dedico-o a lembrar como veio Sêo Carmo a gostar de árvores. E se você tiver paciência de ler esta crônica descobrirá como a orelha-de-macaco pode apontar os rumos do vento e sentir o cheiro da chuva que se avizinha.

Nascido em Patos de Minas, a 2 de dezembro de 1915, Carmo se mudou com a família para a cidade de Formosa em 1920 e, em 1925, para o município de Anápolis. Estudou o primário entre as duas cidades e acompanhou o pai em suas atividades madeireiras. Fez curso de estatística e recenseamento e, a seguir, publicou os primeiros trabalhos de uma escrita pródiga e diversificada: contos, crônicas e romances, além do ofício administrativo de secretário de muitas entidades. Os “volantes de propaganda do recenseamento de 1940”, no entanto, foram seus primeiros trabalhos publicados.

Jornalista durante boa parte de sua vida, Carmo Bernardes foi um autodidata em tudo. Em 1972, contava já 30 anos de atividades no setor de defesa do meio-ambiente. Quando poucos ou ninguém falava do tema, já estava o Carmo dedicando-se ao tema em suas andanças por Goiás. Foi conselheiro da Fundação Inca e representante ao I Encontro Nacional sobre a Proteção e Melhoria do Meio Ambiente e à 1ª Conferência Nacional do Meio Ambiente – conforme se aprende na sua pequena biografia publicada na 2ª edição do romance “Jurubatuba” (1979).

O pesquisador Bento Fleury em artigo intitulado “Carmo Bernardes, o Doutor do Sertão”, justifica o título. “O Carmo escreveu ensinando e foi um doutor no tema sertão e cerrado. Sua obra fala, ensina, tem sabor. Ele conseguiu fazer uma literatura que não está apenas escrita, mas também vivida“.

Bariani Ortêncio, companheiro de amizade e profissão do Carmo, conviveu com ele no programa de televisão “Frutos da Terra”, da TV Anhanguera e como cronistas do jornal “O Popular”. É outro que pode falar com autoridade sobre a formação do “Doutor do Cerrado”.

Foi o pai o grande instrutor do Carmo. “Luiz Bernardes, trançador de couro, carapina, construtor de engenhos de cana, currais, madeiramentos de casas, pilões, colher de pau, monjolos e até trapizonga, ensinou ao filho Carmo tais profissões, deixando para ele, que já se julgava homem, pois andava calçado de botas, os “servicinhos”, como tecer chicote e colocar argola em laço. O avô, José Pernagrossa, também artesão, era fabricante de produtos à base de chifres, de berrantes a pentes e até botões.”

Conheci Sêo Carmo numa sessão de autógrafos em Anápolis. Em minha cidade de formação, onde ele fora editor do jornal “O Anápolis”. Essa oportunidade, perdida na memória, se salva pelo autógrafo na letrinha miúda que me deixou em “Reçaga”: “Adalberto: os meus  votos pelos seus êxitos nos estudos e obrigado por ser você o primeiro a adquirir este livro”. Seguem-se a assinatura de Carmo Bernardes e data. Em Anápolis, 25 de setembro de 1972.

Mais tarde, já estudante em Goiânia, encontrei-o, diversas vezes, na Livraria Cultura Goiana e na Feira Hippie, onde, nas manhãs de domingo ele e outros escritores faziam ponto na banca do Paulo Araújo, assinando livros e conversando entre si. Eu os apreciava de longe, por pura timidez de jovem distante dos graúdos das letras. Bernardo Élis, tímido, nunca deu-nos a mesma atenção que o Sêo Carmo. Este, à sua maneira, tímido também, meio que ensimesmado permitia-nos aproximação e tinha uma resposta sempre didática, ainda que sempre voltado para assuntos da mais alta metafísica interior.

Lembro-me bem de uma vez, na livraria, em que solicitei ao Sêo Carmo uma sugestão de leitura. Foi na exígua mas riquíssima livraria que o Paulo Araújo mantinha, próxima ao Café Central (a Cultura Goiana). Com seu jeito mateiro, sempre ensimesmado, ele não titubeou, foi à estante próxima e retirou o livro de Evgueni Evutchenko – “Os Frutos Silvestres da Sibéria”. Guardo-o comigo, como um troféu, autografado que foi pelo autor russo, em Recife, em 1987 – sempre os frutos silvestres hão de me trazer à memória o Sêo Carmo Bernardes.

Aí se vai a crônica finda sem que eu justifique o título. O perdão que pede o cronista, talvez não o mereça. O vento desse junho já friorento à beira desse lago bate na copa rala de um dos dois pés de tamburil que mantenho a todo custo em frente à minha casa, avisando-me que é hora de eu virar a folhinha da época de minha própria vida. Na próxima jornada chuvosa que virá depois desse friozinho de junho/julho, os galhos mais altos do mais jovem dos tamburis deve oferecer perigo ao beiral da minha casa. Essas árvores chegaram aqui bem uns 30 anos antes de mim, mas a eles devemos o respeito e a defesa inconteste da vida que representam.
Quando os sinos dobrarem por nós ou por nossos semelhantes serão as árvores que darão o melhor testemunho do que somos e do melhor que legamos ao futuro.
Goiânia, 11 de junho de 2016.

(*) Carmo Bernardes, o autodidata que se fez “Doutor do Cerrado”, foi membro da Academia Goiana de Letras e recebeu prêmios internacionais de literatura. Listam-se entre seus livros os títulos: Reçaga, Rememórias (vols. I e II), Vida Mundo, Jurubatuba, Idas e Vindas, Ressurreição de um Caçador de Gatos, Santa Rita, Nunila, Quarto Crescente, Memórias do Vento, Jângala: Complexo Araguaia e Força da Nova.
[1]O baruzeiro é uma espécie importante para o equilíbrio do Cerrado, pois se trata de uma das poucas árvores cujo fruto amadurece na seca. Nessa época, torna-se uma valiosa fonte de alimento para muitos animais.

[2] Fixe, no original, 2. [Popular] Que é fixo, firme ou seguro.

 

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Dia do Meio Ambiente lembra Carmo Bernardes

NESTE 05 JUN 2016 – DIA DEDICADO AO MEIO-AMBIENTE, relembremos Carmo Bernardes. Pois, antes mesmo de o meio-ambiente ser um modismo e até razão para criação de partido político, o Sêo Carmo já era um ‘ambientalista’. Na verdade, era o melhor aprendiz das “atividades madeireiras” absorvidas de seu pai. Carmos Bernardes (1915-1996), – na feliz alcunha que lhe apôs o estudioso Bento Fleury, é o “Doutor dos Sertões; o Doutor do Cerrado”, com certeza entre nossos escritores o que melhor entendeu o bioma em que vivemos – a maior savana do planeta – o cerrado. Perto dele, até o grande Washington Novaes é aprendiz.

Pensei em homenagear o Carmo com um texto inédito – até o principiei, mas vi que a tarefa era empreitada para mais de uma quadra do ano – tarefa similar a derrubar “um jatobazeiro que três homens não abarcam” (como os três homens do “Barreiro dos Três Cruzeiros) – do magistral conto inicial de Idas e Vindas (1977). Que o compadre Chico Sena saiba que não desisti da crônica “Meu tamboril me ensina a sondar os ventos e as chuvas. Ou: Minhas amadas árvores: lembranças de Carmo Bernardes”.Carmo_contracapa Jurubatuba

Cheguei a ligar para o meu amigo, o poeta Acadêmico Aidenor Aires, mas desisti da empreita por ora. Deixo a palavra de homenagem a Pedro Nava, que sobre Carmo escreveu uma apresentação inesquecível no livro “Idas e Vindas” (1977), editado pela Codecri, editora de O pasquim, com ilustrações de Poty.

Apresentação do Livro Idas e Vindas de Carmo Bernardes

*Por Pedro Nava

Evidentemente que fazer a apresentação de um livro de Carmo Bernardes é honra para mim como seria para qualquer outro. Note-se bem que eu estou falando da apresentação de um livro e não do próprio autor. Esse, por mais que se oculte, é conhecido da elite dos letrados e artistas brasileiros como um dos nossos maiores regionalistas. Vive embiocado em Goiás, vive se escondendo, é avesso a qualquer gênero de de publicidade mas é autor que se impõe pela própria força a qualquer pesoa que o leia. Tenho feito essa experiência repetidas vezes. Falo nele a este, àquele. Ninguém sabe quem é. Pois então vou empretar a você um livro dele. Empresto ora as Rememórias, ora Reçaga ora essa saga do nosso interior, esse épico Jurubatuba que para mim tem sua ponta cervantina. E o pasmo é imediato naqueles que estou tesstando. Como é que este homem não é disputado pelas grandes editoras e não é conhecido de todo o Brasil? Coisas lá dele. Do capiau esquisitão e distante que prefere curtir seu fuminho cortado a canivete, sua pesca e sua caça a qualquer coisa que se pareça com política literária.
Capas Livros CarmoBernardes
Agora ele vai sair por intermédido da Codecri e entrar assim em contato com o grande público. Então o Brasil conhecerá um de seus maiores escritores. Não estou aqui para fazer a crítica de sua obra. Esta já foi magistralmente traçada em “Força e expressão de uma literatura”, por Nelly Alves de Almeida, em estudo que é uma obra-prima de exegese e de crítica. Quero apenas chamar a atenção para certos aspectos da linguagem de Carmo Bernardes. A propósito da maneira de falar do nortista, do brasileiro do centro, dos de leste e oeste, do carioca, do paulista, do gaúcho eu já tive ocasião de dizer que seus sotaques e modismos não corrompem nem são defeitos do idioma. Antes são dele maior riqueza, do mesmo modo que o português do Brasil é mais um tesouro da língua mãe peninsular. O goiano de Carmos Bernardes é uma das mais lindas falas brasileiras que tenho ouvido e visto por escrita. Rica de homofonias, de contrações que são verdaderos achados de síntese, da fabricação riquíssima de verbos a custa de tudo quanto é substantivo – numa opulência e numa liberdade que só encontram símile na língua inglesa, da criação não arbitrária mas seguindo uma espécie de lógica de língua nascente que se vê nos neologismos do autor de Reçaga – tudo isto é seiva que mostra força e riqueza, a variedade e a reserva que o regionalismo representa para nossa falação do português do Brasil.

Em Carmo Bernardes sente-se a fala do povo mas tornada literária, por um mestre da memorialística do conto e do romance. Ele usa a mesma para exprimir sua terra, principalmente no sentido dramatico que lhe dá o contato do homem com suas asperezas, com os outros homens, com a gente – considerada agora em bloco, com o tempo inexorável, com o mato, os bichos, as águas de rio, as de charco, as de poço – habitadas pelo Bicho Rodeiro que me parece um sincretismo do Buracão de São Paulo, do Minhocão – ainda daquele estado e de Minas e do Caboclo d’Água que vive no fundo do São Francisco.

Que argúcias de caçador e pescador não precisa o Homem para viver assim cercado de meio hostil, de semelhantes inimigos, bicharada de verdade e fauna de mal assombrado. Essa matéria-prima de sua literatura é sentida na pele, vista, cheirada e captada pelos ouvidos finíssimos de Carmo Bernardes. Com seus claros escuros, suas tintas vivas ou esmaecidas ele faz os flashes do livro atual [Idas e Vinda, Codecri, 1977].

Mais flashes mesmo, simples fotografias, que uma seqüência cinematográfica. Quero dizer com isto que ele se despreocupa e nem toma conhecimento da necessidade de um enredo, de uma anedota para seus contos. Esses constam, principalmente, da apresentação de uma cena altamente dramática sobre a qual o pano se levanta súbito e desce outra vez de repente. É geralmente um quadro cotidiano e terrível que se vê então. A nitidez e a flagrante realidade estatelam o leitor que não precisa de antes nem depois para construir ele mesmo sua própria interpretação do que viu. Nesse ponto de vista, Carmo Bernardes é um sugestionador e um criador imbatível. Quando se começa sua leitura e sente-se que ele já está no vim tem-se vontade de perguntar – como? Quando se a termina – por quê? Mas isto está implícito quando se descobre que ele geralmente se dá ao trabalho de fazer um conto só com seu desfecho ou chegando a um impasse. O resto fica para a intuição poética do leitor. Ele que se leve até ao autor e trate de investigar suas intenções. O escritor goiano por influência ou por simples adivinhação, tem coisas de Tourgueniev, Maupassant e Poe – enredo à parte. Digo no drama, na situação de espanto ou na de humor negro.
Cada estória isolada do livro atual [Idas e Vindas: contos, 1977] representa o que eu disse acima. Lidos em conjunto, na ordem em que estãou ou noutra que apraza lhes dar – esses contos se untam, fazem elos de corrente e adquirem então o nexo de um grande romance. O de sua terra, o do coração deste Brasil – que o goiano Carmo Bernardes auscultou como ninguém.

PEDRO NAVA*
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(*) Fonte: BERNARDES, Carmo. Idas e Vindas: Contos e Causos. Rio De Janeiro: Codecri, 1977. Apresntação de Pedro Nava, ilustr. Poty. Texto cit. p.7/9. Para saber mais sobre Bento Fleury e o estudo sobre Carmo, consultar o link deste blog.

 

Saudades de Carmo Bernardes, 20 anos depois

A AUSÊNCIA do escritor Carmo Bernardes, cujo falecimento hoje completa 20 anos, foi sentida e anotada por um de nossos confrades no grupo virtual que mantemos no feicebuque (FB).

Hélverton Baiano diz em sua memória do imortal goyano-mineiro que Carmo é uma espécie de “Guimarães Rosa desvalorizado, meio esquecido“.

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Do FB de Hélverton Baiano & Grupo Literatura Goyaz

Membro da talentosa Geração de 1915, Carmo nasceu em Patos de Minas, no dia 02 de dezembro/’15, tendo sua família se mudado para Formosa em 1920; depois, para Anápolis. Portanto viveu entre os goyanos desde os 5 anos de idade (e não dos 15!); tendo publicado dezenas de livros e convivido, entre seus contemporâneos de talento em Goyaz, com os escritores Bernardo Élis, Eli Brasiliense e José J. Veiga. Carmo Bernardes, autodidata, fez da escrita sua vida; defendeu seu pão cotidiano com a máquina de escrever e não abandonou o planejamento e o bem pensar, antes de sair tamborilando no teclado das Olivettis de então.

Ao comemorar o centenário da valorosa Geração de ’15, no ano passado, entrevistei o poeta- acadêmico Luiz de Aquino, que destacou sobre o quarteto:

Nos quatro notáveis que este ano [1915] se tornam centenários, destaco a elevada qualidade de sua linguagem [José J. Veiga]. O Veiga e o Bernardo são dotados de um lirismo emocionante! Eli nos brinda com a narrativa clara e elevada, sem perda do entendimento pelo leitor comum. E Carmo enriquece-nos com a musicalidade rítmica de um excelente contador de causos, dotando sua prosa de um vocabulário telúrico o bastante para significar um dos mais ricos glossários do linguajar dos sertões de Minas e Goiás. Não compreendo como se estuda num curso de graduação em Letras neste Brasil Central sem fazer uso exaustivo desses autores! E o triste é constatarmos que esses cursos, tanto os de bacharelado quanto os de licenciatura, despejam no mercado profissionais de pesquisa e ensino sem a base mínima para fazerem jus a seus títulos.”

LEMBRO-ME bem do Seo Carmo, na Livraria Cultura Goiana, ali perto do Café Central mantinha o sr. Paulo Araújo, onde o jovem que eu fui encontrava o respeitável cronista, distante, mas sempre afetuoso e firme (sempre meio amuado, mas afável) e que me dava conselhos sobre o que ler. Sobre os livros dele mesmo, que tenho alguns autografados, só me lembro de ganhar autógrafo lá na saudosa livraria e na feira do livro que a turma da Cultura Goiana realizava no coreto da praça Cívica, aos domingos.


Ao pedido de indicação de livros, o experiente autor não hesitava em orientar seu jovem fã, na época com 30 anos: eis um livro que merece ser lido, disse-me ele um dia na Cultura Goiana; e apanhou na estante do Paulo Araújo “Os Frutos Selvagens da Sibéria”. Comprei o livro na hora e um ano depois, em 1987, tive a honra de receber o autógrafo de Evgueni Ievtuchenko, que fazia um tour pelo Brasil, em plena Recife, onde eu me encontrava residindo por conta do meu trabalho como assessor na Caixa Econômica.

Capas Livros CarmoBernardes

Gostava também de ler o Carmo cronista. Não me lembro se n’O Pop ou na Folha de Goyaz. Lembro-me bem de seu mau humor contra a poda indiscriminada de árvores pela nossa distribuidora de energia elétrica. Eu, amante da Natureza e das árvores me deliciava com o tom que o Bernardes dava à sua “bronca” na Celg. Ele era um defensor da Natureza, um verde avant-la-lettre, desde que com o pai iniciou-se nas “atividades madeireiras”; autodidata, Carmo fez curso de Estatística e Recenseamento, tendo tabalhado no Censo de 1940. Jornalista, foi a profissão que exerceu por mais tempo; mas o “mateiro” era o que morava no sangue do mineiro-goyano Carmo. Dirigiu redações de jornais em Anápolis e Goiânia e dedicou-se às atividades ecológicas antes que isso fosse o modismo político dos dias atuais. Foi conselheiro da Fundação Inca, representante ao I Encontro Nacional sobre a Proteção e Melhoria do Meio Ambiente e à 1a. Conferência Nacional de Meio Ambiente.
A vida o coroou com o título de “Doutor do Cerrado”.
Contracapa_Jurubatuba_CarmoBernardes

Ainda no ano do Centenário, fomos brindados com um artigo de fundo, assinado pelo escritor Bento Fleury no Diário da Manhã  (veja link abaixo) e com uma palestra na Academia Goiana de Letras, proferida pelo acadêmico, poeta Aidenor Aires, da qual infelizmente não tenho em mãos a transcrição de imediato, quem sabe volte com outro post sobre o tema…

Ligado ao Partido Comunista, não sei em que medida (se filiado ou simpatizante), o Carmo conquistou a simpatia de leitores dentro e fora da estreita estética do realismo marxista. Numa época em que qualquer simpatia com os desfavorecidos do campo e das cidades poderia colocá-lo em listas de perseguições, o escritor foi ouvido em inquérito policial-militar. Em artigo da então doutoranda Márcia Pereira dos Santos, OPSIS, Revista do NIESC, vol.5, 2005, link consultado em 25.04/2016 Carmo não era do “partidão”, mas tinha a simpatia de membros eméritos do ‘partido’, como Jorge Amado, que o elogia na contracapa da 3a.edição de “Jurubatuba”.

Transcrevo do artigo da Doutora Márcia Pereira dos Santos (2005).

“Para a ditadura militar, subversivo era todo aquele que tinha idéias contrárias àquelas defendidas pelo regime. Bernardes estava, pois, condenado a refugiar-se para não ser preso como foram outros intelectuais goianos na mesma época. O ano que fica na Ilha do Bananal, marcado pelo medo diário de ser preso, as dificuldades econômicas, a distância da família, que ficara em Goiânia, e a doença contraída reforçavam a necessidade que o escritor sentia em não se deixar calar totalmente. Talvez aqui esteja a justificativa para Bernardes, anos mais tarde, escrever o livro Xambióa: paz e guerra, (acessado apenas segundo entrevistas com sua filha Ana Maria e com D. Maria Nicolina) e mantê- lo não publicado. O mesmo ocorrendo com outro livro de relatos, Visto do Tempo, sem data para lançamento e sobre o qual o autor orientou sua família a só publicar depois de sua morte.”
[nota 2 da Autora: “2 No momento em que este artigo foi escrito o livro “Xambióa: paz e guerra”, permanecia inédito sendo publicado em abril de 2005 pela Agencia Goiana Pedro Ludovico Teixeira, durante a I Bienal do Livro em Goiânia, quando esse artigo já havia sido encaminhado para publicação]

“Autodidata, Carmo Bernardes não teve formação acadêmica. O interesse pelos livros e pelas palavras nasceu ainda na infância sob influência da mãe. Cursou apenas as séries iniciais do ensino regular, mas embrenhou-se no contato com livros, palavras e escritos, tornandose um aficionado leitor dos mais diversos escritores e gêneros literários. À medida que se envolvia com as letras, Bernardes ia compondo um universo de referência que mais tarde marcaria seu estilo de jornalista e escritor. Somente aos 30 anos, depois de ter passado por inúmeras outras profissões, Bernardes entra no jornalismo, na cidade de Anápolis. Até esse período era um entusiasta do partido comunista, porém, segundo sua filha Ana Maria do Carmo, em entrevista concedida em 10/05/04, tal entusiasmo não se prolonga, pois o autor se distancia do partido. Redator, cronista e repórter, Carmo Bernardes desenvolveu o trabalho jornalístico trazendo consigo a vida forjada no contato com a cultura rural, com a experiência de carpinteiro do pai e a sabedoria popular da mãe. No jornal A Imprensa, de Anápolis, iniciou uma atuação mais sistemática no jornalismo, nas décadas de 1940 e 1950. Ainda em Anápolis ingressou na publicação do semanário A Luta, jornal independente, muitas vezes impresso pelo próprio Bernardes com a ajuda de D. Maria Nicolina do Carmo, sua esposa. Jornal combativo e 112 OPSIS – Revista do NIESC, Vol. 5, 2005 atento aos problemas sociais, A Luta expressava as aspirações do autor de uma maior difusão da cultura goiana, bem como dos problemas que afligiam os goianos. Em 1959, Bernardes transfere-se para Goiânia, mas somente em 1965 volta a ocupar-se do jornalismo, tornando-se redator do Jornal Cinco de Março e fazendo algumas contribuições em rádios da capital. Neste ano de 1965 é convocado a depor no IPM. Em 1966, publica seu primeiro livro de contos: Vida Mundo. Bernardes levava uma vida simples em Goiânia. Da casinha verde na Macambira, atual setor Pedro Ludovico, ia difundindo suas concepções de mundo que se propagavam nos jornais e em revistas da capital goiana. Trabalhava em órgãos públicos e freqüentava o Café Central, ponto de encontro que marcou a vida de uma geração de intelectuais goianos. Segundo o Dr. Orlando Ferreira de Castro, em entrevista concedida em 11/05/04, o Café Central serviu de palco de inúmeros debates e discussões entre vários grupos que ali se encontravam. Bernardes estava em meio a intelectuais e, com sua presença silenciosa e observadora, era levado a intervenções que, muitas vezes, deixavam outros intelectuais surpresos com sua capacidade de entendimento e compreensão dos mais variados assuntos. Os encontros noturnos no Café Central prolongavam-se por horas, permitindo um conhecimento mútuo entre os que ali se reuniam. As principais publicações de Bernardes, nesse momento, eram artigos e crônicas, que foram, posteriormente reunidas em dois livros, Rememória (1969) e Rememória II (1969). As crônicas apontam para a personalidade do seu autor e, ainda, podem ser indícios dos motivos da denúncia de Bernardes à ditadura militar e, consequentemente, à sua fuga para a Ilha do Bananal. Tematizando a vida cotidiana na nova capital, as mazelas da população pobre, as discrepâncias entre o povo e a elite, as diferenças entre a chamada grande literatura e a sua forma de escrever, as crônicas de Bernardes podem ser lidas como “panfletos” de uma concepção política de mundo. Ao denunciar, diariamente, as injustiças e as incoerências da vida social, Bernardes, muitas vezes lido apenas como um escritor de curiosidades, faz de seu espaço no jornal um meio de ir revelando o que vê e o que sente. Disfarçado em um displicente “caipira escritor” deixa claro, em pitorescas crônicas, que reproduzem a cultura rural ou em histórias de anônimos caipiras na cidade, os dramas vividos pelos homens do campo em Goiás nesse período, especialmente a precariedade da vida rural e a expulsão dos lavradores de suas terras; a incapacidade do mundo urbano em assimilar esses recém chegados, considerados inaptos à vida na cidade; a falta de uma estrutura que atenda às necessidades de alimentação, saúde, educação, emprego e moradia da população que está se formando na nova capital. Vê-se em Bernardes, um número crescente de crônicas com críticas à sociedade na qual está inserido. Não é, pois, de se espantar as suspeitas levantadas sobre o autor como subversivo. Observador do povo, Bernardes não se acanhava em dizer que escrevia para esse mesmo povo em um momento em que “povo” poderia traduzir ou expressar o imaginário circulante de possíveis revoltas e revoluções, que a ditadura militar viera combater, como dizia os discursos dos militares. Além disso, a presença de Bernardes no governo do Estado, logo deposto pelos militares, e no Jornal Quarto Poder da Universidade Federal de Goiás, corrobora na denúncia do autor como sendo oposição ao regime. De certa forma, Bernardes recebe com surpresa a “dedoduragem”, como diz em crônicas do livro Rememórias. Considerase um “coitado” que escreve suas “caraminholas” e que nunca foi marxista ou comunista, como fora acusado – não pôde ser encontrada até o momento, no contexto da presente pesquisa, alguma crônica do autor que mencione sua passagem pelo PC – , não se considerando, portanto, um indivíduo perigoso a quem quer que seja

Comunista ou não, Carmo me conquistou por suas narrativas e suas crônicas. Lia dele tudo que me caía às mãos e no mais das vezes era forçoso concordar com Pedro Nava:

“Sua prosa é feito moenda que não volta nem deixa tirar. A cana passa inteirinha e a gente tem de ter cuidado que não entre a mão – para não soltar nosso sangue com o caldo. Seu herói [em Jurubatuba] – assim derrubador de mulheres, alegre com elas, protetor dos fracos e meninos, esperto com os homens porém trouxa com a humanidade, é um Dom Quixote caipira. Digo Dom Quixote sobretudo pela solidão (insisto nisso) dos seus personagens.” 

Algumas citações retiradas ao artigo de Bento Fleury** comprovando a maestria de Carmo, o “Doutor dos Sertões; o Doutor do Cerrado”, com certeza entre nossos escritores o que melhor entendeu o bioma em que vivemos – a maior savana do planeta – o cerrado:

“Agora está numa infância enorme é o pau d’arco roxo. Quem sou eu para intrometer! Só uma coisa posso dizer e provar: desde que me entendo por gente sei que o cerne do ipê roxo cura mal de garganta, pereba, sarna e para matar piolho de animal e gente é sem parelha.”

“Já o pequi, a bem dizer, não é fruta para gulodice. A sua ação é mais mesmo de sustento de aguentar relance na falta de recurso maior sustância no passadio. O pequi é um santo remédio. Despeitora as pudriqueiras que ficam no peito após a gripe, renova a coragem, tem manteiga e sem sustança.”

“Vai narrando ainda sobre outras plantas, em que Bernardes (1974, p. 17) em seu livro Força da nova evoca a mata-cura, uma erva medicinal, de cujas folhas moídas fazem-se cigarros para curar bronquite (Só se deve fumar somente um por dia.):
“Por envolta de terreiro pegou a espraguejar, encher de pé de joá-brabo, melão-de-são-caetano a lastrar misturado com cabaça amargosa, crescer fedegoso, carrapichal, mata-e-cura”, também os nhanbus na saroba cerradeira: “Uns nhambus, por exemplo, aí na saroba, azucrinam a alma das criaturas de Deus, numa orquestra com tudo quanto é versidade de pássaros, que, se facilitar, endoidece.” Bernardes (1971, p. 11).”

Sobre o Oiti:
“…o oiti, que é árvore frondosa, muito encontrada nas matas do norte de Goiás: “O gringo encostou à sombra de um oitizeiro, abanando a cara com o chapéu, ensopadinho de suor.” (Bernardes, 1977, p. 22), assim como as sangra d’águas, que são árvores dos brejos e das beiras dos córregos, mescladas de folhas vermelhas: “Assim como não sei viajar sem ela aí dum lado para merendar meio-dia à sombra das sangra-d’águas no barranco dos ribeirões da linfa pura e fresca.” (Bernardes, 1976, p. 12).

Sobre a “Mamacadela”, Bento pinça esse trecho:
“…a mamacadela, que é uma frutinha amarela, silvestre, também conhecida por fruta-cera, cuja raiz é diurética e com a qual se faz um preparado terapêutico contra vitiligo: “Apois si é o inharé, que uns conhecem por mama-de-cadela ou fruta de cera. A mama-cadela também é conhecida como fruta-de-cera e inharé e tem de duas espécies: uma que dá pau alto e outra mais ou menos rasteira que dá de vergônteas. Bacupari, gravatá, marmelada-de-cachorro… enfim, quando ando no mato vou levando de eito toda fruta que encontro.”


Fontes:

  1. LITERATURA E PERSEGUIÇÃO POLÍTICA EM GOIÁS: O CASO DE CARMO BERNARDES, Doutora Márcia Pereira dos Santos – OPSIS – Revista do NIESC, Vol. 5, 2005.
  2. Artigo de jornal Diário da Manhã (Goiânia) – matéria de Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, graduado em Letras e Linguística pela UFG, pós-graduado em Literatura Comparada pela UFG, mestre em Literatura pela UFG, mestre em Geografia pela UFG, doutorando em Geografia pela UFG, escritor, professor e poeta. 
  3. Link para a nota do Opção Cultural (Yago R Alvim).

 

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