EM meio aos cuidados que a pandemia do Coronavírus recomenda, leio e escrevo. Esta reflexão veio daí…
Leiam e cometem — e #fiqueemcasa se possível.


EM meio aos cuidados que a pandemia do Coronavírus recomenda, leio e escrevo. Esta reflexão veio daí…
Leiam e cometem — e #fiqueemcasa se possível.
SIGO ESTE BLOG do Padre Patrice RENIER, como exercício espiritual e linguístico, pois tenho a honra de ser francófono, desde meus 17 anos…
PADRE RENIER é de formação monástica, e hoje é padre diocesano no sul da França.
Transcrevo (em minha tradução) a mensagem do Autor a nós, seus leitores:
“Foi a pedido de amigos – crentes e incrédulos -, que eu comecei a editar, durante vários meses, a carta “A Cœur Ouvert” (De coração Aberto), com o objetivo de ajudar, contribuir com o melhor conhecimento do Cristianismo para uns e à formação aprofundada da Fé, para outros.Isso, particularmente, a partir da Bíblia …
O número de leitores crescia de forma constante, quando decidi pensar na criação deste Blog, que está aberto a todos e todas as perguntas são bem-vindas…
En toute amitié.
Padre Patrice”
Leia e aproveite esta homília do 5o. Domingo da Quaresma com o Padre RENIER:
JORGE DE LIMA, – como sabem meus seis leitores,
é membro do triunvirato de poetas católicos
do Brasil, ao lado de Murilo Mendes
e Augusto F. Schmidt.
Abaixo, transcrevo mais um poema deste católico exemplar e meu poeta predileto quando o tema é o Sagrado!
O MUNDO precisava de amor:
na véspera de Vossa Morte nos deixastes um legado:
a Hóstia para matar fome e sede.
E vossa Missão terminada subistes para a direita do Pai
e Lhe mostrastes as cicatrizes que Vos deixamos no corpo.
Pai Amado, eu que sou a realização de Vosso Pensamento,
dai-me complacências.
Senhor, minha Fé é diminuta: aumentai-a.
Dai-me olhos de contemplação,
dai-me respostas,
dai-me um cavalo de Vosso Reino
que tomando as rédeas de minha mãome leve para Damasco.
Pai Amado, sou cego, aleijado, e paralítico:
meus membros não darão na Cruz.
Estou calejado de perenes quedas:
Curai-me todo.
Transformai-me como transformastes o vinho.
Não me abandoneis em interrogação permanente.
Dei-vos uma costela para fazerdes Eva
e as 23 restantes a Satã para corrompê-la.
Sou colono e amicíssimo de Lúcifer.
Sou da primeira serpente, sou um prisioneiro da primeira guerra.
Dai-me um cavalo de Vosso Reino para ir a Damasco!
Sou fornecedor de armas para os filisteus.
Sou o que torpedeia a Arca e a Barca.
Sou o reconstrutor de Babel.
Sou bombeiro do incêndio de Sodoma.
Fui demitido da Vida.
e Vós me enviastes outra vez.
Demiti-me de novo que errei mais!
Sou o assassino de Lázaro,
sou plantador de joio:
Dai-me um cavalo para eu fugir!
Quis afogar São Crisóvão,
transformei as algas em micróbios
e as asas em aviões de guerra!
Deu Amado, Vós que tendes sido meu pára-quedas,
meu ascensor, minha escada, minha ponte,
segurai-me para que eu não me precipite dos arranha-céus!
Dai-me um cavalo para eu fugir!
Dai-me um cavalo de Vosso Reino
e que eu sem querer vá para Damasco.
Amado Pai, no caminho de Damasco
basta uma sílaba para eu enxergar de novo,
ou um coice de Vosso cavalo para eu despertar na Luz!
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(*) © Família J.L. Fonte: LIMA, JORGE de. “OBRA COMPLETA, vol.I – “A Túnica Inconsútil”, Aguilar, Rio de Janeiro, 1958, p.441/2.
Post-Post: Uma boa notícia é que foi relançada a obra “Invenção de Orfeu”, por muitos críticos considerada como “o primeiro [grande] poema da brasilidade” (J.G. Simões, 1952).
E Murilo Mendes, cit. por J.G. Simões, no prefácio à 1a. edição da Invenção de Orfeu, diz:
”O trabalho de exegese do livro terá que ser lentamente feito, através dos anos, por equipes de críticos que o abordem com amor, ciência e intuição, e não apenas com um frio aparelhamento erudito”. (p.609 da OC).
Para ler mais poesias de Jorge de Lima, clique aqui.