O “embaixador da Chanson Française“, o “missionário da chanson réaliste de charme“, “o peso-pena da chanson” ou “le poète universel des amants”…
– não importa que apelido lhe dêem, o fato é que esperamos em Goiânia, na próxima 3a.feira, o maior cantor francês da atualidade, para o show “Farewell Tour“, o franco-armênio Charles Aznavour; nascido Varenagh Aznavourian, cantor-compositor-intérprete francês, nascido em Paris em 22 de maio de 1924 e dono de uma carreira de fazer inveja aos que o esnobaram no início.
Aznavour antes de gravar o nome na história da música francesa teve que compreender sua origem armênia, conviver com uma família de artistas e com sua origem de imigrante em Paris, com suas dificuldades e alegrias, com a alternativa linguística (armênio x francês) e com seu próprio destino:
“J´ai ouvert les yeux sur un meublé triste
Rue Monsieur-le-Prince au Quartier Latin
Dans un milieu de chanteurs et d´artistes
Qu´avaient un passé pas de lendemain
Des gens merveilleux un peu fantaisistes
Qui parlaient le russe et puis l´arménien”
(*)Os versos de Autobiographie (1980) falam do nascimento no bairro intelectual do “Quartier Latin” no meio de uma família de cantores e artistas, que o letrista dizia ter passado mas sem vislubrar futuro, “gente maravilhosa e um pouco cheio de imaginação e fantasia”, os pais armênios que no restaurante do avô (e depois do pai) recebiam toda a comunidade imigrante falando russo e o idioma de sua origem.
Aznavour teve que enfrentar uma aceitação tardia de sua pretensão de se tornar artista – ele que começou a representar no teatro e a cantar muito cedo – mas que era considerado um tipo sem talentos para fazer o que faz há uma vida inteira… Hoje, aos 84 anos, ver Aznavour no palco é oportunidade rara para um francófono, que vive dans le Brésil profond, neste Goiás que já foi um lugar longe demais dos centros culturais do país. E se hoje Aznavour tem direito aos títulos com que abri este artigo ele os conquistou com sua disciplina de compositor e intérprete que está acima da média inclusive nos valores pessoais. Uma frase dita a Yves Salgues mostra o desejo que o jovem compositor tinha de sair da troupe de Piaf para a condição de intérprete de suas próprias canções:
– “Confier son oeuvre à un autree, aussi compétent soit-il, c´est abandoner à l´Assistance Publique un enfant dont on est le père”
(**)”Confiar sua obra a outro intérprete, por mais competente que ele seja é como abandonar no orfanato um filho do qual você é o pai”.
E foi por não querer apenas confiar seus filhos e filhas queridas (suas canções) à voz de competentes intérpretes (Edith Piaf, Juliette Gréco, Gilbert Bécaud, Patachou, Maurice Chevalier, Sylvie Vartan ou Johnny Hallyday, entre outros), que Aznavour se lançou como intérprete.
Coube ao Marrocos dar-lhe a primeira acolhida de sucesso, indiferente ao físico de “peso-pena”, e assim em 1953 o compositor ganha segurança no palco estrangeiro – era o aprendiz de “embaixador da Chanson Française” se exercitando para aparecer no topo do cartaz do templo da Chanson Française – no mítico L´Olympia de Paris, em 1955.
De 1956 a 1972, Aznavour escreve com muita disciplina e poesia o repertório de uma vida musical: “Sa Jeunesse”, “La Mamma”, “Je m´voyais déjà”, “The Old Fashion Way” (Les Plaisirs démodés, no original), “Hier Encore”, “Les Comédiens”, “Que C´est Triste Venise”, “For me, formidable”, “Emmenez-mois” e “Paris au mois d´août” são clássicos do período e que esperamos ouvir no palco do Goiânia Arena…
Cantando o amor e as desilusões, Aznavour se fez intérprete romântico do que os críticos e historiadores da música chamam (seja lá o que isso signifique!) de “chanson realiste de charme”… E dele disse Jean Cocteau a frase lapidar:
– “Comment s´y prend-il ce Aznavour pur rendre l´amour malheureux sympatique aux hommes? Avant lui, le désespoir était impopulaire. Après lui, il ne l´est plus…”
– “Il a osé chanter l´amour comme on le ressent, comme on le fait, comme on le souffre…“E sua paixão pela língua francesa se resume bem nessa frase:
– “Ao contrário de todo filho de imigrante que sabe que é francês pela naturalização, eu sabia que era francês pela língua… Ao descobrir essa língua, encontrei um país. O francês me revelou a França. Ainda hoje, seguramente, amo mais a língua francesa do que qualquer lugar na França. E partindo desse amor, e movido pelo instinto criativo que é violento, encontrei minha resposta na música…“
É esse emotivo pequeno-grande intérprete que esperamos em Goiânia, como francófonos que somos – minha mulher e eu e tantos amigos – para ter a alegria de ouvir tais canções na voz de seu criador, canções amadas que fazem parte de nosso dia-a-dia há muitos anos (e esperamos que conosco fiquem outros tantos).
Seja bem-vindo, Monsieur Aznavour! Goiânia te recebe com alegria.
Belo post! Pois é… incrível como aos 84 anos a voz ainda continua bela. Monsieur Aznavour tem uma vitalidade incrível. A produção foi pífia e o local inadequado. Mas, valeu pela companhia dos vários amigos, pelos drinks, pela simpatia e talento de Charles: “le poète universel des amants”
Abraço
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É, meu caro Chico, de fato nem mesmo as limitações do Goiânia Arena e da produção (pífia mesmo) conseguiram tirar a beleza do espetáculo. Vou repercutir quando voltar dessa viagem de negócios.
Abraço ao amigo aniversariante.
Boa reunião na confraria, hoje.
Beto.
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Dad’s muito bacana seu post…realmente frances é uma lingua linda…nao sei se mais bonita que lugares da França, porém muito bonita!
beijinhos 🙂
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Oi, Ceci.
Merci, ma chérie. O Francês é uma língua linda mesmo, eu a adoro e sei que há na frase de Monsieur Aznavour toda uma referência poética à relação idioma/país, tipo ‘minha pátria é minha língua’ etc. etc… Enfim, eu que sou apenas francófono, te digo que a França me veio como bônus por amar a língua francesa, com ela, vieram Balzac, Brassens, Piaf, Aznavour, René Char, Girard, etceterá, etceterá…
Bisous,
Beto.
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Ah, sem falar nos queijos e vinhos e as paisagens da Provence…
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A música francesa é linda demais,tem uma sensualidade muito forte,e a lingua e bela,uma sedução magnifica,adoro essa língua,como também estou apaixonada por um belga que é lindo principalmente falando francês,adoro as música francesa,muita sensualidade,tem sentimento é muito linda beijos
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