Meus posts mais lidos em 2016

Leitores amigos de Leveza & Esperança:

Olá! As veredas da leitura e da reflexão. É o que posso dizer sobre meu persistente trabalho aqui no blog. Um exercício pessoal que vai ganhando adeptos, sem nunca ceder à mesmice e ao mainstream editorial – estou mais interessado naqueles “talvez uns dois em mil” leitores de que nos fala o poema de  Wislawa SZYMBORSKA
(1923-2012).

Alguns gostam de poesia

Alguns –

ou seja nem todos.

Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Sim, dois em mil. Não milhões, tampouco half a million –  como parece imperar nos sites e portais atuais aqui você e eu (dois em mil) podemos nos deleitar com temas que não passam na web massiva; notadamente temas como Literatura e Fé, catolicismo, poesia e crítica literária. Essas reflexões sobre leituras ganharam este ano uma nova série de posts, intitulada “Queres ler o quê?” 

Eis-nos diante de mais um ano que chega, com aquela tendência natural ao ser humano racional e minimamente organizado: fazer um balanço do ano que se vai…

Nas estatísticas de 2016, eis os 5 posts mais lidos:

  1. Queres ler o quê (IV).

    BALZAC

    Se disser sim a Honoré de Balzac, terá o leitor uma miríade de informações a seu dispor – entre romances, originais e em tradução ao português, bem como uma das mais ricas fortunas críticas. Siga lendo…

  2. A Prece, Emily Dickinson.

    PRAYER is ……
    Pintura_Sassoferrato-The-Virgin-in-Prayer MilleChristi

    Prayer is the little implement…continue lendo!

  3. José J. Veiga – a ilha dos gatos pingados.

    Um conto excepcional, lido por mim… confira neste link.

  4. Especial Georges Bernanos

    DAQUI, você pode ir direto aos posts dedicados a Georges Bernanos, o mais brasileiro dos autores franceses. Confira no link.

    Capas Novos Livros Bernanos
  5. Livros – a lista 2015.

    Confira no link.

  6. Observação final.

    Espero que você, leitor especial do blog – dois deles especialíssimos (Eliana Pessoa e Nelson L. Castro) que sempre vêem, lêem e nem sempre comentam – tenha um bom 2017.

    Que a leitura seja sua, minha, nossa companheira, nosso alimento e nossa reserva de isolamento do mundo que se encontra em atoleiros cultural e moral inaceitáveis.
    Dois dos novíssimos escritores apreciados numa nova série de posts também tiveram enorme repercussão aqui e no Facebook. Autores do século XXI – uma fortuna crítica para os que (ainda) não são escritores famosos!
    6.1 – Karleno Bocarro – que apreciei neste post (ver link).
    karleno-bocarro_perfil
    6.2 – Rodrigo Duarte Garcia – neste aqui.
    O artigo completo está nos arquivos de Opção Cultural.
    os-invernos-da-ilha
    Em 2017, espero continuar trazendo até, você leitor, minhas avaliações de leituras, reflexões poéticas e culturais sobre o que vai publicando, aquilo que considero o melhor, sem influências outras que as dos irmãos de Fé e da tradição Católica. Espero continuar respondendo à pergunta:  “Queres ler o quê?
    Au revoir. Merci!
    Ω.Ω.Ω.Ω.Ω

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Quero ler… o quê? (III)

O gigante Thomas Wolfe.thomas-wolfe_societysite

Literalmente gigante. O homem, sabe-se, tinha quase dois metros de altura. Não pode ser confundido com o jornalista “Tom Wolf”, de grafia similar, porque Thomas W. é escritor que tem várias polegadas acima na qualidade do texto e tem uma imaginação criadora única, que se nos mostra nos livros deixados. Mesmo tendo morrido jovem com 38 anos, Wolfe legou-nos obras importantes, merecendo ser lido por quem ama a prosa de ficção e as boas narrativas curtas (contos).

Wolfe, agora retratado em filme, como nos conta o editor do Jornal Opção Euler Fagundes de França Belém, ele próprio editor e dono de texto digno de ser eternizado em livros – pois bem, como nos conta Euler, o filme “Mestre de gênios” trata da relação de Wolfe com seu editor Max Perkins:

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Wolfe e Perkins em foto do artigo de Euler De França Belém, Opção, ed.06/11/16

“O “Mestre dos Gê­nios”, de Michael Grandage, é um desses excelentes filmes que passam quase despercebidos — tanto que, em Goiânia, foi exibido apenas no Cine Lumière, no shopping Bou­gainville. A atuação dos atores Jude Law, como o escritor Thomas Wolfe, e Colin Firth, como o editor Max Perkins, é impecável. Não deixa de ser curioso que ingleses tenham representado homens lendários da cultura dos Estados Unidos. Nicole Kidman aparece de maneira discreta como Aline Bernstein, a amante de Thomas Wolfe. Aqui e ali, há licenças poéticas, com condensações necessárias tanto para chamar a atenção do espectador quanto para tornar a história adequada ao cinema.
“Mesmo sendo uma síntese da história complicada mas produtiva entre Thomas Wolfe (1900-1938) e Max Perkins (1884-1947), o filme, inclusive o título, é, no geral, preciso. Se o leitor quer, porém, uma história mais bem contada, com nuances, deve consultar a biografia “Max Perkins — Um Editor de Gênios” (Intrínseca, 541 páginas, tradução de Regina Lyra), de A. Scott Berg, autor premiado com o Pulitzer.” – (Euler Belém, Opção, ed. 06/11/2016 – coluna Imprensa)

Mas, antes de apontar a você, leitor, o link para o belo artigo do Euler Belém, permita-me contar duas ou três cositas sobre o autor em apreço. O responsável pelo meu apreço à obra de Wolfe é o professor e crítico Rodrigo Gurgel. Em uma das aulas virtuais que assisti em março passado, o professor ensinava-nos sobre a figura do “Autor” na literatura. A par de anotar os pré-requisitos do grande autor, Gurgel sugeriu a leitura de “O trem e a cidade”.

Traçado quase como uma fígura mítica, entanto, humaníssima – o Autor imaginado por Gurgel tem que “lançar-se!” com tenacidade, resistência, dedicação, conhecimento e inteligência. Este misto de guerreiro e santo é uma amostra de alguém que exerce um ofício quase sagrado e de quem se exige “o empenho de toda a personalidade”.

É isso que lemos nos livros de Wolfe e de outros autores conscientes dessa espécie de atributos e ouvem sua vocação: Balzac, Vargas Llosa, Flannery O’Connor, Milan Kundera, Georges Bernanos, C.S. Lewis, Flannery O’Connor e o próprio Wolfe…entre muitos outros (não inclui brasileiros, o que farei em outro post da série “Quero ler…O quê?”.

Talvez por ser essa espécie híbrida de guerreiro e místico é que Balzac

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Balzac no seu traje de monge – literatura como   “o empenho de toda a sua personalidade” (R.G.)

gostasse de se deixar mostrar ao daguerreótipo (a máquina fotográfica primitiva ou aos pintores) com seu traje de monge.

O exemplo de Wolfe é o do encontro da própria “sintaxe” – a ordem das idéias e dos conceitos – transformada em arte sua visão particular do mundo, do que o “O trem e a cidade” foi-nos dado como exemplo de bem realizado…

Curiosa coincidência me levou a só conseguir ler o livrinho do Wolfe dentro de um trem. Era dos poucos livros que levava na bagagem e o li com grande interesse em uma viagem num trem rápido, de Helsinque a São Petersburgo.  Desde a citação do autor pelo professor Gurgel, achei uma série de outros livros do autor na Amazon. Confiram no link.

Portanto, esse enorme post só quer dar resposta à pergunta do título – e série de artigos sobre leitura compartilhada: Quero ler…O quê?
– Respondo que merecem ser lidos o artigo de Euler  e a ficção de Thomas Wolfe, que com este post, espero, você leitor tenha grande motivação para conhecer.

Eis um daqueles autores a quem se aplica com propriedade a frase de Flannery O’Connor: para este escritor a forma de ficção será sempre uma forma de superar seus próprios limites, indo além e adiantes em busca das fronteiras do mistério“. Viajo com Wolfe e me delicio com sua prosa de alto nível.

“As pessoas estavam falando a língua universal da partida, que não varia no mundo inteiro – a língua muitas vezes banal, trivial e até inútil, mas por isso mesmo curiosamente tocante, já que serve para esconder uma emoção mais profunda no coração dos homens, para preencher o vazio que há em seus corações ante o pensamento da partida, para servir de escuro, uma máscara que esconda seus sentimentos verdadeiros.
“E por isso havia para o jovem, o estranho e o forasteiro que via e ouvias essas coisas, um caráter emocionante e comovente na cerimônia da partida do trem. Enquanto ele via e ouvia essas atitudes e palavras que, transposta a barreira de uma língua estranha, eram idênticas àquelas que ele vira e conhecera toda a sua vida, entres os seus – ele de repente sentiu, como nunca tinha sentido antes, a terrível solidão da familiaridade, a percepção da identidade humana que tão estranhamente une todas as pessoas do mundo, e que está arraigada na estrutura da vida dos homens, muito além da língua que eles falam, da raça da qual são membros.” (Wolfe, em “O trem e a cidade”, trad. Marilene Felinto).
O Thomas Wolfe é um craque da narrativa curta. Estou lendo agora “Of time and the river” em inglês, porque não o sabia traduzido no Vernáculo.
++++

Post-post: Veja fotos do trecho de “O trem e a cidade” neste link. Para visitar o site Oficial de Thomas Wolfe Society, clique aqui.